Operações militares dos EUA, agora governado por Trump, visaram organizações extremistas espalhadas ao redor do mundo
O recado do porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, Sean Parnell, durante a primeira entrevista coletiva do órgão foi claro: aqueles que dispararem contra militares norte-americanos vão sofrer consequências. A declaração, contudo, diverge das promessas de Donald Trump, que se vendeu como um pacificador antes e no decorrer dos primeiros dias de seu segundo mandato.
No seu discurso de inauguração, o presidente republicano disse que buscava ser um “pacificador e unificador”. Na época, Trump afirmou que o sucesso de sua administração seria medido não só pelas batalhas que os EUA vencessem ou guerras que terminassem, mas sim pelos conflitos que tropas norte-americanas nunca entrariam.
No entanto, menos de 60 dias após tomar posse, a Era Trump 2 já coleciona algumas operações militares ao redor do mundo. Todas elas contra grupos ou indivíduos ligados ao extremismo.
A primeira delas aconteceu na Somália, no dia 1º de fevereiro, visando alvos do grupo extremista Al-Shabaab. Em uma declaração, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anunciou que diversos membros operacionais da organização filiada a Al-Qaeda foram mortos durantes ataques aéreos do Comando Africano dos EUA (Africom)
A guerra ao terror de Trump também foi posta em prática no Oriente Médio, em 13 de março, quando o líder número dois do Estado Islâmico (ISIS), Abu Khadijah, foi morto no Iraque. A liderança do grupo extremista era apontada por Washington como responsável por operações, planejamento, financiamento e logística da organização em ações internacionais.
Dois dias depois, a Somália voltou a ser bombardeada por forças norte-americanas, a pedido do próprio governo somali, segundo Washington. O Al-Shabaab foi novamente o alvo dos ataques, em que “combatentes inimigos foram mortos” e “nenhum civil foi ferido ou morto”, de acordo com comunicado da Africom.
A última e mais recente operação militar dos EUA no exterior aconteceu sob ordem expressa de Trump. No ultimo sábado (15/3), o presidente norte-americano anunciou o início de uma operação “decisiva e poderosa” contra os Houthis, grupo rebelde que controla partes do Iêmen.
Os diversos bombardeios contra o território iemenita, de acordo com Trump, tiveram como objetivo frear as ações dos Houthis nos mares Vermelho e Arábico desde o início da guerra na Faixa de Gaza. Em apoio ao povo da Palestina, a organização rebelde passou a atacar embarcações de Israel na região, assim como navios de países aliados ao governo de Benjamin Netanyahu.
A ofensiva contra os Houthis surgiu dois dias após o grupo retomar bloqueios contra embarcações com bandeiras de Israel, em retaliação à decisão israelense de suspender a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino.
Até o momento, os ataques no Iêmen já deixam mais de 50 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do país. Além disso, eles renderam ameaças de Trump contra o Irã, apontado pelo líder norte-americano como o “mentor” de ações do grupo rebelde.