Apenas no Brasil, são mais de 700 espécies do inseto; saiba como agir
As baratas, frequentemente consideradas insetos repugnantes, despertam aversão em grande parte das pessoas. No entanto, além da reação instintiva de querer esmagá-las, é importante considerar o papel que esses pequenos seres desempenham no ecossistema e as consequências de sua eliminação indiscriminada.
Por mais que haja vontade de pisar ou usar objetos para acertá-las, existem razões científicas e ecológicas pelas quais é preciso evitar tais atitudes. Para isso, o infectologista André Piraja esclarece que o que parece ser uma prática inofensiva, na verdade não é.
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“De acordo com a Organização Mundial de Saúde [OMS], essa prática representa um risco para a saúde, principalmente quando realizada dentro de casa. Ao esmagar uma barata, liberamos uma grande quantidade de bactérias, fungos, vírus e outros microrganismos presentes no inseto. Existem estudos que associam essa prática a doenças como tuberculose, poliomielite, febre tifoide, conjuntivite, pneumonia, hepatite A e até hanseníase”, conta.
Inseticidas, então, são a saída?
Segundo o especialista, o uso de inseticidas também pode prejudicar a saúde de quem os manipula, seja por inalação ou contato direto. Além disso, a substância não impede que a barata morta libere contaminantes para o ambiente, apenas retarda esse processo.
Então, qual seria a melhor forma de eliminar as baratas de forma segura? A orientação, conforme explica o médico, é que o inseto seja capturado com um papel e posteriormente morto fora de casa, sendo descartado no lixo. No entanto, para aqueles que não conseguem realizar essa captura devido ao medo ou nojo, há outras indicações:
- Usar água quente;
- Utilizar álcool em gel;
- Recorrer ao detergente líquido (lava-louças); e
- Utilizar gel específico para eliminar baratas.
“Ressaltamos que essas alternativas não eliminam totalmente o risco de contaminação, mas contribuem significativamente para reduzi-la. Em todos os casos, a liberação de microrganismos será mais lenta em comparação com quando se esmaga a barata, o que libera os contaminantes de forma imediata. O ideal é descartar o inseto morto logo após utilizar qualquer uma dessas opções”, detalha.
É importante frisar, além disso, que ao invés de recorrer a métodos violentos e ineficazes de controle de pragas, é possível adotar abordagens mais sustentáveis. Medidas preventivas como a manutenção da limpeza em áreas propensas a infestações, o armazenamento adequado de alimentos e a vedação de possíveis pontos de entrada são muito mais eficazes na prevenção da presença de baratas.
Mais de 700 espécies de baratas só no Brasil
As baratas estão presentes em quase todo o mundo, exceto nas regiões mais frias.
“Estima-se que existam mais de 4 mil espécies desses insetos em todo o mundo, sendo que somente no Brasil há pelo menos 700. A maioria das espécies vive em florestas e não representa riscos para a saúde humana, pois não tem contato com agentes contaminantes”, conta André.
No Brasil, a espécie mais comum é a barata vermelha, de esgoto ou doméstica, e é frequentemente encontrada em residências. Com a modernização e construção das grandes cidades, algumas espécies começaram a migrar para as habitações humanas.
Isso ocorre devido à existência de ambientes propícios para sua permanência e reprodução, como locais úmidos e disponibilidade de alimento.
Controle biológico
As baratas são insetos muito diversos e abundantes e, por serem onívoras, ou seja, por comerem de tudo, têm papel vital como decompositoras de restos orgânicos. Além disso, fazem parte da dieta de muitos outros animais, como aves, aranhas, lacraias e escorpiões.
“Esses insetos consomem rapidamente toneladas de fezes, cadáveres, restos alimentares e até papel, cigarros e plásticos. Se sumissem do planeta, sofreríamos com um rápido acúmulo de resíduos humanos nos esgotos e cemitérios”, comenta André, sobre o papel dos insetos no ecossistema.
Por servirem de alimento a muitos predadores que fazem parte da fauna das cidades – como ratos e morcegos, seu fim causaria também uma rápida desestabilização das populações animais.
“Seria necessário um longo período de readaptação ecológica até que outro ser vivo ocupasse o nicho das baratas. Por isso, mesmo que você não goste delas, é mais sábio deixar que continuem habitando nossos esgotos, lixeiras e cemitérios”, conclui.
Fonte: cnnbrasil.com.br