Dados são do TerraClass, projeto capitaneado pelo Inpe e Embrapa, que faz o mapeamento e monitoramento da cobertura e o uso da terra em ambos os biomas
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, participou nesta quinta-feira (1º) do lançamento dos novos resultados do projeto TerraClass Amazônia e Cerrado, na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília (DF).
Com utilização de tecnologias avançadas de processamento de imagens de satélite e inteligência artificial, o projeto tem por objetivo o mapeamento e o monitoramento da cobertura e o uso da terra em áreas onde a vegetação natural foi suprimida nos biomas Amazônia e Cerrado, classificando as atividades como agricultura, pastagem, mineração e regeneração.
Na ocasião, o ministro Fávaro destacou o trabalho em conjunto do Governo Federal para o fomento de uma agricultura mais sustentável. “Os ministérios da Agricultura e Pecuária e do Meio Ambiente tem que andar de braços dados e mostrar que há formas de produzir cada vez mais, bater recordes, mas também preservar o meio ambiente. Daí por exemplo, nasce o Programa Nacional de Conversão de Pastagens, também estruturado e apoiado pela Embrapa. Este projeto TerraClass é uma ferramenta fundamental para esse crescimento sustentável”, ressaltou.
Constatou-se que a transição de áreas de pastagem para uso agrícolas pode ser vista como oportunidade para aumentar a produtividade com sustentabilidade. Assim, com a implementação do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD), a pretensão é a recuperação e conversão de até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade em áreas agricultáveis, em dez anos.
Também participaram do evento a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá , e a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
:: PROJETO DE INOVAÇÃO
Durante a apresentação da inciativa, foi exposto que a agricultura, entre 2018 e 2022, teve um aumento de 22% na área destina à agricultura anual nos dois biomas. Este crescimento se deu sobre áreas ocupadas por usos agropecuários, especialmente em pastagens. Em relação as safras agrícolas, constatou-se uma intensificação da produção da segunda safra. Na Amazônia, foram apresentados que 88% das áreas de agricultura temporária estão sob múltiplas safras anuais.
As áreas de agricultura temporária, que consiste em culturas de curta ou média duração, onde se necessitam de mais de um plantio para produzir, na Amazônia, cresceram 50% entre os anos analisados, ocorrendo principalmente em áreas de pastagens, com um crescimento de 68% e de áreas de cultura agrícola de um ciclo, que cresceu 26%.
A ministra Luciana Santos ressaltou que os investimentos na área da ciência e tecnologia são muito importantes para o desenvolvimento do potencial agrícola brasileiro. “Poder contar com ferramentas modernas e com todo o aparato tecnológico, que inclusive o TerraClass reúne, é essencial”, afirmou.
No cerrado, cerca de um milhão de quilômetros quadrados são áreas antropizadas, onde 59% são áreas ocupadas por pastagens e 31% de culturas agrícolas. Ainda, foi apresentado que durante 2018 e 2022, houve um crescimento de 17% em cultivos temporários no Cerrado.
Já na Amazônia, dos 800 mil quilômetros quadrados de áreas antropizadas, 65% são ocupadas por pastagens e 10,6% por culturas agrícolas. Observou-se que no período analisado, houve uma retração de 8% na área destinada a culturas temporárias de um clico, indicando uma conversão para o uso mais intensivo com múltiplos ciclos.
O secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Mapa, Pedro Neto, explicou “que este projeto alinhado com outras ferramentas, que o poder público está criando com a integração e interlocução entre os Ministérios, vai se consolidar em um legado que o Brasil está deixando diante dos desafios climáticos”, ressaltou.
Também foram apresentados que apenas 1% da expansão agrícola aconteceu sobre áreas de vegetação natural.
Na oportunidade, presidente Silvia Massruhá destacou a importância da divulgação destes resultados. Já o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Clézio Nardin, afirmou que o projeto trabalha para que um dia todos os biomas brasileiros sejam mapeados. “O TerraClass é importante, estes dados divulgados são importantes, há todo um trabalho feito no fundo que envolve toda uma preparação para a continuidade e a manutenção deste sistema com dados brasileiros e com satélites”, disse.
O TerraClass é uma iniciativa colaborativa entre a Embrapa e o Inpe, com a participação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), o Serviço Florestal Brasileiro (SFB/MMA), a Agência de Cooperação Técnica Alemã (GIZ), e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), além de contar com financiamento do Banco Mundial por meio do Programa de Investimento Florestal.
Fonte: vidaruralmt.com.br