Dólar acima de R$ 6: veja qual é a expectativa dos economistas para 2025

Dólar acima de R$ 6: veja qual é a expectativa dos economistas para 2025
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Com a moeda em um patamar elevado, os preços tendem a subir e setores como o varejo já admitem reajustes nos preços em janeiro

O mercado de câmbio brasileiro enfrentou uma desvalorização significativa em 2024, com o dólar encerrando o ano em R$ 6,18, uma alta de cerca de 27% em relação ao início do período

A moeda chegou a abrir 2025 em alta, tocando os R$ 6,22 ao longo do dia, mas acabou fechando a sessão desta quinta-feira (2) em queda de 0,22%, a R$ 6,1651 na venda. Ainda assim, especialistas avaliam que o câmbio deve permanecer acima de R$ 6 durante – pelo menos – o primeiro trimestre do ano.

“É de se esperar uma suavização do câmbio, e que no final do primeiro trimestre ele esteja em um nível, não vou chamar nível de equilíbrio, mas é de se esperar um retorno do câmbio para algo em torno de R$ 6,05, 6,10”, afirmou Márcio Estrela, consultor da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam

A alta do dólar preocupa setores produtivos. Com a moeda em um patamar elevado, os preços tendem a subir e setores como o de varejo já admitem reajustes nos preços em janeiro.

Além de elevar o custo para a importação de insumos, o câmbio depreciado torna o mercado externo mais atrativo para uma série de setores, como a agroindústria.

“Para 2025, a recuperação do real dependerá de uma combinação de fatores. Reformas estruturais capazes de atrair investimentos, aliados a um ambiente externo mais favorável, poderão reduzir a pressão cambial”, afirma Einar Rivero, analista da Elos Ayta.

O desempenho registrado pelo real em 2024, colocou a moeda como a mais desvalorizada entre 27 economias analisadas em levantamento feito por Rivero.

O resultado foi o pior para a divisa brasileira desde 2020 e a terceira maior desvalorização em termos nominais desde 2010. Completam o pódio os anos de 2015, durante o segundo mandato da então presidente Dilma Rousseff (-31,98%), e 2020, ápice da pandemia de Covid-19 (-22,44%).

“O desempenho do real em 2024 ilustra os desafios enfrentados pelo Brasil em um cenário global adverso e diante de incertezas domésticas. A análise das flutuações cambiais ao longo dos últimos 15 anos destaca a volatilidade inerente à economia brasileira e reforça a importância de medidas consistentes para garantir estabilidade e previsibilidade aos agentes econômicos”, concluiu Rivero.

Influências

Segundo especialistas, o principal fator para a alta do câmbio é o cenário doméstico, com as incertezas sobre a sustentabilidade fiscal das contas públicas.

“A grande dúvida vai vir de Brasília, de como é que o trio Executivo, Legislativo e Judiciário vai trabalhar para o ano que vem. Brasília é uma surpresa, qualquer coisa que desagradar pode fazer [o câmbio] voltar a piorar”, questiona Alexandre Cabral, professor da Saint Paul Escola de Negócios.

Outro fator que influencia o câmbio é a política econômica de Donald Trump. De volta à Casa Branca, o republicano planeja elevar tarifas de importação com a intenção de favorecer produtos norte-americanos.

O efeito do movimento pode ser uma alta na inflação dos Estados Unidos e fortalecimento do dólar no mundo.

“Temos essas várias ‘caixinhas’. A ‘caixinha’ Trump é uma dúvida, vamos ter que esperar o decorrer do ano para entender como pode afetar o Fed”, pontuou Cabral, indicando para o temor de que as políticas do republicano possam manter os juros dos EUA mais altos por mais tempo.

Em dezembro, o Banco Central (BC) realizou uma série de leilões de dólares à vista para conter a depreciação do real.

Márcio Estrela destaca que, passado o período de maior volatilidade, as intervenções do BC tendem a diminuir, permitindo que o câmbio encontre seu equilíbrio naturalmente.

“O Banco Central não vai atuar para atingir um câmbio específico, mas para controlar volatilidades decorrentes de problemas no mercado”, concluiu Estrela.

Porém, passada uma “temporada” de fuga de capital que ocorre no fim do ano – por conta de tributações ligadas aos pagamentos de juros sobre capital próprio (JCP) e dividendos – e com a expectativa de que as exportações do agro brasileiro coloquem mais dólares em circulação no Brasil, o professor da Saint Paul Escola de Negócios avalia que o real pode ter um alívio frente às pressões negativas.

O que (e como) o BC pode fazer para derrubar o dólar?

Fonte:  cnnbrasil.com.br


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