Neste 6 de abril é celebrado mais um Dia Mundial da Atividade Física — uma data criada em 2002 para promover o movimento humano e mais saúde. Mas de lá para cá, pouco mudou. Fizemos mais do mesmo e os níveis de atividade física não evoluíram. Por que isso ocorreu? Como podemos melhor promover atividade física?
O fato é que fazer atividade física, especialmente sob a forma de exercícios físicos, com objetivos focados somente na saúde, pode não ser suficiente para motivar as pessoas. O slogan “exercício é remédio” não tem funcionado.
Um motivo relacionado à saúde no curto prazo, como uma doença, pode motivar o envolvimento inicial em exercícios. Porém, são fatores além disso que promovem continuidade, como as respostas afetivas imediatas, ou seja, como nos sentimos durante a corrida, a sessão de musculação, de Yoga, Pilates, etc. Você tem prazer durante a atividade? Prazer tem sido apontado como uma motivação de alta qualidade para exercícios. Mas como podemos promover prazer durante os exercícios?
Experiências prazerosas no treino
Dois pesquisadores reuniram estratégias para facilitar experiências prazerosas no exercício, dividindo-as em intrínsecas (as 3 primeiras) e extrínsecas (as 2 últimas). Além de aumentar o prazer, elas buscam também minimizar o desprazer, essa é uma resposta que muitas pessoas sentem durante o esforço físico e que pode espantá-las dos treinos.
Intensidade do esforço
Esse é um grande determinante de prazer (ou desprazer). Intensidades moderadas nos exercícios estão associadas ao prazer para a maioria das pessoas, embora alguns ao aumentar ainda mais a intensidade, sentem maior prazer, enquanto outros têm queda no prazer com esse aumento.
A explicação a partir da perspectiva evolucionista para isso é que os caçadores coletores faziam suas atividades para sobrevivência com esforços moderados, se mantendo ativos e alertas no ambiente, sendo que evoluímos dessa maneira. Como respostas afetivas, como o prazer, são altamente individuais, nem todo mundo quer se sentir como o famoso bordão “morri, mas passo bem”, de tanto esforço durante e após um treino.
O potencial da intensidade no treino para gerar uma experiência agradável pode ser maior se a intensidade for autorregulada, por exemplo, quando você faz uma caminhada no seu ritmo. Verifique como se sente em diferentes níveis de intensidade no seu treino, se prefere correr mais rápido ou moderadamente ou se na academia prefere levantar um pouco mais de peso, e não se esqueça de consultar um profissional de Educação Física.
O final do treino
Evidências sugerem que a tarefa de finalização é o mais poderoso estímulo afetivo e pode influenciar o julgamento de toda a sessão de exercícios. O último exercício do treino importa. Odeia abdominais ou treinar panturrilhas e eles são seu último exercício? Cuidado: o que você sente no fim do treino pode influenciar a percepção de toda a sessão.
Se seu objetivo for hipertrofia ao treinar musculação, a ordem dos exercícios parece não ser tão importante, então que tal finalizar com um exercício que você goste?
Abdominais por último no treino podem não ser a melhor opçãoFonte: Getty Images
A escolha da modalidade
Selecione algo que goste de fazer e se sinta competente para tal, em ambiente agradável no seu tempo livre. O tipo de exercício e o ambiente importam. Nem todos se sentem bem nas academias de musculação, o que gerou o termo “gymtimidated”, quando alguém se sente inseguro de si mesmo e ameaçado por outras pessoas na academia, por isso veja como se sente em diferentes ambientes.
Exercício ao ar livre e em grupo
Se movimentar ao ar livre foi valorizado a partir da pandemia e hoje se reconhece cada vez mais os benefícios à saúde, devido aos efeitos sinérgicos do exercício e do contato com a natureza, especialmente para saúde mental, auxiliando no combate à ansiedade.
Procure por parques e praças na sua cidade. Treinos em grupo podem fornecer, além do prazer derivado da companhia de pessoas, afiliação, senso de comunidade, de pertencimento e de camaradagem. Considere também usar a sessão de exercícios para um momento de solitude, em que você aprecia a própria companhia e vive a solidão de maneira positiva para refletir, como correr sozinho na rua.
Será que no futuro vamos poder mergulhar a qualquer momento no metaverso para treinar a modalidade que quisermos, com quem quisermos e no ambiente que escolhermos?
Música
A música pode tornar a atividade mais agradável e impulsionar o desempenho, além disso pode gerar respostas como emoções, assim como dissociar o exercício do esforço, o qual muitos tem verdadeira aversão, quando pensam em se exercitar. A música pode nos distrair. Saiba aqui qual é, segundo a ciência, o melhor tipo de música para treinar.
Essas são estratégias para promover prazer no exercício, tente encaixá-las na sua rotina. Se buscamos prazer imediato em tantos comportamentos, por que não como motivação para se movimentar mais?
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