Um estudo do Fórum Econômico Mundial (FEM), realizado em Davos, na Suíça, destaca os alimentos ultraprocessados como ponto central no debate sobre a necessidade de promover uma transformação na qualidade alimentar global e ressalta a falta de comprometimento das grandes empresas agropecuárias.
Em entrevista ao Jornal da USP, o professor Ricardo Abramovay, titular da Cátedra Josué de Castro da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo, discute o tema.
O consumo de ultraprocessados no mundo
- O professor explica que existem quatro tipos de alimentos: naturais, minimamente processados, industrializados e ultraprocessados, produzidos totalmente de forma artificial.
- Estes últimos representam 60% das calorias consumidas na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos.
- A situação em países em desenvolvimento não é diferente, com 62% da população sofrendo de obesidade.
- A falta de uma dieta saudável leva 42% da população global a consumir esses alimentos.
- São cerca de 2 bilhões de pessoas com obesidade, sobrepeso e carências nutricionais em ferro, zinco e outros, ao redor do mundo.
Leia mais:
- Davos: com IA e mudanças climáticas, CEOs temem pelo futuro das empresas
- Consumo de ultraprocessados pode aumentar risco de desenvolver câncer
- Alimentos ultraprocessados: afinal, por que fazem tão mal à saúde?
Transformação do sistema agroalimentar
Segundo o Fórum Econômico Mundial (FEM), as doenças que mais causam mortes em todo o mundo, como as cardiovasculares e o câncer, têm sua origem nos alimentos ultraprocessados. Abramovay explica que é crucial mudar o sistema agroalimentar, responsável por emitir um terço das emissões de gases do efeito estufa:
A conclusão do FEM é que precisamos urgentemente diversificar o sistema agroalimentar, não apenas em relação à alimentação, mas também no conjunto do sistema, incluindo a oferta de produtos animais.
Conferência G20
Em setembro deste ano, ocorrerá a conferência do G20, da qual o Brasil é o regente atualmente. A reunião deve abordar o tema da qualidade alimentar, com destaque para o combate à fome, já que o número de pessoas nessa situação aumentou em 150 milhões.
Abramovay afirma que, em fevereiro, haverá também uma reunião entre os ministros das Finanças dos países integrantes do G20. A USP, que estará representada no encontro, enfatizará a urgência na discussão sobre as mudanças necessárias no sistema agroalimentar global para combater a fome e as desigualdades.
Fonte: olhardigital.com.br