Ori Megidish – primeira resgatada numa ação das forças israelenses e a quinta a regressar à família dentre mais de 200 pessoas sequestradas pelo Hamas – está em boas condições de saúde, anunciou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Ministro da Defesa, Yoav Gallant disse que o resgate prova que a aposta do governo israelense em uma ação por terra em Gaza está surtindo efeito.
O enclave está sob intenso bombardeio desde que Israel declarou guerra ao Hamas e impôs um rígido cerco ao território palestino controlado pelo grupo em reação ao pior massacre da história judaica desde o Holocausto.
Considerado um grupo terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e diversos países do Ocidente, o Hamas invadiu território israelense em 7 de outubro e promoveu uma série de ataques, matando cerca de 1.400 pessoas – a maioria civis. Outras 40 pessoas são dadas como desaparecidas.
Na semana passada, tanques e blindados israelenses adentraram a Faixa de Gaza – primeiro em duas rápidas incursões, e depois numa terceira, que segue desde a noite de sexta-feira e foi definida por Netanyahu como a “segunda fase” de uma “guerra de independência”.
Hamas divulga imagens de três reféns, e Netanyahu reage: “propaganda cruel”
Também neste domingo, Netanyahu classificou de “propaganda cruel” um vídeo divulgado pelo Hamas mostrando três mulheres mantidas reféns, identificadas como Elena Trupanov, Daniel Aloni, e Rimon Kirsht.
Nas imagens, uma delas pede um acordo com o Hamas para troca de prisioneiros – não está claro se as mulheres foram forçadas a gravar o vídeo.
O Hamas já havia anunciado que aceitaria libertá-los todos em troca de cerca de 5.000 palestinos presos em Israel, e passou a condicionar a soltura de reféns a um cessar-fogo.
Apreensivos com o desenrolar do conflito, alguns familiares têm expressado o receio de que a intensificação dos combates em Gaza inviabilize as negociações para libertar os reféns.
Segundo Netanyahu, porém, a ofensiva por terra “na verdade cria a possibilidade” de resgatar os reféns – escondidos, acredita-se, na extensa rede de túneis do Hamas – porque o grupo só os libertará “sob pressão”. “Quanto maior for a pressão, maiores serão as chances”, declarou.
“Pedir um cessar-fogo é pedir que Israel se renda ao Hamas”, diz premiê
O premiê descarta um cessar-fogo. “Pedir isso é pedir que Israel se renda ao Hamas, ao terrorismo, à bárbarie. Isso não ocorrerá.”
O país, além de se defender de mísseis do Hamas que continuam ser lançados a partir de Faixa de Gaza, também enfrenta ataques vindos da Síria e do Líbano – neste último, Hisbolá e organizações palestinas começaram, pela primeira vez, a lançar foguetes contra alvos civis.
Blindados começam a se aproximar da Cidade de Gaza
A IDF afirma que infantaria, tanques e unidades blindadas estão tentando chegar a grupos armados dentro de Gaza, e contabiliza a destruição de mais de 600 alvos nos últimos dias, incluindo depósitos de armas, bases de lançamentos de mísseis e esconderijos. O jornal americano New York Times noticiou que militares aparentam estar cercando a Cidade de Gaza vindos de três direções. O objetivo seria isolar a região norte do restante do enclave.
Segundo a agência de notícias Reuters, as forças israelenses têm avançado lentamente sobre Gaza. Por um lado, para dar ao Hamas a chance de negociar a libertação dos reféns; por outro, o Exército também estaria tentando atraí-lo para fora dos túneis, forçando o combate em áreas abertas, não tão densamente construídas.
Ainda há civis na área – a IDF fez diversos apelos para que saíssem “temporariamente” e se refugiassem no sul, mas alguns moradores ignoraram os apelos alegando não ter nenhum lugar seguro para onde ir.
Parte está abrigada em hospitais, como o Al-Quds, cujas imediações foram bombardeadas no domingo, segundo relatos. Equipes médicas permaneceram no local sob o argumento de não ter como transferir pacientes em situação delicada.
No lado palestino o conflito fez, segundo informações das autoridades em Gaza, mais de 8.000 vítimas – esses dados não podem ser verificados de forma independente.
“Nenhum único civil tem que morrer”, afirmou Netanyahu nesta segunda. Segundo ele, o Hamas tem sabotado esforços de evacuação. “Estamos fazendo o máximo para evitar mortes civis: não só dizendo que saiam, arrumando um lugar para eles que é seguro, também entrando com apoio humanitário, dando a eles comida, água, medicamentos.”
Israel autoriza emissário da ONU a entrar em Gaza
Em meio a relatos de intensificação da crise humanitária e crescente pressão internacional, Israel autorizou, no final de semana, a entrada de mais ajuda humanitária no território, totalizando 117 caminhões em mais de três semanas de conflito, mas as Nações Unidas alegam que o volume ainda é insuficiente para atender às necessidades dos civis, que precisariam de 100 caminhões por dia.
Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), cerca de 670 mil pessoas desalojadas pelo conflito estão abrigadas em 149 instalações do órgão em Gaza e “enfrentam condições cada vez mais desesperadoras”. A agência também contabiliza 63 funcionários mortos, 10 deles nas últimas 72 horas.
Coordenador humanitário da ONU, Martin Griffiths foi autorizado a entrar no território pela primeira vez desde o início da guerra, informou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense nesta segunda
Na sexta passada, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou, por ampla maioria, uma resolução não-vinculativa em que pede uma “trégua humanitária imediata” para garantir a assistência de civis palestinos sitiados no enclave.
O gesto foi recebido com indignação pela diplomacia israelense, que criticou a ausência de uma condenação ao Hamas.
A tensão também é sentida na Cisjordânia. Nesta segunda, uma policial israelense foi esfaqueada e gravemente ferida, e quatro palestinos foram mortos em uma patrulha militar no campo de refugiados Jenin. Um militar da reserva foi afastado temporariamente do cargo após violar comandos e procedimentos militares no assentamento de Ma’ale Amos.
O governo isralense anunciou o congelamento temporário de repasses à Autoridade Palestina (AP), que administra a Cisjordânia, por suspeita de apoio aos ataques terroristas do Hamas de 7 de outubro. O país recolhe impostos em nome da AP, a quem repassava algo próximo de 160 milhões de dólares (mais de R$ 800 milhões) mensais, segundo dados mais recentes.
Fonte: dw.com