Entenda por que as chuvas devastadoras em São Paulo vêm de “rio no céu”

Entenda por que as chuvas devastadoras em São Paulo vêm de “rio no céu”
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Entre os fatores responsáveis pela ocorrência do evento extremo de chuva que deixou mortos e destruição em São Paulo no fim de semana, está um sistema de mesoescala – no caso, uma frente fria – que desencadeou um canal de umidade com valores de água precipitável muito altos sobre o território paulista. Esse fluxo recebe o nome meteorológico de rio atmosférico.

Conforme destaca o site de serviços meteorológicos MetSul, a cadeia de eventos que levou ao desastre no estado de São Paulo começou durante a semana passada, quando uma frente fria avançou pelo sul do país, deslocando-se para o sudeste.

Imagem de satélite mostra rio atmosférico que vem despejando chuvas torrenciais em São Paulo, que vai da Amazônia, onde recebe umidade da África, até o limite Oeste do Índico

O sistema encontrou ar mais quente sobre a região centro-oeste, levando chuvas e temporais a São Paulo, e não conseguiu progredir mais para o norte. “Com isso, a frente se tornou semi-estacionária na região sudeste”, diz o MetSul.

De acordo com os meteorologistas, isso levou à organização de um robusto canal de umidade conhecido como Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), uma faixa de nebulosidade que atravessa o Brasil e costuma trazer chuva com altos volumes em diversos estados nesta época do ano.

Rio atmosférico que causou temporais em São Paulo se estende até o Índico

Esse corredor de umidade, um verdadeiro “rio no céu”, tem uma orientação climatológica típica de noroeste para sudeste, estendendo-se da região da Amazônica até o litoral da região sudeste.

No caso dos temporais registrados no fim de semana, o rio atmosférico que se origina na Amazônia e passa por São Paulo, onde despejou muita água, se estende por milhares de quilômetros e avança pelo Atlântico até áreas ao sul da África no limite do extremo oeste do Oceano Índico, de acordo com o MetSul

Esses rios atmosféricos, grandes produtores de chuva, são comuns entre os meses de novembro e março, o que significa que é um fenômeno típico de climas mais quentes. Eles podem durar até dez dias consecutivos, causando grandes volumes de precipitação nas áreas de atuação

Por si só, a frente fria não é a grande responsável pela convergência de umidade. A área de alta pressão que atua sobre o Oceano Atlântico também tem uma parcela de contribuição para transportar a umidade da região amazônica para as demais áreas.

O desastre pela chuva em São Paulo era previsto e muito antecipado. Na última quinta-feira (27), a MetSul Meteorologia emitiu um aviso de chuva extrema para várias regiões do estado de SP com acumulados de 200 mm a 300 mm em algumas cidades, advertindo que era uma situação de perigo e que cidades da Grande São Paulo estavam na zona de risco.

O alerta de chuva com volumes excessivos se mantém nesta segunda e na terça com alto risco de precipitações por vezes fortes a torrenciais, o que poderá levar os acumulados, em algumas cidades, a 400 mm em um total de 120 horas. A instabilidade cede só na quarta (2), embora permaneça chovendo em várias áreas do estado.

Fonte:        olhardigital.com


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