A pequena república centro-americana da Costa Rica é exceção em uma região marcada por exércitos inclinados a intervir na política.
O país aboliu suas forças armadas em 1948, dando início a uma tradição de pacifismo e neutralidade em conflitos bélicos.
Em 1987, o ex-presidente Óscar Arias recebeu o prêmio Nobel da Paz por mediar o histórico acordo de paz de Esquipulas 2, que pôs fim a guerras civis nos vizinhos El Salvador e Nicarágua.
Um estudo do Observatório de Desenvolvimento da Universidade da Costa Rica afirmou, em 2018, que a abolição das forças armadas e a política de pacifismo permitiram ao país aumentar seus investimentos em saúde e educação. Hoje, a Costa Rica tem níveis de bem-estar acima da média latino-americana.
Embora não possua forças militares, as forças de segurança costarriquenhas, civis, são bem-treinadas e mais numerosas que os exércitos de nações vizinhas. A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) tem sua sede na capital, San José.
Como o próprio nome indica, a Costa Rica possui uma exuberante riqueza natural nas suas costas do Atlântico, do Pacífico e do Caribe. O país é uma potência no ecoturismo, aproveitando a beleza de suas praias, cadeias montanhosas, vulcões e vida selvagem. Tradicionalmente produtor de bens agrícolas, como o café e a banana, o país se converteu em uma economia diversificada, em que o turismo é uma importante fonte de renda.
FATOS
LÍDER
O economista Rodrigo Chaves foi empossado presidente em maio de 2022 após vencer um pleito marcado pela polarização política e uma abstenção recorde de 43% no segundo turno.
Antes das eleições, Chaves era considerado um “azarão” com pouca experiência política. Durante a campanha, ele subiu o tom contra os partidos tradicionais e criticou duramente o seu rival, o ex-presidente José María Figueres. Porém, foi acusado de fazer populismo eleitoral.
Chaves é doutor em economia pela Universidade de Ohio, nos EUA, e recebeu uma bolsa da Universidade Harvard para estudar o fenômeno da pobreza na Ásia. Ele foi diretor do escritório do Banco Mundial na Indonésia, instituição onde trabalhou por quase 30 anos.
Em uma breve passagem pela política, Chaves foi ministro da Economia por seis meses, enfrentando o desafio de reavivar uma economia combalida pelos efeitos da pandemia.
Costarriquenhos ouvidos por institutos de pesquisas de opinião dizem que as prioridades de seu governo devem ser o desemprego e a economia.
MÍDIA
A Costa Rica possui um cenário diversificado para a imprensa e radiodifusão. Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, os princípios de liberdade de imprensa e liberdade de expressão são respeitados e os jornalistas contam com um sólido marco legal para exercer sua profissão.
Além de vários veículos de comunicação nacional, existem vários veículos regionais com uma variedade de pautas (política, cultural, religiosa, comercial, universitária, etc.) Em 2020, mais de 80% da população costarriquenha tinha acesso à internet, segundo o Banco Mundial.
RELAÇÕES COM O BRASIL
Brasil e Costa Rica mantêm relações diplomáticas desde 1906, mas a primeira visita oficial de um presidente brasileiro à Costa Rica só aconteceu em 2000, com Fernando Henrique Cardoso. Presidentes costarriquenhos haviam feito até então três visitas ao Brasil (em 1974, 1997 e 1999).
As relações bilaterais se intensificaram desde então. O ex-presidente costarriquenho Óscar Arias visitou o Brasil em 2008 e Luiz Inácio Lula da Silva retribuiu a vista em 2009.
Em 2010, os costarriquenhos adotaram o padrão de TV digital brasileiro, ISDB-TB, uma adaptação do padrão japonês. Em setembro de 2020, o Mercosul apresentou à Costa Rica uma proposta para um acordo de livre comércio.
Os países assinaram um mecanismo de consulta política em 2021 para discutir temas como comércio, cooperação e estabilidade regional. Por sua posição nas relações globais, a Costa Rica é vista pelo Itamaraty como uma nação parceira em temas como multilateralismo, direitos humanos, meio ambiente e desenvolvimento social.
Além disso, segundo o Itamaraty, muitos surfistas brasileiros visitam as cidades costeiras da Costa Rica, sobretudo do Pacífico, onde permanecem durante toda a temporada de surfe. Os principais destinos dos turistas brasileiros são San José, Alajuela, Heredia e Cartago. Em 2019, mais de 26 mil brasileiros entraram no país.
LINHA DO TEMPO
Datas importantes na história da Costa Rica:
1502 – Cristóvão Colombo avista a Costa Rica. Colonização espanhola começa em 1522.
1563 – Espanhóis estabelecem a primeira capital oficial da Costa Rica, na cidade de Cartago (sudoeste de San José).
1821 – Costa Rica declara sua independência da Espanha e adere ao império mexicano.
1823 – Costa Rica se torna uma província da Federação Centro-Americana, ao lado de El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua.
1838 – A Costa Rica se torna um país independente após a desintegração das Províncias Unidas da América Central.
1849-59 – Liderados por Juan Rafael Mora, costarriquenhos resistem aos ataques de William Walker, um filibusteiro (corsário) americano que tentava controlar a região com um exército de mercenários. Mais tarde, Mora se tornaria presidente do país.
1948 – Ex-presidente Rafael Angel Calderón Guardia perde a eleição por uma pequena margem e se recusa a aceitar a vitória de Otillio Ulate. Começa uma sangrenta guerra civil que dura 44 dias. Ao final, toma posse um governo temporário liderado por José Figueres.
1948 – A Costa Rica adota uma nova Constituição que suprime o exército. Na esteira da guerra civil, país deixa para trás um longo histórico de conflitos resolvidos pela força.
1955 – Disputas de fronteira com a Nicarágua são resolvidas por mediação da Organização dos Estados Americanos (OEA).
1987 – Líderes da Nicarágua, El Salvador, Guatemala e Honduras assinam o acordo de paz de Esquipulas 2, elaborado por Óscar Arias Sanchez. O presidente costarriquenho leva o Prêmio Nobel da Paz naquele ano.
2009 – Arias, eleito para um segundo mandato em 2006, diz que a Costa Rica restabelecerá os laços com Cuba, 48 anos após o rompimento com o país em 1961.
2010 – Laura Chinchilla vira a primeira mulher a presidir a Costa Rica.
2015 – Quase 8 mil migrantes cubanos partem para El Salvador como parte de um programa-piloto acordado pelos países centro-americanos para permitir sua passagem segura para os EUA. Eles haviam permanecido na Costa Rica por quatro meses, depois de a Nicarágua recusar passagem.
2015 – A Costa Rica ganha uma longa disputa territorial com a Nicarágua, depois que o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, decide que o país tem direito a uma pequena área de pântano conhecida como Isla Portillo no rio San Juan.
2022 – Rodrigo Chaves Robles torna-se o 49º presidente costarriquenho, após vencer eleições marcadas por polarização e alta abstenção.