Fim de auxílio estudantil e ocupação: entenda crise na Uerj

Fim de auxílio estudantil e ocupação: entenda crise na Uerj
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Movimento estudantil ocupa prédio da reitoria da Uerj há 1 mês como forma de protesto contra cortes em auxílios estudantis

Cerca de 1,2 mil estudantes de graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) podem deixar de receber bolsas e auxílios de assistência estudantil, após a instituição estabelecer novos critérios para a transferência dos benefícios.

A decisão da reitoria ocorreu por meio do Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda) 038/2024, publicado em 24 de julho. O maior corte foi no auxílio-alimentação, que perderá 75% do investimento.

Dois dias após a publicação da medida, estudantes ocuparam o prédio da reitoria como forma de protesto. O movimento Ocupa Uerj quer a revogação do Aeda 038/2024, apelidado pelo grupo estudantil de “Aeda da fome”, a recomposição orçamentária para Uerj e abertura do livro de contas para conhecimento da divisão orçamentária interna

Mariola Araujo Bianco, de 20 anos, é estudante de ciências sociais na Uerj e faz parte do grupo de 100 alunos que ocupa o prédio da reitoria há pouco mais de um mês. “A reitoria decidiu politicamente, ao invés de enfrentar o governo do estado ou fazer uma grande denúncia contra a falta de orçamento, cortar as assistências”, lamenta.

A estudante conta que o corte pode prejudicar a permanência de alguns alunos na universidade e, até mesmo, a continuidade dos estudos

Confronto

No dia 15 de agosto, estudantes e seguranças da universidade entraram em conflito após a ocupação ser estendida ao Pavilhão João Lyra Filho, principal prédio do campus Maracanã. As entradas do bloco foram bloqueadas com bancos, cadeiras e mesas pelos universitários.

“Eles têm colocado a gente para sofrer porrada, para os seguranças patrimoniais da universidade baterem na gente. A gente não tem o objetivo nem a política de agredir ninguém. O prédio não está sequestrado. Qualquer pessoa pode entrar. A Uerj vai, inclusive, receber congressos que já estavam previstos. A gente não tá, de forma alguma, banindo as pessoas de entrar, como a reitoria está colocando, como se fôssemos intransigentes e não quiséssemos diálogo”, diz Mariola

Na ocasião, a reitoria da Uerj repudiou o ato de obstrução do pavilhão. Em nota divulgada no site da universidade, o bloqueio da entrada foi considerada inaceitável e as aulas suspensas. No último dia 20, o grupo voltou a ocupar o Pavilhão, onde permanacem desde então.

O campus Maracanã da Uerj está sem aulas desde a semana passada. Sem acordo, cerca de 35 mil alunos não têm previsão de volta às aulas.

Falta verba pública

Na proposta orçamentária da Uerj de 2024, que apresentava o plano de gastos da universidade, foram estipulados que a faculdade precisava de R$ 4 bilhões. Apesar disso, o Estado do Rio de Janeiro enviou R$ 1,9 bilhão, menos de 48% do solicitado.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, no início de agosto, a reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva, afirmou que enchergava o corte em programas de auxílios estudantis como um meio de chamar atenção do governo do estado. “Em cima desse ato, temos como negociar com eles e pedir suplementação”, disse.

Já em coletiva de imprensa, no dia 22 de agosto, Gulnar salientou que os auxílios interrompidos pela Aeda 038/2024 foram criados durante a pandemia da Covid-19, quando houve sobra de recursos orçamentários. Ela afirmou entender que “na época, a comunidade não foi informada de que não havia sustentabilidade”, não sendo sustentável ao orçamento manter essa assistência.

Um dos argumentos da reitoria para o corte desses auxílios é que havia o risco da verba destinada a Uerj não ser suficiente para a entrega da Bolsa Permanência, no valor de R$ 706, destinada aos cotistas. “Quando assumi a reitoria, em janeiro deste ano, a situação já era difícil. Necessitava de uma engenharia financeira. Esticamos a distribuição até julho, mas o orçamento acabou”, disse Silva em entrevista à Folha.

Tentativa de acordo

Após quatro semanas de protestos e ocupação, a reitoria da Uerj apresentou medidas de transição na entrega dos auxílios estudantis, que se estendem até dezembro, como proposta de negociação para o fim da greve estudantil. O governo do Rio anunciou que vai repassar R$ 150 milhões para a Uerj, na quarta-feira (28/8). A verba foi anunciada depois de uma reunião entre a reitoria e o governo, com o intuito de que a Uerj honre os compromissos assumidos até o fim do ano.

Segundo a proposta, os alunos que perderam o direito à Bolsa de Apoio à Vulnerabilidade Social (Bavs) receberão R$ 400 mensais até dezembro de 2024. Além disso, o acordo garantiria a ampliação da gratuidade no Restaurante Universitário para alunos que se enquadram nos novos critérios da Bavs até dezembro e a criação de um grupo de trabalho para rever casos de pessoas não contempladas com bolsa permanência.

Os estudantes analisam a proposta.

Fonte:   metropoles.com


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