Catapora e outras: desabastecimento de vacinas coloca população em risco; veja lista

Catapora e outras: desabastecimento de vacinas coloca população em risco; veja lista
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A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que há desabastecimento de vacinas em parte da rede no Estado. Em alguns postos de saúde, não é possível encontrar imunizantes contra doenças como febre amarela, varicela (catapora), hepatite A e até coqueluche. Em Belo Horizonte e Contagem, na região metropolitana, os pais já não conseguem vacinar os filhos contra a catapora, por exemplo. O subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdocimi, explicou que a situação ocorre apesar de o Estado demandar regularmente doses ao Ministério da Saúde. A pasta federal, no entanto, não está cumprindo o cronograma de entrega das doses.

“Estamos enfrentando ausência de estoque nos municípios de hepatite A, varicela (catapora), febre amarela e hepatite A. Com essa questão do não envio das doses programadas pelo Ministério da Saúde, Minas Gerais vem lançando mão do estoque estadual que estava disponível na Central Estadual da Rede de Frio em Belo Horizonte”, explicou Prosdocimi. O subsecretário detalhou que as prefeituras repassam as situações de escassez para a SES-MG, que refaz o processo de distribuição de doses. Em julho de 2024, por exemplo, após o encontro de um mico morto no bairro Sion, na região Centro-Sul de BH, com o vírus da febre amarela, doses da vacina foram encaminhadas para a cidade. No momento, já há escassez do imunizante em algumas cidades de Minas Gerais.

Um dos alertas, conforme especialistas, é com relação a surtos. “Começamos a ver surtos de doenças que estavam extintas. A varíola, por exemplo, conseguimos extinguir do mundo por meio da vacinação; seria uma tragédia se ela voltasse. Isso vale para o sarampo e a poliomielite. Também é inadmissível que aumente a baixa vacinação contra a varicela (catapora), pois isso aumenta a transmissão da doença e a circulação do vírus em adultos e crianças, o que fatalmente aumentaria o número de casos”, analisa o epidemiologista Leandro Curi.

Preocupação com bebês e crianças

O cenário se torna ainda mais preocupante devido à morte de um bebê de um mês e 23 dias no dia 19 de julho em Poços de Caldas, no Sul de Minas, devido à coqueluche. Um dos imunizantes contra a doença — que deve ser tomado pela gestante na 20ª semana — é um dos que está na lista das vacinas com “fornecimento restrito”. Em quatro dias, Minas Gerais registrou 26 novos casos da doença. O número de casos registrados em todo o ano passado foi de 14; neste ano, o índice de casos confirmados saltou para 147 — ainda há 454 casos suspeitos. No Paraná, uma morte por causa da coqueluche também foi registrada neste ano. Em Minas Gerais, a doença não matava desde 2019. “É importante a vacinação da gestante porque ela confere imunidade ao recém-nascido que está com o sistema imunológico ainda em formação”, reforça o subsecretário. Ainda há o imunizante DTPa para as gestantes, apesar de estar em estado crítico. Atualmente, há 128.586 doses na Central Estadual da Rede de Frio.

O que fazer caso não haja a vacina no posto

O subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdocimi, ressalta que o objetivo do governo de Minas é melhorar os índices vacinais em Minas Gerais. Neste momento, no entanto, ele aconselha que os mineiros que não encontrarem alguma vacina procurem outro posto de saúde na mesma cidade. No caso de impossibilidade, é aconselhável informar a prefeitura — que entra em contato com a SES-MG. O subsecretário afirma que os índices de vacinação estão subindo no Estado e uma campanha de multivacinação está sendo preparada, mesmo em meio ao desabastecimento do Ministério da Saúde. “Minas está acima da média nacional em 12 vacinas das 19 disponíveis até dois anos de idade. E estamos acima da média do Sudeste para as 19 vacinas para o público até dois anos de idade. Fato é que estamos vacinando mais em Minas”, disse.

Vacinas com estoque restrito em Minas Gerais

Vacina Varicela
Vacina Meningocócica C
Vacina HPV
Vacina DTPa acelular (CRIE)
Vacina DTP
Vacina Tríplice Viral

Vacinas com atendimento parcial

Imunoglobulina anti-hepatite B 100 UI
Imunoglobulina Antirrábica Humana
Vacina Febre Amarela
Vacina Hepatite A (Rotina Pediátrica)
Vacina Oral Contra a Poliomielite (VOP)
Vacina Tetra viral
Vacina dTpa adulto (Gestante)
Vacina Meningocócica ACWY
O que diz o Ministério da Saúde

O que diz o Ministério da Saúde 

Há um dia, o Ministério da Saúde reconheceu que a vacina meningocócica conjugada grupo C (Meningo C) está em situação de desabastecimento devido a problemas com o fornecedor, a Fundação Ezequiel Dias (Funed), que não teria cumprido o cronograma de entregas de 2024. A fundação foi questionada sobre o cronograma. Além disso, a vacina meningocócica conjugada ACWY, que tem sido utilizada para substituir a Meningo C, também teve sua demanda aumentada, o que complicou ainda mais a situação.

O Ministério também informou que houve atraso na distribuição das vacinas contra hepatite A e febre amarela devido a problemas de controle de qualidade. Para a febre amarela, uma aquisição emergencial internacional está em andamento, com previsão de normalização dos estoques até dezembro de 2024.

No caso da vacina contra varicela, a escassez foi atribuída a obstáculos regulatórios e de fabricação. Uma compra emergencial foi realizada no final de 2023 por meio do Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), com entregas previstas para os próximos meses. No entanto, o reabastecimento completo só está previsto para o primeiro semestre de 2025, devido à produção limitada tanto no mercado nacional quanto internacional.

Quanto à vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, o Ministério informou que a distribuição está sendo contingenciada devido a problemas na entrega e liberação pelo laboratório produtor. Uma compra emergencial foi feita via OPAS, com previsão de normalização até dezembro de 2024.

Diante da situação, o Ministério da Saúde recomenda que, “assim que os estoques forem restabelecidos, seja realizado um resgate dos não vacinados e daqueles com esquema vacinal incompleto, para garantir a continuidade da imunização”. “Ressalta-se que as vacinas são algumas das moléculas mais complexas já inventadas, e os sistemas que as implantam, monitoram e financiam são igualmente complexos. Os aspectos produtivos e logísticos de vacinas são compostos por diversos desafios que se tornam ainda maiores em um Programa de Imunização tão grande quanto o do Brasil”, completa a nota.

Nesta quarta-feira (4), no entanto, após a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) detalhar o estoque de vacinas, o Ministério da Saúde se posicionou, afirmando que “mantém regular o envio de doses” e que “foram distribuídas 4,8 milhões de doses das sete vacinas em questão ao estado e, até o momento, o sistema de informação registra 1,9 milhão de doses aplicadas”. A pasta também afirmou que “caso ocorra falta de vacinas em municípios específicos”, deve ser “feita redistribuição de doses dentro do território”.

Fonte:  otempo.com.br


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