Alimento traz diversos benefícios para a saúde humana
Atuar como probiótico com a função de nutrir as bactérias saudáveis do intestino, melhorar a digestão e contribuir para o emagrecimento, quando consumido de forma moderada. Estas são algumas das diversas funções benéficas do mel para o corpo humano.
Dentre outras atribuições relacionadas à ingestão do produto, pode-se destacar que ele promove a saúde da memória, é eficaz no tratamento de doenças respiratórias como rinite, dor de garganta e tosse, e possui um alto valor nutricional, sendo rico em vitaminas do complexo B, C e E, além de minerais como fósforo, cálcio, potássio e manganês.
Esse alimento versátil pode ser utilizado como uma opção saudável para adoçar diversas bebidas, como café, lembrando que o consumo de açúcar refinado é limitado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a 10% do total de calorias diárias.
“Além do mais, o mel pode ser incorporado em diversas receitas, desde acompanhamentos com frutas, em lanches até recheios para panquecas e pães integrais”, cita o CEO da Baldoni Agroindústria e presidente Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A), Daniel Augusto Cavalcante.
O executivo conta que até meados de 2017 o mel era adquirido exclusivamente em farmácias, com seu uso predominantemente associado a fins medicinais ao longo de muitos anos. “Com a entrada da Baldoni no mercado, o produto passou a ser reconhecido como um alimento repleto de benefícios para a saúde”, destaca.
Atualmente, segundo ele, o consumo de mel no Brasil é de apenas cerca de 60 a 70 gramas por pessoa, totalizando em torno de 15.000 toneladas consumidas anualmente. Esses números são relativamente baixos, em parte devido ao legado do período de colonização, que estabeleceu uma forte preferência pelo consumo de açúcar entre os brasileiros. Como resultado, um alimento tão saboroso e nutritivo como o mel acabou sendo negligenciado.
“É importante ressaltar que o mel é composto por 80% de água e 20% de carboidratos, logo, o consumo excessivo pode impactar a saúde. Portanto, a recomendação é consumir esse alimento com moderação e buscar orientação de um nutricionista para saber a melhor forma de integrá-lo nas refeições diárias”, complementa Cavalcante.
Manutenção e evolução da biodiversidade
Embora a apicultura seja uma prática milenar, no Brasil, pode-se dizer que é uma atividade relativamente recente. Isso porque foi introduzida com a chegada das espécies de abelhas trazidas pelos jesuítas no século XVIII para atender às necessidades da família real. Em comparação a outras culturas, o Brasil ainda é considerado novato nessa atividade.
“Muitas pessoas associam as abelhas principalmente à produção de mel, contudo, sua função principal é a polinização. Ao percorrer o caminho entre as flores, as abelhas captam o pólen, contribuindo significativamente para a biodiversidade e a produção de alimentos essenciais para a saúde”, cita o executivo. “Essa jornada desempenha um papel fundamental na manutenção da biodiversidade e na garantia da segurança alimentar”, completa.
Cavalcante menciona que sem o trabalho das abelhas não seria possível o consumo de muitos alimentos ricos em nutrientes como kiwi, melancia, maçã e maracujá, que dependem do processo de polinização para se desenvolverem. Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), aproximadamente 70% dos vegetais consumidos pelos seres humanos também dependem da atuação das abelhas para sua reprodução.
Ele ressalta que a polinização desencadeia um ciclo de desenvolvimento que impacta positivamente diversos aspectos. Com o aumento da quantidade de abelhas, há uma maior demanda por mel, o que por sua vez, impulsiona a profissionalização dos apicultores.
“Esse crescimento resulta em benefícios para todos. A biodiversidade é preservada, a geração de renda aumenta e a produtividade se expande. De maneira geral, a polinização promove mais saúde, aumenta a disponibilidade de alimentos e contribui para a preservação das espécies e a sustentabilidade do nosso planeta”, explica.
Cenário apícola
A apicultura desempenha papel fundamental na produção de mel, mas é importante ressaltar que a polinização também é uma atividade central em países europeus e nos Estados Unidos para garantir a produtividade nas grandes cadeias de alimentos.
No Brasil, nos últimos cinco anos, houve um aumento estimado entre 40% e 50% no volume de produção de mel. No entanto, devido à grande parte desse volume ser destinado à exportação, a quantidade disponível para o mercado interno ainda é considerada limitada.
“É crucial investir em conscientização para promover melhor entendimento não apenas do produto ‘mel’, mas de todo o processo envolvido no universo das colmeias, que resulta em outros produtos como pólen, geleia real, própolis e apitoxina. Todos esses produtos são extremamente benéficos para a saúde, porém, têm sido pouco aproveitados”, comenta o executivo.
Ele conta que o mercado apícola está em expansão, porém, atualmente é dominado principalmente por pequenos produtores rurais que enxergam a atividade como uma fonte de renda extra, resultando em baixa produção.
“Considerando a vasta biodiversidade do Brasil, que já conquistou várias premiações pelo melhor mel do mundo, é importante profissionalizar a apicultura e transformá-la em uma atividade primária. Isso possibilitaria explorar melhor o volume de mel produzido no país”, analisa.
Nesse viés, Cavalcante destaca o trabalho da realizado pela empresa no âmbito educacional e social por meio do projeto Alveare, que tem como missão educar o profissional desde a base, tornando a profissão de apicultor uma escolha promissora e desejada desde a escola.
“O projeto capacita técnicos agrícolas do 1º ao 3º ano do Ensino Médio, proporcionando certificação profissional ao final do programa e oferecendo oportunidades de empreendedorismo no meio rural. Um diferencial do Alveare é que todos os alunos formados são imediatamente contratados como apicultores juniores pela Baldoni”, informa.
Dicas para o consumidor
Ao comprar mel, segundo Cavalcante, é fundamental observar atentamente o rótulo, pesquisar sobre as empresas que o comercializam e verificar a presença do selo de inspeção oficial. Isso garante a origem e a qualidade do produto que será adquirido, evitando possíveis riscos à saúde.
“Infelizmente, há produtos adulterados no mercado contendo substâncias prejudiciais, como pesticidas, antibióticos, fungicidas e metais pesados, cujo consumo pode causar alergias, intoxicação e até consequências mais graves a longo prazo” alerta.
Mesmo bem armazenado, é comum encontrar pequenas pedrinhas no mel, o que pode dificultar sua retirada da embalagem. No entanto, isso não indica que o mel estragou ou que seja de qualidade inferior. A cristalização é um processo natural que evidencia a autenticidade do mel, preservando suas propriedades e nutrientes.
Por outro lado, ele informa que um mel que não cristaliza pode sinalizar adulteração. “O local mais apropriado para armazenar o mel é em uma despensa ou armário, protegido da luz e umidade para garantir suas características nutricionais”, orienta o executivo.
A A.B.E.L.H.A
De acordo com o executivo, a Associação A.B.E.L.H.A desempenha papel fundamental como um importante centro de estudos e geração de conteúdo sobre polinizadores, abrangendo não apenas as abelhas, mas também outras espécies.
“É uma fonte de referência essencial para estudantes, pesquisadores, produtores, apicultores e todos aqueles que têm interesse no fascinante universo das abelhas”, menciona.
A principal missão da associação, na avaliação de Cavalcante, é promover a convivência harmoniosa entre apicultores e agricultores, visando aprimorar o trabalho de ambos sem prejudicar nenhuma das partes envolvidas. “O objetivo é favorecer o aumento da produção de alimentos e aprimorar a qualidade dos resultados, levando em consideração o imenso potencial alimentar que o Brasil possui”, arremata o presidente da entidade.
Fonte: vidaruralmt.com.br