O rei Charles 3° foi formalmente proclamado neste sábado (10/09) o novo monarca do Reino Unido e de 14 países que têm o ocupante da coroa britânica como chefe de Estado. A tradicional cerimônia de proclamação do novo soberano Palácio de St. James, no centro de Londres, foi transmitida pela primeira vez ao vivo na televisão.
Apesar de o herdeiro suceder automaticamente à sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª, após sua morte na quinta-feira, este é o ato em que o poder político britânico o reconhece oficialmente como soberano. O cerimonial Conselho de Adesão é composto por figuras políticas e sociais relevantes do Reino Unido, bem como por representantes dos 14 países da Commonwealth of Nations (antigos territórios britânicos).
Dezenas de políticos, juristas e autoridades sociais, entre eles, a atual primeira-ministra britânica, Liz Truss, e seus cinco antecessores no cargo – Boris Johnson, Theresa May, Gordon Brown, David Cameron e Tony Blair – se reuniram no Palácio de St. James para a reunião do Conselho Privado sem a participação de Charles para confirmar o título do novo rei.
Como membros do Conselho Privado – uma herança do passado que atualmente é sobretudo simbólico – também estão presentes Camilla, a rainha consorte, e o arcebispo de Cantuária, Justin Welby, primaz da Igreja Anglicana.
A proclamação foi lida poucos minutos depois das 10h (horário local) na cerimônia chamada Conselho de Adesão. O cerimonial declarou o príncipe Charles Philip Arthur George como o novo monarca Charles 3°, após o que os participantes do ato, principalmente figuras políticas, disseram: “Deus salve o rei”.
Exemplo de Elizabeth 2ª
O rei se juntou ao grupo para assinar o juramento. Ao discursar, Charles 3° prometeu seguir “o exemplo” da sua mãe no seu reinado, durante o qual se compromete a respeitar os princípios constitucionais e a servir com dedicação os cidadãos. Ele disse também estar “profundamente consciente” do legado de Elizabeth 2ª e dos “deveres e vastas responsabilidades da soberania” que herdou.
“Ao assumir essas responsabilidades, me esforçarei para seguir o exemplo inspirador que me foi dado, ao defender o governo constitucional e buscar paz, harmonia e prosperidade dos povos dessas ilhas e dos reinos e territórios da Commonwealth em todo o mundo”, declarou.
Na sua declaração, Charles 3° voltou a citar, como fez em mensagem à nação, o enorme pesar que sua família e todo o país sentem pela morte da sua mãe, cujo reinado de 70 anos foi sem precedentes em “duração, dedicação e devoção”.
“É um grande conforto para mim as condolências expressadas por tantos à minha irmã e irmãos e que todo esse afeto e apoio avassaladores sejam estendidos a toda a família em nossa perda”, agradeceu o rei em um tom muito formal.
O rei, que em princípio não tem poder político (embora exerça influência), afirmou que será orientado pelos respectivos Parlamentos e está confiante que terá o apoio e o carinho dos cidadãos.
Charles 3°confirmou ainda que manterá a atual prática de transferência de rendimentos hereditários para o Tesouro Público, que depois é utilizado para subsidiar a família real na sua atividade oficial.
Ao final de seu discurso, o novo rei também jurou garantir a proteção da Igreja da Escócia (ele é o chefe da Igreja Anglicana) e autorizou a distribuição de sua declaração para ser lida em Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, bem como nos países da Commonwealth.
Dos países do Commonwealth, 14 mantêm o monarca do Reino Unido como chefe de Estado: Austrália, Antígua e Barbuda, Bahamas, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Papua Nova Guiné, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Nova Zelândia, Ilhas Salomão e Tuvalu. Barbados tinha a rainha Elizabeth como chefe de Estado até novembro do ano passado, quando rompeu com a monarquia britânica e tornou-se uma república.
Feriado no dia do funeral da rainha Elizabeth
Mais tarde, o novo rei sentou-se para assinar um documento atestando que havia feito o juramento, na presença da rainha consorte, Camilla, e do príncipe de Gales, William.
O rei aprovou ainda uma série de ordens, incluindo uma que declarou feriado o dia do funeral da rainha Elizabeth. A data ainda não foi anunciada, mas é esperado que ocorra por volta de 19 de setembro.
Este foi o primeiro ato oficial de Charles 3° como chefe de Estado e é diferente da coroação, cerimônia de grande pompa que deve acontecer nos próximos meses. O rei Charles 3° será o 40º monarca a receber a coroa na Abadia de Westminster, em uma cerimônia religiosa que é realizada há mais de 900 anos e que passou a seguir os rituais da Igreja Anglicana, após sua criação pelo rei Henrique 8°, em 1534.
Fonte: dw.com