O Irã lançou um ataque direto contra Israel no fim da tarde deste sábado (13/04) com drones militares e mísseis balísticos e de cruzeiro.
Por volta de 1h45 do horário local (19h45 em Brasília), sirenes foram acionadas em Jerusalém e era possível observar defesas aéreas israelenses sendo ativadas contra alvos no céu. Alertas também foram emtidos no norte e sul de Israel.
O Irã fica a mais de 1.000 km de Israel e se esperava que os drones iranianos demorassem horas para se aproximar de Israel. Segundo militares israelenses, cerca de 200 armas ofensivas, enrte drones e mísseis, foram lançados pelo Irã em direção a Israel.
Militares dos EUA afirmaram que forças do país na região abateram vários drones iranianos, mas não revelaram quantos teriam sido abatidos ou os locais exatos.
Autoridades do tráfego áereo israelense anunciaram o fechamento do espaço aéreo por volta da 00h30 do horário local (18h30 de Brasília), com o cancelamento de todos os voos.
Mais cedo, fontes militares do Iraque, país que fica na rota entre o Irã e Israel, confirmaram que observaram os drones, segundo a agência Reuters.
O país anunciou o fechamento temporário do seu espaço aéreo e a interrupção do tráfego. Mais cedo, a Jordânia também havia comunicado a adoção da mesma medida, citando falhas nos serviços de GPS.
O presidente americano Joe Biden, que estava em Delaware, pegou ainda na tarde deste sábado um helicóptero até a Casa Branca. O governo dos EUA tem tentado evitar um transbordamento do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
O ataque ocorre após semanas de crescente tensão entre Israel e o Irã. Neste sábado, Israel seguia em alerta devido a ameaças de represália de Teerã na esteira de um bombardeio israelense ao complexo da embaixada iraniana em Damasco, Síria, no início do mês.
Irã afirma que ataque é resposta a ataque a consulado
A Guarda Revolucionária do Irã divulgou uma declaração na noite deste sábado confirmando o lançamento do ataque, apontando que a ação é uma “reposta” ao bombardeio israelense ao complexo diplomático iraniano na Síria.
“Lançamos uma operação usando drones e mísseis em resposta ao crime da entidade sionista de atacar o consulado iraniano na Síria. A operação foi realizada com dezenas de mísseis e drones para atingir alvos específicos nos territórios ocupados”, diz a declaração dos militares iranianos.
Na quarta-feira, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que Israel “deve e será punido” pelo ataque na Síria. “Quando o regime sionista ataca um consulado iraniano na Síria, é como se tivesse atacado o solo iraniano. Esse regime malicioso tomou uma decisão errada. Deve ser punido e será punido”, disse Khamenei. Neste sábado, a conta do líder iraniano no Twitter publicou um vídeo com as mesmas declarações proferidas na quarta.
Na rede X, a missão iraniana nas Nações Unidas pareceu indicar que o ataque iraniano pode ser limitado à ação desta noite, e que os próximos passos serão determinados de acordo com a reposta israelense. O Irã também pareceu indicar que não procura uma escalada com os EUA, país aliado de Israel.
“Conduzida com base no Artigo 51 da Carta da ONU, referente à legítima defesa, a ação militar do Irã foi uma resposta à agressão do regime sionista contra nossas instalações diplomáticas em Damasco. A questão pode ser considerada concluída. No entanto, se o regime israelense cometer outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa. Trata-se de um conflito entre o Irã e o regime israelense desonesto, do qual os EUA DEVEM SE AFASTAR!”
Israel já se preparava para ataque
Neste sábado, Israel determinou a suspensão das aulas em todas escolas do país. Países como Alemanha, França e Reino Unido pediram que seus cidadãos evitassem viajar para Israel. Já a Alemanha instou seus cidadãos a também deixarem o Irã.
Mais cedo neste sábado, um navio porta-contêineres ligado a Israel foi apreendido por forças do Irã após um ataque por helicóptero próximo ao estreito de Hormuz.
Netanyahu: “Estamos prontos para qualquer cenário”
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, divulgou uma declaração na noite de sábado, em meio ao lançamento de drones pelo Irã em direção a Israel.
“Nos últimos anos, e especialmente nas últimas semanas, Israel tem se preparado para um ataque direto do Irã. Nossos sistemas defensivos estão instalados; estamos prontos para qualquer cenário, tanto defensivo quanto ofensivo. O Estado de Israel é forte. As Forças de Defesa de Israel são fortes. A população é forte. Apreciamos o fato de os EUA estarem ao lado de Israel, bem como o apoio do Reino Unido, da França e de muitos outros países.”
“Determinamos um princípio claro: quem quer que nos prejudique, nós o prejudicaremos. Nós nos defenderemos de qualquer ameaça e o faremos com cabeça erguida e determinação. Cidadãos de Israel, sei que vocês também são sensatos. Eu os convido a seguir as diretrizes do Comando da Frente Interna das FDI. Juntos nos manteremos firmes e, com a ajuda de Deus, juntos venceremos todos os nossos inimigos.”
Na noite deste sábado, Netanyahu estava reunido com o gabinete de guerra de Israel.
A última vez que Israel enfrentou um ataque aéreo diretamente organizado pelo governo de outro país – não considerando grupos como Hamas e Hisbolá – ocorreu em 1991, quando o ditador iraquiano Saddam Hussein ordenou o lançamento de mais de quatro dezenas de mísseis Scud, de fabricação soviética, contra Tel Aviv e Haifa.
Atualmente, Israel conta com uma série de camadas em sua defesa aérea, capazes de interceptar desde foguetes até mísseis de longo alcance.
Porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari disse que o sistema de defesa aérea é “excelente “, mas não é 100% efetivo. Ele orientou a população a seguir as instruções de segurança.
UE condena ataque iraniano
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, condenou o ataque do Irã contra Israel como uma “escalada sem precedentes”.
“A UE condena veementemente o inaceitável ataque iraniano contra Israel”, escreveu ele na plataforma X.
“Trata-se de uma escalada sem precedentes e uma grave ameaça à segurança regional.”
EUA e Alemanha reforçam apoio a Israel
Pela rede X, o presidente dos EUA, Joe Biden, escreveu: “Acabo de me reunir com minha equipe de segurança nacional para uma atualização sobre os ataques do Irã contra Israel. Nosso compromisso com a segurança de Israel contra as ameaças do Irã e de seus grupos aliados é inabalável.”
A Alemanha, outro país aliado de Israel, também demonstrou apoio aos israelenses e condenou o ataque iraniano.
“O Irã disparou drones e mísseis contra Israel. Condenamos veementemente o ataque em curso, que tem o potencial de mergulhar uma região inteira no caos. O Irã e os seus grupos aliados devem acabar com isto imediatamente. Toda a nossa solidariedade vai para Israel neste momento”, disse a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock.
Ataque a embaixada do Irã na Síria aumentou tensão
As tensões entre o Irã e Israel remontam a décadas e são particularmente alimentadas pelo apoio do regime fundamentalista de Teerã a grupos islâmicos que se opõem aos israelenses, como o Hisbolá e o Hamas, com o qual Tel Aviv vem travando uma guerra em Gaza. Teerã nega o direito de Israel de existir e ameaça regularmente o que chama de “regime sionista” com a aniquilação
Mas as tensões sofreram uma nova escalada no início do mês, quando os israelenses atacaram um complexo diplomático iraniano na Síria, deixando 16 mortos, incluindo dois altos comandantes da Guarda Revolucionária iraniana. Desde então, líderes do regime iraniano vinham ameaçando lançar uma retaliação.
Na sexta-feira, o governo americano também alertou para a possibilidade de o Irã lançar um ataque contra alvos israelenses. Na ocasião, o presidente americano, Joe Biden, disse que esperava que o ataque acontecesse “mais cedo do que se espera” e instou os iranianos a frearem qualquer iniciativa hostil.
“Estamos dedicados à defesa de Israel. Apoiaremos Israel. Ajudaremos a defender Israel, e o Irã não terá sucesso”, disse Biden.
Fonte: dw.com