Durante o fim de semana, um dos submarinos nucleares mais poderosos dos Estados Unidos foi avistado na ilha, em um momento em que se agravam as tensões entre China e Taiwan (ilha que a China considera parte de seu território) e enquanto a Coreia do Norte realiza uma série de testes de mísseis.
Trata-se do USS Nevada, submarino de propulsão nuclear da classe Ohio que carrega 20 mísseis balísticos Trident e dezenas de ogivas nucleares.
Segundo veículos de imprensa locais, é a primeira vez em mais de seis anos que um submarino com capacidade nuclear dos EUA é avistado em Guam – e apenas a segunda vez desde a década de 1980.
Em um comunicado, a Marinha americana afirmou que a visita tinha como objetivo “fortalecer a cooperação” com aliados regionais e mostrar o compromisso do país com a segurança na área
“A visita ao porto fortalece a cooperação entre Estados Unidos e seus aliados na região, demonstrando a capacidade, flexibilidade, disposição e o compromisso contínuo dos Estados Unidos com a segurança e a estabilidade regional do Indo-Pacífico”, diz o texto publicado na página da instituição americana no Facebook.
O fato de que a Marinha tenha tornado pública a presença de um submarino nuclear é incomum, considerando que as viagens destes são geralmente operações secretas, e sua localização é normalmente mantida em sigilo.
Para especialistas em segurança dos EUA, trata-se de uma mensagem que Washington quer enviar à região, em meio a crescentes tensões no Mar da China Meridional
O USS Nevada é uma das armas mais poderosas da Marinha dos EUA e um de seus 14 submarinos com armamentos nucleares. Em várias ocasiões, recebeu o prêmio de eficiência em batalha, entregue ao melhor submarino em sua respectiva esquadra por seu rendimento nas inspeções para disposições táticas e segurança no reator nuclear.
Ele foi construído na década de 1980 pela empresa Electric Boat, uma divisão da General Dynamics, e tem como principais portos a base naval Kitsap, no Estado de Washington, no Pacífico, e Kings Bay, no Estado da Georgia, no Atlântico.
Com capacidade para mais de 150 tripulantes, é um submarino de mísseis balísticos da classe Ohio, uma plataforma de lançamento indetectável. Inicialmente, carregava 24 mísseis balísticos com múltiplas ogivas guiadas de maneira independente. Após os acordos do Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas, porém, quatro de seus tubos de mísseis foram desativados permanentemente. Agora o submarino carrega no máximo 20 mísseis.
A arma estratégica do USS Nevada é o Trident II D5, um míssil balístico intercontinental de grande alcance e precisão
Quando voltam para a superfície, geralmente passam 35 dias em reparos e operações de reabastecimento. Entretanto, quando não estão em bases portuárias, sua localização é normalmente mantida em segredo.
Os submarinos de mísseis balísticos são considerados por especialistas militares a parte mais importante da chamada “tríade nuclear”, que também inclui mísseis balísticos baseados em locais no território continental dos Estados Unidos e outros transportados por bombardeiros estratégicos.
De todos eles, os submarinos são os mais difíceis de localizar por uma força inimiga.
O momento atual
A aparição pública do submarino nuclear em Guam ocorre após semanas em que a Coreia do Norte realizou testes de mísseis e após meses de tensão regional entre China e Taiwan.
O governo de Joe Biden assumiu a posição de defesa da ilha taiwanesa. Várias lideranças políticas em Washington pediram ao presidente americano que enviasse uma mensagem mais forte a Pequim, para dissuadir o regime chinês de um potencial ataque a Taiwan
Um estudo publicado pelo CSIS no ano passado diz que os submarinos de mísseis balísticos tipo 094 de Pequim fazem o dobro de ruído que os dos EUA e possuem uma capacidade menor de mísseis e ogivas nucleares. Isso faz com que sejam mais facilmente detectáveis e reduz sua capacidade de ataque.
Enquanto o poder nuclear dos submarinos dos EUA é considerado o maior do mundo, o regime norte-coreano possui um programa de submarinos balísticos ainda muito inicial. Além disso, muitos especialistas duvidam da capacidade da Coreia do Norte de desenvolvê-lo plenamente.
Fonte: bbc.com