Filhos se inspiram nos pais e transformam a carreira de bombeiro militar em legado da família

Filhos se inspiram nos pais e transformam a carreira de bombeiro militar em legado da família
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Pais e filhos trabalham lado a lado na honrosa profissão que é ser um bombeiro militar

A carreira de bombeiro militar, muitas vezes caracterizada por um chamado de coragem e serviço, para diversos militares ganha também o contorno de um verdadeiro legado familiar. Em várias famílias, o desejo de seguir os passos dos pais e continuar a tradição de servir à sociedade não é apenas uma escolha de carreira, mas também uma expressão de orgulho e compromisso.

No Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) não é diferente. Pais e filhos trabalham lado a lado na árdua função militar, transformando o ofício de bombeiro em mais do que uma profissão: em um valor transmitido de geração em geração.

Filhos que crescem ouvindo histórias de bravura e dedicação dos pais encontram motivação para seguir o mesmo caminho. O subtenente Ivan Gusmão Alves, que está há 26 anos na corporação, ainda se lembra com carinho do irmão que o criou e que foi a inspiração para que ele se tornasse bombeiro militar. “Eu tenho um irmão mais velho que me adotou e ele foi bombeiro. Eu só tenho uma foto dele servindo os bombeiros, mas nunca me esqueci de onde eu vim”, lembra.

Ao seguir os passos do irmão, Gusmão pavimentou o caminho para o futuro de seu filho, Willyam. Levando-o ao quartel e compartilhando com ele as ocorrências, começou a desejar que seu filho seguisse a mesma trajetória.

“Como especialista condutor, eu passava muito tempo no quartel. Muitas vezes, eu levava meu filho comigo durante o dia e à noite ele ia para casa dormir. Seus brinquedos eram todos de bombeiro. Desde os 14 anos procurei prepará-lo para a carreira”, recorda Gusmão.

Já o filho, Willyam Rodrigues Alves, conta que esse dia-dia do quartel o deixou ainda mais fascinado pela profissão, antes mesmo de o pai incentivá-lo.

“Meu pai ingressou na carreira militar quando eu tinha três anos. Então, acompanhei a vida dele na instituição. Sempre gostei da área pelo respeito que a profissão tem e pelo serviço que presta. Acompanhando a rotina, resolvi seguir. Pude acompanhá-lo em alguns plantões e sentir a adrenalina de quando tocava a sirene do quartel e eu o via saindo para ocorrência e voltando depois de algumas horas. Isso me deixou fascinado”, relembra o filho.

Apesar dos desafios de equilibrar a rotina intensa com a vida familiar, a presença marcante de Gusmão na vida do filho fez com que Willyam desejasse ainda mais ser igual o pai. “Meu pai sempre estava ali. Na época, a rotina era um pouco diferente da de hoje. Eram 24 horas de trabalho por 24 horas de descanso, um pouco mais corrida. Mas me lembro de que, por mais que estivesse cansado, ele dava atenção, fazia as coisas que precisasse em casa e brincava comigo”, afirma.

Aos 14 anos, Willyam iniciou a preparação para se tornar bombeiro militar, e, aquela criança que corria pelos corredores do quartel, aos 20 anos entrou definitivamente na corporação. Agora, com mais de nove anos de serviço operacional, Willyam é um exemplo de bombeiro militar e motivo de orgulho para o pai.

“Eu me sinto realizado. O pai quer ver o sucesso do filho. Eu sinto que o bombeiro militar é um sacerdócio. Você sacrifica muitas coisas, como momentos com a família, e também há a questão de valores, para além do salário. A oportunidade de realizar uma RCP em uma pessoa que está em parada cardiorrespiratória e vê-la voltar à vida é emocionante”, garante Gusmão.

Esse sentimento de emoção que pai e filho compartilharam juntos transformou a união dos dois em um novo laço inabalável de intimidade. Afinal, tornaram-se irmãos de farda.

“Tivemos inúmeros momentos. O primeiro serviço dele fora do Estado foi comigo. Fizemos vários serviços juntos, como mergulho e salvamento. É gratificante porque ali estão dois bombeiros, pai e filho, que se entendem com um simples olhar”, diz o subtenente Gusmão.

E foi em cada chamada de emergência, em cada treinamento árduo e em cada ato de serviço que Willyam pode ver o reflexo do legado que recebeu e sempre trabalhou para honrá-lo, segundo o soldado, que lembra com orgulho das experiências enriquecedoras do atuar ao lado do pai.

“Eu tive a oportunidade que poucos têm: quatro anos depois que entrei, consegui trabalhar junto com meu pai. Fizemos diversos atendimentos. Ele conseguiu me ensinar muitas coisas e eu aprendi muito. Foi fascinante poder trabalhar com meu pai lado a lado na corporação que eu amo. Todos me conhecem mais por ser filho do subtenente Gusmão, e isso é o meu grande orgulho”, afirma.

O tempo, a prática e o aprendizado contínuos transformaram a semelhança entre eles em um exemplo inspirador de como a paixão e a vocação podem ser transmitidas de geração para geração.

“Ele é um exemplo de profissional e de pai. Se eu conseguir atingir 50% do que meu pai foi como bombeiro e fez por esta corporação, já estarei feliz”, conclui o soldado Willyam.

Tal pai, tal filho

As semelhanças entre pai e filho na carreira de bombeiro militar vão além da dedicação e do amor pela profissão. Em muitos casos, estendem-se até à aparência física. Um exemplo é o sargento Jefferson Alexandre Pinheiro de Araújo e o soldado Mateus Minetto Pinheiro de Araujo. Quando ambos estão fardados, pai e filho se apresentam como uma imagem do passado e do presente dessa corporação sexagenária.

Além de compartilharem semelhanças físicas e comportamentais, pai e filho dividem o mesmo sentimento de servir. Com 21 anos de carreira na corporação, o sargento Pinheiro sempre se destacou por sua ética de trabalho e sua dedicação à profissão, sem jamais deixar a família em segundo plano. Desse modo, inspirou Minetto a seguir seu próprio desejo de fazer a diferença.

“Desde pequeno vi meu pai como um grande exemplo dentro de casa. Que criança que não gosta de ter um bombeiro dentro de casa, ainda mais sendo o seu pai? Quando criança, meu pai me levava nos batalhões para tirar foto com caminhões do bombeiro. Então, o bombeiro sempre foi algo de dentro do meu coração. Aí eu cresci, fiz o concurso e cheguei aqui. Hoje estou aqui para continuar o legado dele”, afirma Minetto.

Ser um bom pai, presente e cuidadoso não foi tarefa fácil, de acordo com sargento. Mas ser visto pelo filho como um exemplo compensou qualquer dificuldade.

“Eu sempre cobrei dos meus filhos disciplina e dedicação aos estudos. Ele viu diariamente a minha luta: ir trabalhar, voltar para casa e ainda encontrar tempo para ele. Ele percebeu que é possível conciliar a vida militar com a vida familiar. Sempre procurei estar presente, e acho que foi por isso que ele viu a vida militar como um bom exemplo”, garante o sargento.

E como o exemplo tem o poder transformador, Minetto buscou trilhar seu próprio caminho profissional seguindo a trajetória do pai. Há pouco mais de 40 dias na corporação, ele já é conhecido como “Pinheirinho”, não apenas pela semelhança física, mas por compartilhar o  mesmo desejo otimista de fazer a diferença.

“Meu nome de guerra ficou Minetto, que é o sobrenome da minha mãe, só que o nome do meu pai ainda prevalece. Quando olham para mim e descobrem que sou filho dele, fica nisso: Pinheirinho. Então, é muito bom saber que meu pai é influente, que é uma pessoa que todo mundo gosta, e ter este segundo nome aqui dentro como Pinheirinho é muito bom”, afirma o soldado.

Mas é claro que, embora Pinheiro e Minetto compartilhem muitas semelhanças, também possuem suas individualidades e trajetórias distintas. O sargento Pinheiro vê com orgulho como seu filho está construindo seu próprio caminho, mesmo que siga muitos dos mesmos princípios que ele próprio valoriza.

“No começo foi só orgulho quando ele falou que queria fazer o concurso de carreira militar. Eu dei o maior apoio. É uma das melhores profissões. Espero que ele consiga chegar até o final da carreira. O militarismo é uma segunda família. O Corpo de Bombeiros Militar abraça isso e espero que ele faça grandes amizades e tenha sucesso profissional. Aqui dentro da corporação, você aprende muita coisa e muita coisa dessa você leva como ensinamento”, diz o sargento Pinheiro.

Para Minetto, o exemplo e a orientação de seu pai têm sido fundamentais para moldar sua própria visão de vida e carreira. O impacto desse legado é visível inclusive na forma como ambos encaram a missão de ser bombeiro militar. “Pelo trabalho que ele faz, pelo empenho que ele tem. É uma pessoa muito dedicada, esforçada e quero puxar a ele. Ser uma pessoa esforçada independentemente da missão que vier, do melhor jeito possível”, conclui o soldado.

Orgulho estampado no peito

O comprometimento e a dedicação demonstrados por pai e filho não são exclusividade de Pinheiro e Minetto. Recém-chegado à corporação, o soldado Edson Júnior do Carmo de Lara carrega no peito a comprovação da inspiração que seu pai – o subtenente Edson Aroldo de Lara, que está há 26 anos na corporação –  é para sua vida nova como militar.

A escolha do primeiro nome do filho para ser igual ao do pai foi uma decisão planejada pela família. Já o sobrenome ‘Lara’, adotado pela corporação para acompanhar Edson em sua nova jornada militar, espelha o legado deixado pelo pai na instituição. A dupla de pai e filho, conhecida no CBMMT como Lara e Edson Lara, simboliza a concretização do sonho do subtenente.

“Apesar de eu não querer pressioná-lo, era um sonho que ele seguisse a carreira. Vê-lo fardado e estar aqui com ele era um sonho. Desde o primeiro dia que falou que ia fazer o concurso, a alegria foi imensa”, afirma o subtenente Lara.

E a felicidade foi completa quando, além de querer ser um bombeiro militar, o filho se dedicou para que o sonho se tornasse realidade, segundo o subtenente Lara.

“Eu não queria forçar meu filho a seguir essa carreira. Ele chegou a prestar concurso para outras carreiras, mas eu percebi que para o concurso dos bombeiros ele se dedicou de uma maneira diferente. Estudou em casa e estava muito mais focado do que nos outros. Para mim foi muita alegria e a felicidade maior quando ele foi classificado e seguiu com o restante do certame até a formatura”, conta o subtenente.

A dedicação só foi possível graças à influência do pai, que moldou sua trajetória de maneira significativa, segundo Edson Lara. Desde os primeiros anos, seu pai serve como um modelo de comportamento e valores, ensinando ética, perseverança e o desejo de servir.

“Meu pai me influenciou e sempre demonstrou uma paixão muito grande pela profissão. Quando eu nasci ele já era bombeiro militar. Então, desde sempre eu o vejo como um bombeiro que sempre amou a farda, ele sempre demonstrou essa paixão. E, aos poucos, eu fui me apaixonando pela profissão também. Pelo que o bombeiro faz, pelo que meu pai fazia e as historias que ele me contava, tudo isso fez com que eu ficasse mais apaixonado. E graças a Deus estou nessa profissão”, afirma o soldado Edson Lara.

A presença constante do pai, que também conseguiu equilibrar bem sua carreira com a vida familiar, proporcionou ao filho a confiança para enfrentar o desafio que é ser um bombeiro militar.

“Meu pai conseguiu conciliar os dois: a família e a profissão. Nunca foi ausente para mim, para minha mãe e irmãs. Todo o tempo que sobrava ele dedicava à nossa família. Nunca me faltou afeto, atenção e carinho, nada da parte dele”, garante Edson Lara.

O soldado, que tem pouco mais de um mês na profissão, considera gratificante ouvir os elogios dirigidos ao pai quando lhe perguntam se ele é filho do subtenente Lara. Reconhecimento que o motiva ainda mais a buscar ser igualmente respeitado e admirado como o pai é.

“Quando eu entrei na corporação, ouvi muitos elogios ao meu pai. Muita gente falando que meu pai é exemplar. Um ótimo militar, uma ótima pessoa. E quero seguir esse caminho para que um dia as pessoas possam falar assim de mim também”, conclui o soldado.

Para o subtenente Lara, ser fonte de experiência e sabedoria para o filho, permitindo que o filho enfrente desafios com confiança e resiliência, é a melhor realização que poderia ter.

“Nessa questão de carreira, eu procuro orientar. Conversamos bastante. Ele é um menino muito dedicado e tem um perfil muito bom. Mas sem essa preocupação de que tem que seguir meus passos. É um orgulho muito grande falar para todos que meu filho é bombeiro. É um grande amigo e hoje companheiro de trabalho”, encerra o subtenente Lara.

Mais do que pais e filhos, a determinação de fazer a diferença e o compromisso com a segurança e o bem-estar dos outros são princípios que unificam a jornada desses militares. E embora cada um tenha sua própria trajetória, a influência e a inspiração do pais continuam a moldar e a guiar o caminho dos filhos, não apenas no Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, mas na vida.

Fonte/Crédito:  CBM-MT


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