Viúvo de Rita Lee, Roberto de Carvalho deu uma entrevista emocionante logo após a morte da cantora, vítima de um câncer no pulmão na última semana. Interrompido algumas vezes por crises de choro, o músico revelou que o desejo de falar sobre Rita partiu de um pedido dela. “Meu amor, foi por você, para você. Como tudo daqui pra frente vai ser”, disse, já no final da entrevista para o “Fantástico“.
Roberto foi o grande amor da vida de Rita, que o conheceu em 1976, durante um show de Ney Matogrosso. “Dizia a Rita que ela foi no show, me viu e me achou interessante. Amor à primeira vista. Depois do show ela convidou o Ney e um músico pra irem jantar na casa dela e eu fui. Eu tava usando uma meia de lurex, ela elogiou e eu tirei e dei pra ela. Aí começou uma magia”, entregou o artista.
Ficaram juntos desde então. “A gente sentou no piano e começou a cantar. Os convidados foram se retirando e quando a gente viu estávamos só nós dois. E a paixão se revelou na sua forma mais esplêndida, espetacular, sensual, amorosa. Não nos separamos nunca mais”, detalhou.
E completou, com lágrimas nos olhos: “Nos tornamos cara-metade. O Roberto é a Rita e a Rita é o Roberto, em vida ou em morte. Eu continuo sendo ela e ela continua sendo eu”.
‘RITA LEE ERA CONSIDERADA UM MILAGRE PELOS MÉDICOS’
O diagnóstico de câncer foi recebido em 2021 com uma bomba: “Ela foi fazer uns exames e viu que tratava-se de um tumor em estágio avançado, com metástase. E os médicos previram uma sobrevida de 3 a 4 meses“, revelou o músico. “Mas ela encarou o negócio com uma força… Ela fez quimioterapia várias vezes, radioterapia. Foram momentos muito sofridos”, afirmou. “A Rita era considerada um milagre pelos médicos que cuidavam dela”.
Para ajudar a cuidar da mãe, João, filho do meio de Rita e Roberto, voltou a morar com os pais, justamente por ser o único dos três irmãos ainda sem filhos. “Eu estava com ela quando ela raspou o cabelo, pediu pra eu filmar inclusive. Ela é faca nos dentes, ela não foge de nenhum momento desse. Foi difícil porque o cabelo sempre foi uma marca na vida dela. Então vê-la sem cabelo foi muito estranho pra mim e pra ela também”, explicou o DJ.
‘RITA LEE QUERIA VIVER, NÃO QUERIA PARTIR’
Foi com essa frase que Roberto de Carvalho começou a descrever os momentos finais da mulher. “Até o fim ela nunca quis partir. Ela sempre tinha um monte de planos de escrever, de fazer músicas. Eu disse a ela: ‘queria trocar de lugar com você porque você tem muito mais coisa pra fazer do que eu. Eu vou e você fica'”, recordou, emocionado.
E revelou que Rita morreu no apartamento da família, em um quarto de hospital montado em casa: “Ela foi perdendo cabelo, a capacidade de andar, de pensar. Mas os momentos finais dela foram de uma leveza, calma, doçura. Nós estávamos todos juntos com ela. E a última fase, na cama, ela parecia uma criancinha, um passarinho. A respiração [fraca] foi parando. E ela foi em paz“.