A Espanha vive neste domingo (23/07) uma noite de expectativa, em uma disputa acirrada entre direita e esquerda na contagem dos votos das eleições antecipadas. Embora duas sonsagens divulgadas pela TV espanhola tenham apontado a vitória do Partido Popular (PP), conservador de direita, a contagem oficial parcial mostra na frente o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de esquerda, que lidera o atual governo com Pedro Sánchez.
Segundo dados provisórios do Ministério do Interior da Espanha, com cerca de metade das urnas apuradas, o PSOE lidera, com 32,8% dos votos, seguido pelo PP, com 31,02%, o VOX (extrema direita), com 12,30%, e o Somar (extrema esquerda), com 11,87%.
Por outro lado, com base nas pesquisas divulgadas pelas emissoras TVE e Telecinco logo após o fechamento das seções de votaçãoe, o PP seria o vencedor, mas precisaria de uma coligação com o VOX para conseguir maioria e governar. Se o cenário dessa coligação se confirmasse, seria a primeira vez que um partido de extrema direita entrará no governo da Espanha desde o fim da ditadura de Francisco Franco, na década de 1970.
De acordo com a pesquisa da emissora Telecinco, o PP deve conquistar entre 147 e 153 deputados, o PSOE entre 109 e 115, o VOX, entre 29 e 33, e o Somar, entre 25 a 29. A sondagem foi realizada por telefone e ouviu cerca de 10 mil pessoas durante a campanha eleitoral.
Já a pesquisa divulgada pela televisão pública TVE é menos favorável para a direita espanhola, mas ainda assim mostra o PP na frente, com entre 145 e 150 deputados. Em seguida vem o PSOE, com entre 113 a 118 deputados, o Somar com entre 28 a 31, e o VOX com entre 24 a 27.
Os dados divulgados pela TVE têm por base uma pesquisa telefônica com mais de 17 mil eleitores ao longo da campanha, incluindo este domingo, dia da votação – portanto, não se trata de boca de urnas.
O Congresso espanhol tem 350 deputados e, portanto, a maioria absoluta é obtida com 176 cadeiras
Estas são as 26ª eleições gerais na Espanha desde o fim da ditadura, em 1977. Estavam aptos a votar 37,4 milhões de eleitores e compareceram às urnas cerca de 53%.
As eleições estavam previstas para dezembro, no final da legislatura, mas foram antecipadas por Sánchez na sequência da derrota da esquerda nas municipais e regionais de 28 de maio e na esperança de barrar um crescimento da direita.
A eleição também ocorreu no auge do verão, quando um número significativo de eleitores pode estar longe de seus locais habituais de votação devido a férias e em meio a um mês de ondas de calor.
Ânimos acirrados
Mais de 5 mil pessoas, entre elas várias que se deslocavam para votar, sofreram com uma avaria ferroviária na linha Madri-Valência, quebrando o clima de tranquilidade deste domingo de eleições.
Segundo relatou a empresa ferroviária pública Renfe, um incêndio ocorrido no sábado à noite em uma caixa de força que requereu a intervenção dos bombeiros provocou a suspensão da circulação devido às chamas, à fumaça e ao alagamento do túnel pela água utilizada para apagar o fogo.
De acordo com estimativas da Renfe, que também ofereceu sua colaboração a operadores privados, o serviço foi “totalmente suspenso” e os passageiros receberam soluções alternativas em outros trens ou ônibus.
O incidente gerou preocupação entre os eleitores e políticos e representantes públicos, como a prefeita de Valência, a conservadora María José Catalá, que cobrou alternativas para que nenhum eleitor ficasse sem exercer seu voto.
A origem do problema foi um incêndio, cujas causas ainda estão sendo investigadas, que desativou as bombas que permitem a drenagem deste túnel.
Fonte: dw.com