Bolsonaro decide ir à Cúpula das Américas

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Convite foi aceito após “ofensiva de charme” dos americanos, que temem esvaziamento de encontro, marcado para junho em Los Angeles, após boicote do México. Presidente brasileiro terá encontro bilateral com Joe Biden.

O presidente Jair Bolsonaro deve viajar para participar da Cúpula das Américas, em Los Angeles, e terá ainda um encontro bilateral com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, informou oficialmente nesta quinta-feira (26/05) o Itamaraty.

“O Itamaraty adota as medidas preparatórias para a visita do presidente da República a Los Angeles, para participar da próxima Cúpula das Américas”, afirmou o ministério em nota.

Bolsonaro aceitou o convite após o governo dos EUA fazer uma “ofensiva de charme” para convencer o presidente brasileiro a comparecer. No momento, o governo americano teme um esvaziamento do encontro, marcado para 6 de junho, após o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciar que não pretende participar da cúpula se o convite não for estendido aos líderes de Cuba, Nicarágua e Venezuela – países que mantêm relações tensas com Washington.

Os líderes da Bolívia, Guatemala e Honduras já anunciaram que pretendem seguir o exemplo de López Obrador e faltar à cúpula se os EUA não mudarem de ideia sobre a exclusão do trio de nações hostis aos americanos.

O governo americano justificou a exclusão apontando que os três países não respeitam a Carta Democrática Interamericana, que estabeleceu a partir de 2001 que “o estrito respeito à democracia” é uma “condição essencial para a participação em todas as cúpulas futuras”.

Os EUA também viam a nona edição da Cúpula das Américas como uma forma de mostrar que Washington ainda mantém influência e uma posição de liderança junto à América Latina, após a região ser negligenciada pelo ex-presidente Donald Trump e até mesmo por Joe Biden no início do seu governo. Trump chegou a faltar uma das edições da Cúpula, em 2018.

Inicialmente, Bolsonaro também não pretendia comparecer. Mas o cenário começou a mudar na última terça-feira, quando um emissário do governo americano, o ex-senador Christopher Dodd, viajou a Brasília com a missão de convencer Bolsonaro a participar.

A visita de Dodd e a proposta de uma reunião bilateral com Biden acabaram convencendo Bolsonaro. Segundo a agência Reuters, a avaliação no Palácio do Planalto é que o comparecimento seria um gesto de boa vontade em um momento em que o governo americano tenta salvar a cúpula de um esvaziamento total. O Planalto ainda avalia que o encontro bilateral com Biden pode ter o efeito de demonstrar que o Brasil de Bolsonaro não está tão isolado diplomaticamente.

“Nesta manhã, em meu encontro com o presidente Bolsonaro, reiterei o nosso desejo de que o Brasil seja um participante ativo da cúpula, pois reconhecemos a responsabilidade coletiva de avançar para um futuro mais inclusivo e próspero”, afirmou Dodd, em declaração divulgada após o encontro com Bolsonaro.

Esta será a primeira reunião bilateral entre Bolsonaro e Biden. Ela deve ocorrer um ano e meio depois que o presidente democrata assumiu o governo dos EUA. Um fã declarado de Donald Trump, Bolsonaro não escondeu sua insatisfação com a vitória de Biden nas eleições de 2020. Já o presidente americano fez advertências, antes mesmo de ser eleito, contra a política ambiental do brasileiro.

Em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro falou sobre a viagem. “Será uma reunião bilateral, reservada, em que a gente vai reatar para valer nosso relacionamento. Os governos são passageiros, mas os países são eternos. Há interesse dele (Joe Biden) em conversar conosco. Nós temos um bom relacionamento com todos os países”, disse.

Fonte:       dw.com


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