Corpo da vítima jamais foi encontrado, mas a Justiça concluiu que ela foi morta pelo companheiro
O réu Izomauro Alves de Andrade foi condenado a 22 anos e quatro meses de prisão pelo feminicídio e ocultação de cadáver da estudante de Direito Lucimar Fernandes Aragão, de 40 anos, com quem mantinha um relacionamento na época.
Ele foi preso graças a investigações realizadas pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O crime ocorrido em maio de 2020, em Cuiabá, chama atenção, uma vez que o corpo da vítima nunca foi localizado. O julgamento, presidido pela juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, foi realizado na terça-feira (26) com condenação da pena em regime fechado.
As investigações da DHPP perduraram mais de seis meses e incluíram diversas diligências, análise de informações, depoimentos, buscas e escavações para apurar o desaparecimento, sendo concluído que a estudante foi morta pelo ex-companheiro, de 39 anos, que ocultou seu corpo após o crime.
O delegado Fausto Freitas, responsável pela conclusão do inquérito, destacou que a condenação é resultado de uma investigação bem-sucedida realizada pela equipe da DHPP, uma vez que se tratou do julgamento de um homicídio que o corpo não foi localizado, mesmo após dois anos do crime.
“Com todo o material coletado, foi possível concluir a investigação de um crime contra a vida, ainda que não se tenha o corpo ou restos mortais. Foi investigação complexa, mas o aparato tecnológico à disposição da Polícia e as evidências encontradas não impedem a responsabilização do investigado”.
Investigações
Após o desaparecimento de Lucimar, em maio de 2020, a mãe dela procurou a Polícia Civil em agosto para informar que não tinha mais notícias da filha, que não ficava um tempo tão longo sem contato, e o celular estava desligado.
A mãe informou ainda, na época do registro do desaparecimento, que foi até a residência de Lucimar e encontrou a casa e o carro com aspectos de abandono.
A partir da ocorrência registrada no Núcleo de Pessoas Desaparecidas da DHPP, a Polícia Civil iniciou as buscas pelo paradeiro da vítima, sendo instaurado inquérito cuja principal linha de investigação levou ao namorado com quem ela manteve um relacionamento conturbado.
Pouco menos de um mês antes de Lucimar desaparecer, o investigado foi preso por violência doméstica praticada contra ela e passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica.
Desaparecimento
No inquérito policial conduzido inicialmente pelo delegado Anderson Veiga, foram anexadas evidências de que o último sinal real de vida da vítima foi registrado entre a madrugada de 17 para 18 de maio de 2020.
Conforme registros telefônicos analisados, entre quatro e cinco horas da manhã ela fez contato com um amigo dizendo que brigou com o namorado e estava com medo de ser agredida.
Mais outras três tentativas de ligações foram feitas do celular de Lucimar, uma delas para o número 190, ligação que foi interrompida. A partir de então, não se teve mais contato dela.
As investigações levantaram várias contradições e mentiras nas declarações do suspeito, que alegou não ter procurado a polícia após constatado o alegado desaparecimento da vítima porque ela já teria sumido outras vezes.
Ele ainda alegou que tentou falar com Lucimar por telefone e aplicativo de mensagens, o que foi constatado na apuração da DHPP que era mentira, pois não foram encontradas evidências dessas tentativas de ligação ou envio de mensagens.
Buscas na casa
A casa da vítima, no Bairro Parque Geórgia, pode ter motivado a desavença entre ela e Izomauro. A apuração sobre o desaparecimento constatou que Lucimar tinha informado a um amigo que pediu ao suspeito para sair do imóvel que ela havia comprado, mas que ele havia se negado a deixar a casa.
No imóvel, os policiais realizaram buscas, com mandado judicial, inclusive com escavações para procurar vestígios do corpo da vítima, mas nada foi localizado.
Prisão
Izomauro foi preso no final de janeiro de 2021, após diligências da DHPP para localizá-lo e cumprir o mandado expedido pela 1ª Vara Especializada da Violência Doméstica de Cuiabá com base em pedido do Ministério Público, que viu indícios de autoria e materialidade delitiva.
Ele ficou escondido inicialmente em uma fazenda no município de Cáceres, onde a equipe policial realizou um cerco para prendê-lo, mas ele conseguiu escapar. Posteriormente, veio para Várzea Grande, onde se escondeu no apartamento de um familiar, contudo foi localizado pelos policiais. Em interrogatório, o homem negou o crime.
Fonte: www.midianews.com.br