A vida do árbitro Igor Benevenuto virou de ponta cabeça após o clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG, neste domingo, pelo Campeonato Mineiro. Igor marcou um pênalti a favor do Galo, determinante para o resultado final, e relatou ameaças que ele e sua família sofreram ao fim da partida.
“Após o término da partida, minhas redes sociais viraram uma tristeza. Só mensagens abusivas, falando que vão me pegar, vão me matar. Duas vezes passou um carro em frente a minha casa, falando que ia me matar, ia matar minha família. Hoje, novamente, esse carro passou lá. Eu não fui para casa ainda e nem sei quando vou conseguir ir. Minha vida virou um stress por causa desse jogo e dessa penalidade, que foi o único lance questionável da partida”, disse em entrevista ao programa Seleção SporTV.
O árbitro revelou que já havia recebido mensagens ofensivas antes do duelo e também reforçou a sua convicção ao marcar a penalidade.
“Horas antes do clássico já havia recebido mensagens de ameaça, tanto no meu Whatsapp quanto no Instagram. Mensagens falando que, caso eu marcasse um pênalti para determinada equipe, iria me ver com essas pessoas, que eles sabiam onde eu moro, esse tipo de situação”, revelou.
“Mas continuo com a minha posição de penal. Vejo um toque do adversário pegando a perna do Hulk. Continuo com a mesma decisão, foi o que vi em campo e marquei imediatamente”, afirmou
Igor comentou também que irá entrar com uma ação contra aqueles que ameaçaram ele e sua família, além de lamentar os graves atentados que ocorreram nas últimas semanas.
“A Federação Mineira me prestou todo o apoio. Terminando aqui, vou encontrar meu advogado e vamos entrar com uma ação contra essas pessoas. Eles precisam entender que as redes sociais não são terra de ninguém. Que eles podem falar o que querem e não vão ser punidos. Vou fazer também uma ocorrência na polícia, vimos nessa semana os ônibus sendo apedrejados e aquela fatalidade no México, e isso já passou dos limites”, comentou.
“Temos que ter uma punição grave. As autoridades precisam tomar medidas para coibir essas pessoas que estão vivendo na nossa sociedade. A intolerância está muito grande, as pessoas agem com emoção e prejudicam a vida de outras, por causa de um esporte deveria trazer alegria. Temos que evoluir muito como sociedade, como gestão de futebol, porque uma tragédia está muito próxima de acontecer por aqui”, acrescentou.
Ao fim, o árbitro revelou uma estratégia adotada por ele no último clássico, mudando sua fisionomia para não ser reconhecido nas ruas de Belo Horizonte.
“Eu vinha usando barba desde o ano passado. Mas tirei para o jogo de ontem, porque sei que algumas pessoas marcam a fisionomia da gente. Então eu tirei, exclusivamente nesse jogo, para poder andar com mais tranquilidade aqui em Belo Horizonte. Mas, nesses dias, sei que não vou poder viver minha vida, nem ir para a academia e tudo mais. Tenho andado de máscara, boné e óculos escuro para tentar me esconder, mas sei que vou sofrer agressão verbal nas ruas”, finalizou.
Fonte: gazetaesportiva.com