Presidente do Banco Central justificou que a taxa de juros caiu em agosto visando a expectativa de inflação
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, justificou nesta quinta-feira (10) que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de r eduzir os juros se deu apenas em agosto , pois a instituição não pode olhar para a inflação corrente, e sim para as expectativas do mercado.
Na última reunião do Copom, a taxa de juros caiu de 13,75% para 13,25%, na primeira redução em mais de três anos. Segundo Campos Neto, o BC conseguiu realizar um “pouso suave”, trazendo a inflação para a meta com o menor custo possível.
“Se a gente comparar o que caiu a inflação no Brasil, proporcional ao que aconteceu no emprego e no crescimento econômico, a gente tem dificuldade de achar outro país no mundo que tenha conseguido reduzir tanto a inflação com geração de emprego no mesmo período”, declarou em audiência no Senado.
Ele também rebateu as críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad , sobre as altas taxas de juro real, que é aquele descontado a inflação.
“A gente teve momentos em que a taxa de juro real no Brasil era muito mais alta. Ela está alta hoje, mas se a gente olhar o passado, ela foi muito mais alta do que é hoje. Essa crítica é verdadeira, mas ela não registra uma análise comparativa intertemporal”, disse.
“De 2014 a 2019, (a taxa de juros no Brasil) era 3,6% acima da média. Entre 2021 e 2023, foi 2,9%. Hoje, é 2% acima da média”, completou
Campos Neto também defendeu o regime de metas de inflação, comparando com regimes de outro países, declarou que o Brasil está na média mundial. Ele rebateu também as críticas de que o BC não consegue cumprir a meta, alegando que outros países da América Latina também tiveram dificuldades de contem a inflação.
A meta definida pelo Conselho Monetário Nacional para 2023 é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,75% a 4,75%. Nos últimos 12 meses, a inflação acumula 3,94%.
Inflação deve voltar a subir
O presidente do Banco Central disse que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve voltar a subir no próximo semestre. Segundo ele, os preços caíram artificialmente nos últimos 12 meses por conta de desonerações nos combustíveis.
Campos Neto ressaltou, no entanto, que a manutenção da meta pelo CMN ajudou a reduzir a expectativa de inflação para 2025 e 2026. “Assim que as medidas de ajuste fiscal e de aumento da receita forem passando, a gente deve ter uma melhora nisso”, declarou.
Ele disse ainda que a inflação de serviços no Brasil “preocupa um pouco mais”, citando que o núcleo ainda está alto.
Pacheco agradece comparecimento de Campos Neto
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, agradeceu o comparecimento presidente do Banco Central à Casa e disse na abertura da sessão que o corte na taxa de juros era “um clamor da sociedade”.
“[Quero] enaltecer a decisão do Copom de cortar meio ponto percentual da taxa básica de juros, tendo em vista que as expectativas inflacionarias têm se mostrado controladas. A queda da Selic era um clamor da sociedade porque uma taxa mais alta prejudica a geração de empregos e o crescimento da economia”, disse.
Pacheco classificou a autonomia do Banco Central como um “valoroso instrumento”. Mas reforçou o dever da autoridade monetária de “prestar contas” ao Congresso Nacional sobre a condução da política de juros.
“O Banco Central deve prestar contas ao Poder Legislativo e, consequentemente, a todos os brasileiros e brasileiras sobre sua atuação na qualidade de condutor da política monetária nacional. A autonomia do Banco Central é um inegável avanço institucional e protege a instituição de eventuais ingerências e decisões de curto prazo por pressões do processo eleitoral.”
Campo Neto agradeceu ao Congresso por aprovar a autonomia do BC e disse que a iniciativa permitiu que as agências de risco elevassem a nota de crédito brasileira no último mês.
Fonte: economia.ig.com.br