Aracy Balabanian, que morreu na manhã desta segunda-feira (07) após 10 meses de luta contra um câncer no pulmão, escolheu não ter filhos ao longo da vida e este fato nunca foi um assunto tabu para ela.
No livro biográfico “Nunca Fui Anjo”, escrito pela jornalista Tânia Carvalho com depoimentos da estrela, Aracy destaca que não ter filhos foi um dos sacrifícios que fez em prol de sua carreira como atriz.
“Quando me perguntam se sacrifiquei alguma coisa da minha vida pela carreira, digo que sim. É inevitável, não? Engravidar, por exemplo, na minha época significava não trabalhar. Se não estivesse casada, tendo alguém que me provesse, como seria? A profissão não era regulamentada, não tínhamos bons salários, licença-maternidade e direitos”, disse Aracy
Aracy nunca escondeu que realizou dois abortos ao longo da vida. O primeiro deles se deu após o pai do bebê abandoná-la e não querer assumir a criança. “Até fiz um aborto pensando em quão problemática seria a minha vida com um filho, tendo que trabalhar muito e sendo mãe solteira”, conta, no livro.
A atriz optou pelo segundo aborto porque apanhava do pai da criança. “Meu filho teria um pai que não desejaria para ninguém”, destacou, na biografia.
No livro, Aracy ainda reclamou das cobranças por ser mãe e expôs um episódio desagradável vivido nos bastidores de um trabalho.
“Uma vez, estava no corredor, indo para a maquiagem, e ouvi uma atriz jovem, bonitinha, reclamando com a maquiadora (atenção, eu sou a rainha da equipe): ‘Pára de falar de Aracy, Aracy. Aracy Balabanian já era’. Entrei e rebati: ‘Tomara que, quando você for, chegue a ser como eu’. Ela me jogou na cara a sua maternidade: ‘Me respeite, porque sou mãe’. Sem problema, minha filha, a puta também pariu. Quase fui aplaudida pelos camareiros e maquiadoras. Veja bem, ela usou contra mim e a seu favor o fato de ter tido filhos. Não é uma loucura?”, questionou.
Entre sobrinhos, sobrinhos-netos e afilhados, Aracy foi tia querida para mais de 26 pessoas. Era com eles que a estrela exercia seu lado maternal, desconstruindo qualquer ideia de que mulheres que optam por não serem mães carecem de afeto.
“Foi por causa deles que aprendi a cozinhar. E sou uma ótima dona de casa. E exerci meu lado maternal, que é forte e evidente. Ainda hoje, continuo exercendo. Tenho uma afilhada linda, Antônia, a quem me dedico muito. Meu analista diz que ela é a pessoa que mais vai me entender. Veja só, não fui mãe e agora sou avó. Posso dizer que fui amante, mulher e mãe de muita gente”, pontuou.
Fonte: purepeople.com.br