O ex-primeiro-ministro da Holanda Mark Rutte foi oficializado nesta terça-feira (1º/10) como novo secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em uma cerimônia na sede da entidade em Bruxelas.
O holandês expressou forte apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia e disse não estar preocupado com o resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos, se dizendo apto a colaborar com qualquer um dos candidatos.
Rutte, que substitui o norueguês Jens Stoltenberg, agradeceu a confiança dos 32 países que integram a aliança militar, após receber o apoio inicial dos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, mesmo tendo em seu histórico como premiê a marca de ter investido pouco em defesa durante seu mandato.
Sob Rutte, a Otan deverá manter as mesmas prioridades que já vinha tendo, como promover o apoio à Ucrânia, pressionar os países-membros a gastarem mais com defesa e fazer com que os EUA continuem envolvidos com a segurança da Europa.
Desafios
Ele assume a aliança, fundada em 1949, em meio a temores de uma escalada das agressões russas na Ucrânia, após mais de dois anos de uma guerra. “Não é possível haver segurança duradoura na Europa sem uma Ucrânia forte e independente”, sublinhou Rutte, em pronunciamento ao Conselho do Atlântico Norte, o órgão responsável pelas tomadas de decisões na Otan.
A guerra e a ameaça de revanchismo contra a Otan por parte de Moscou renovaram o propósito da aliança estabelecido durante a Guerra Fria de atuar na proteção de seus Estados-membros.
Segundo analistas, uma das maiores tarefas do novo secretário-geral será convencer os Estados-membros a fornecerem mais soldados, armas e recursos, de modo a cumprir por completo os novos planos de defesa da aliança.
“Precisamos fazer mais em termos de nossa defesa coletiva e poder de dissuasão. Temos de investir mais, preencher as lacunas de nossas capacidades e tentar atingir todas as metas que a Otan estabeleceu até aqui”, disse Rutte.
Dez anos de transformações
Os dez anos de Stoltenberg à frente da Otan foram marcados por transformações na aliança militar, com a adesão dos quatro membros mais novos: Montenegro, Macedônia do Norte, Finlândia e Suécia, sendo que os dois últimos abandonaram uma longeva tradição de neutralidade após a invasão russa da Ucrânia.
A mediação de Stoltenberg das adesões das duas nações escandinavas, que enfrentaram forte de resistência da Turquia, é considerada uma de suas grandes conquistas.
Em sua carta de despedida, o norueguês destacou entre seus maiores êxitos o envio de tropas da aliança para o Leste Europeu, o aumento da produção industrial em defesa e o fato de 23 Estados-membros dedicarem em 2024 ao menos 2% de seus Produtos Internos Brutos (PIBs) aos gastos com defesa, sendo que, em 2014, apenas três países cumpriam essa exigência.
Eleições nos EUA
Na cerimônia de posse nesta terça-feira, Rutte disse que não estava preocupado com as eleições presidenciais americanas, em novembro, e se disse capaz de trabalhar com qualquer um dos possíveis vencedores, no pleito disputado entre o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris.
“Conheço bem os dois candidatos”, disse o holandês. “Trabalhei com Trump durante quatro anos. Ele nos levou a gastar mais [em defesa]”, afirmou. “Atualmente, estamos em um nível de gastos muito mais alto do que quando ele assumiu [a Presidência dos EUA]”, observou Rutte. “Kamala Harris tem um histórico fantástico como vice-presidente. É uma líder altamente respeitada, portanto, estarei apto a trabalhar com ambos.”
O período em que Trump esteve à frente da presidência dos Estados Unidos (2017-2021) foi marcado por ataques e cobranças dos aliados europeus – especialmente a Alemanha – sobre o que ele considerava gastos insuficientes dos demais governos em defesa, além de questionamentos ao princípio de defesa coletiva no qual a entidade é fundamentada.
Rutte será o quarto holandês a ocupar o cargo de secretário-geral da Otan, depois de Dirk Tikker (1957-1963), Joseph Luns (1971-1984) e Jaap de Hoop Scheffer (2004-2009).
Fonte: dw.com