Iniciativa brasileira busca tornar acessíveis terapias inovadoras contra o câncer

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Projeto de pesquisa e desenvolvimento da USP de Ribeirão Preto promete aperfeiçoar e baratear tecnologias de modificação genética de células de defesa

O Centro de Terapia Celular (CTC), da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, vem desenvolvendo tratamento contra o câncer por meio do domínio de tecnologia de modificação genética para utilização das chamadas “células CAR-T”. Reintroduzidas no organismo, essas células dotam o sistema imunológico da capacidade de identificar e combater com mais eficácia formas específicas da doença.

Hoje, esse tipo sofisticado de terapia requer envio de células dos pacientes para outros países e implica custos elevados. O objetivo fundamental da iniciativa em curso na USP – informa reportagem da Agência Fapesp – é propiciar acesso, no Brasil, a uma tecnologia nacional que custe entre 10 e 15% dos atuais preços de mercado.

Retiradas dos próprios pacientes e reprogramadas geneticamente, as células CAR-T são devolvidas ao organismo para enfrentar o câncer. A sigla CAR corresponde a “receptor quimérico de antígeno” (chimeric antigen receptor), e as células do sistema imunológico denominadas “linfócitos T” modificadas por essa técnica tornam-se mais capazes de reconhecer e destruir células cancerosas.

Atualmente empregada em casos de cânceres hematológicos, como leucemias e linfomas de células B, essa imunoterapia poderá, futuramente, ser desenvolvida e adequada, provavelmente em associação com outras tecnologias médicas, para combater tumores sólidos. Além da acessibilidade, o CTC também está empenhado na pesquisa de novas aplicações dessa ferramenta terapêutica, combinando-a com outros métodos de tratamento.

Desde 2019, sete pacientes foram tratados no CTC, todos na modalidade “uso compassivo” (autorização concedida pela Anvisa para acesso a medicamentos inovadores por parte de pacientes portadores de doenças graves para as quais não haja medicação ou que não respondam satisfatoriamente aos tratamentos disponíveis no mercado). Em breve, informa a reportagem da Agência Fapesp, um artigo reportando esses primeiros casos de pacientes tratados na instituição deverá ser publicado.

O tratamento desenvolvido pelo CTC está em fase de validação junto à Anvisa. Na fase seguinte, deverão ser realizados testes clínicos, que demandarão metodologia rigorosa, mobilização de infraestrutura e quantidade considerável de voluntários – desafios que deverão ser enfrentados com auxílio de financiamento da própria Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Para saber mais sobre as células CAR-T e a respeito da pesquisa e desenvolvimento de tratamentos com base nessa tecnologia que hoje estão em curso no Centro de Terapia Celular da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, clique aqui.

Diversos avanços no combate à leucemia

A iniciativa do CTC está alinhada a um processo internacional de adoção de tecnologias inovadoras para o combate ao câncer, notadamente no que se refere à leucemia. De acordo com artigo publicado a revista Scientific American, avanços na compreensão de diversos fatores biológicos e sociais geradores da leucemia vêm propiciando, sobretudo desde o início deste século, o desenvolvimento de abordagens preventivas e terapêuticas mais seguras e eficazes.

Testes genéticos permitem, hoje, identificar mutações específicas presentes nos paciente e prescrever, dentre um crescente número de alternativas terapêuticas, as medicações e os tratamentos mais adequados para cada caso. Identificando com precisão os diferentes tipos de leucemia e tratando-os com as novas tecnologias terapêuticas, é possível combater o câncer com mais eficácia e, ao mesmo tempo, reduzir a toxidade do tratamento ao mínimo necessário. Esses avanços resultam em melhores prognósticos para os pacientes, aumento de períodos de remissão e sobrevida, mais qualidade de vida, e redução da necessidade de outros tratamentos.

Do novo arsenal terapêutico mencionado no artigo, destacam-se combinações de químio e imunoterapias (“quimioimunoterapias”), que, com base no reconhecimento das características celulares e genéticas de cada manifestação da doença, podem bloquear proteínas envolvidas na sua continuidade e alastramento e/ou fazer com que o sistema imunológico identifique e combata alvos assinalados por proteínas específicas (como acontece no emprego de células CAR-T).

Fonte: ipea.gov.br


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