MT: Sintep-MT destaca os perigos do caminho do transporte escolar como política de acesso à educação

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Sindicalistas cobram mais escolas nas comunidades e menos veículos escolares nas estradas como prática de respeito aos direitos dos estudantes

Um acidente de trânsito envolvendo um ônibus do transporte escolar na BR-070, aproximadamente 42 km do município de Primavera do Leste (a 231 km de Cuiabá), na manhã de terça-feira (12/03), retoma um debate antigo do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), ainda não resolvido, e que piora com impacto da política de fechamento das escolas do campo e dos assentamentos.

A prática de fechamento de unidades escolares, intensificada nos últimos anos em todo o estado, resultou na ampliação do uso do transporte escolar para deslocamento dos estudantes entre o local de moradia e as unidades escolares. “As crianças assim como os motoristas são colocados em risco ao ter que ser transportadas por rodovias, para chegarem às escolas”, acredita a secretária adjunta de Funcionário do Sintep-MT, Maria Aparecida Cortez.

Para a educadora é necessário empenho do poder público para que o atendimento dos estudantes seja feito nas localidades onde residem.  Entre as defesas apresentadas estão ainda a profissionalização dos motoristas do transporte escolar e a contratação de auxiliares no transporte dos estudantes para que a atenção do motorista fique exclusivamente no trânsito.

Segundo registros dos profissionais da educação, são históricos os problemas trazidos com a política de investimento em transporte escolar ao invés de aproximar as escolas dos estudantes. A prioridade, como destacou Cida Cortez, deveria ser o estudante.

Henrique Lopes ressalta que a política federal com o programa Caminho da Escola, com entrega de ônibus para os municípios, melhorou a realidade dos veículos. Contudo, houve um retrocesso na quantidade de veículos disponibilizados pelo programa, levando ao retorno das licitações entre prefeituras e empresas, para atender a demanda de linhas.

Na região da Baixada Cuiabana, por exemplo, municípios como Barão de Melgaço, Jangada e Santo Antônio de Leverger, vivem a realidade do translado permanente de estudantes, alguns usando até duas modalidades, como travessia de barco e translado de ônibus escolar.

O diretor do Sintep-MT, da Baixada Cuiabana, Ricardo Assis, alerta que os prejuízos na aprendizagem. “A criança sai de casa muito cedo e mal se alimenta, depois somam o cansaço da viagem, e chega na escola para estudar sem concentração, e antes que despertem tem que fazer o caminho de volta, às 11h30. Os impactos levam ao aumento do abandono escolar. Somado a isso, ainda tem as interrupções da frequência escolar, quando da manutenção dos carros”, completa.

Para o Sintep-MT, a educação do campo tem sido menosprezada de forma recorrente e dificultando o direito dos estudantes do campo, indígenas, quilombolas, que vivem realidades diferentes daqueles dos centros urbanos. “Os estudantes do campo ajudam as famílias, e passar horas no transporte escolar, além do risco de acidentes, se soma por tudo que sabemos sobre os impactos no ensino aprendizagem. Com isso, muitos concluem os estudos de forma precarizada, quando não evadem”, conclui Ricardo Assis.

Fonte:  sintep.org.br


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