Estresse, traumas e condições de trabalho difíceis são considerados possíveis motivos para diagnósticos de depressão e ansiedade em policiais militares, como avalia Laudicério Aguiar Machado, sargento da Polícia Militar e presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiros Militar de Mato Grosso (ACS-PMBM/MT). Para ele, a corporação está doente e o Estado tem um papel crucial para lidar com o cenário que envolve a saúde mental dos militares.
Na segunda-feira (20), mais um policial militar foi encontrado morto, em Sorriso (420 km ao norte). Segundo relatos, o sargento Hélio Expedito da Silva, 44, enfrentava uma batalha com a saúde mental. A morte de Hélio ocorre um mês após o sargento William Ferreira Nascimento, 42, ser morto por um colega de farda, Gabriel Castella Cardoso, 34, que tirou a própria vida após o assassinato, em São José do Rio Claro (315 km a médio-norte).
O adoecimento dos policiais é provocado por fatores como pressão profissional, exposição a situações de risco e o deficit de suporte psicológico. Meu entendimento é que o papel do Estado é crucial e medidas como programas de apoio à saúde mental, psicológica e psiquiátrica, além de treinamento adequado, são essenciais para lidar com esse cenário.
Laudicério explica que a falta de cuidado com a saúde dos militares impacta diretamente no trabalho das forças de segurança, que a sociedade passa a ficar mais vulnerável a partir do momento em que o Estado se ausenta por conta dos policiais doentes.
Além disso, pontua que o adoecimento na Polícia Militar, não só em Mato Grosso, mas no Brasil inteiro, não é recente, porém a visibilidade do problema tem aumentado, indicando a necessidade de abordar essas questões de forma mais proativa e aberta.
Casos recentes de violência entre colegas de farda e suicídios destacam a urgência de intervenções preventivas, incluindo suporte psicológico, psiquiátrico, treinamentos de resiliência e ações para reduzir o estigma associado à busca de ajuda.
CVV
É possível acionar o Centro de Valorização da Vida (CVV) através de ligações gratuitas pelo número 188, ou pelo www.cvv.org.br via chat, Skype e e-mail.
Fonte: gazetadigital