Homenagens de fãs, cantorias e declarações marcam velório de Rita Lee

Homenagens de fãs, cantorias e declarações marcam velório de Rita Lee
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Nesta noite, a artista será cremada em uma cerimônia particular

A fila de fãs e admiradores para se despedir da cantora Rita Lee, conhecida como a rainha do rock, começaram cedo e duraram por todo o dia no planetário do Parque Ibirapuera, na capital paulista. O velório foi aberto por volta das 10h e, ao longo da cerimônia, passaram pelo local, além de fãs, familiares e amigos da cantora. Entre eles, o apresentador de televisão Serginho Groisman, o ex-jogador de futebol Walter Casagrande e o cantor Supla. Nesta noite, a artista será cremada em uma cerimônia particular.

A cantora Paula Lima disse, ao sair, que sua primeira lembrança de Rita é com a música Ovelha Negra, quando ela ainda era criança. “Aquilo me despertou a vontade de ser como ela. Eu só vi aquela mulher colorida, doida e falei ‘quem é essa mulher, porque ela é assim?’. Ela simplesmente talvez nem seja desse planeta, mas ela deu esse presente para nós de celebrarmos essa existência tão linda. Agora temos que celebrar esse legado tão lindo”, afirmou.

O artista plástico Antonio Peticov, amigo da cantora desde os 17 anos, referiu-se a Rita como “uma irmãzinha querida”. Sempre em contato com ela, Peticov destacou suas piadas e a maneira de brincar com todas as situações. Impressionado com o carinho dos fãs, muitos que vieram de longe para fazer uma homenagem, ele enfatizou as situações diferentes durante o cerimonial.

“Já aconteceu de tudo. Tivemos dois Elvis Presley, tivemos um cara querendo ressuscitar ela. Eu amo muito a Rita, tem tanta coisa que ela deixou. Bacana que o trabalho dela só aumenta e é muito interessante ver quanta criança está vindo aqui e sabendo as músicas de cor.”

A jornalista e apresentadora Astrid Fontenelle classificou a obra e a carreira de Rita Lee como um acerto integral, fase a fase. Ela elogiou a maneira de Rita falar e alcançar todas as mulheres, de todas as faixas etárias, acompanhando a vida das pessoas e os assuntos de acordo com cada período.

“Ela vem sob medida para todas as pautas que eu tenho trilhado nos últimos 11 anos do programa Saia Justa. Rita é uma fonte de inspiração para nós como mulheres e para nós como jornalistas. Toda canção dela é pauta para nós de alguma forma e ela foi uma precursora quando nós não tínhamos coragem de falar sobre alguns assuntos.”

O filho de Rita, João Lee, afirmou que estar vivo no mesmo momento em que ela foi um privilégio, principalmente pela sua construção de uma história e um universo tão gigantesco que não se limita à música.

“Ela foi uma conjuntura de fatores tão difíceis de ter. Canta bem, escreve música, compõe, desenha cenografia, faz a roupa, escreve livro. Ela sempre foi muito única e uma força de vontade de realizar tudo isso. Muito difícil imaginar na época que isso tudo começou a acontecer, com ditadura, com tudo, mas ela sempre teve essa força.”

João Lee enfatizou a grandeza de Rita lembrando a quantidade de pessoas que foram impactadas por suas obras e ideias. E destacou o fato de ser filho da padroeira da liberdade, como ela mesma se referia a si. “É espetacular, especial. Poder conviver dia a dia com uma pessoa tão iluminada, com uma cabeça tão diferente e tão à frente de tudo foi uma honra para mim”, disse, emocionado.

O propagandista Luiz Felipe, de 32 anos, contou que quis ir à despedida porque cresceu ouvindo sua mãe falar sobre Rita Lee, estudando a história dela na época da censura. Ele disse ser torcedor do Corinthians e ter em sua memória a passagem de Rita pelo movimento Democracia Corinthiana, junto com os jogadores Sócrates e Casagrande, momento que considera incrível. O movimento surgiu na década de 1980, liderado por um grupo de jogadores do Corinthians que se manifestavam contra a ditadura militar.

“Ela também é um elo meu e da minha mãe, porque o primeiro CD que ganhei da minha mãe foi Rita Lee ao Vivo 1999, aos 9 anos. Ela me contava a história das músicas e como ela não podia cantar algumas músicas porque meu avô batia nela por causa das letras. Nem por isso ela deixava de cantar. Isso foi o que Rita passou, a importância de ser mulher e ter seu lugar de fala e resistência”, afirmou.

A cantora foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e desde então tratava da doença. A família confirmou a morte nas redes sociais dela nessa terça-feira (9). Ela morreu em sua residência, em São Paulo, no final da noite de segunda-feira. “Cercada de todo amor e de sua família, como sempre desejou”, informou o comunicado da família.

Edição: Juliana Andrade

Flávia Albuquerque  Agência Brasil

Foto: Rovena Rosa

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