No Dia da Mulher, goleira do Santos pede mais visibilidade ao futebol feminino e fala das dificuldades na profissão

No Dia da Mulher, goleira do Santos pede mais visibilidade ao futebol feminino e fala das dificuldades na profissão
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No dia em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, a goleira do Santos, Kelly Chiavaro, falou mais sobre as dificuldades enfrentadas pelas jogadoras no futebol feminino, sobretudo no Brasil. Ela admite a evolução dos últimos anos, mas pede ainda mais visibilidade à modalidade.

“Acho que aqui no Brasil as jogadoras têm muito potencial, são muito habilidosas, isso se consegue ver entre todas as idades. A modalidade está evoluindo, é nítido. Claro, ainda está engatinhando, as coisas estão só começando a andar, como patrocínio, transmissões, visibilidade. Mas, é muito cedo ainda, faz tudo parte do processo e eu fico feliz de ver de perto essa construção do futebol feminino no Brasil”, disse Kelly à Gazeta Esportiva.

“Como eu disse, são partes de um processo natural da modalidade. Nós vemos estádios que estão recebendo públicos recordes em alguns jogos, as jogadoras estão tendo mais reconhecimento, mais transmissões na televisão, mas ainda não estamos lá”, acrescentou.

Contratada pelo Santos em janeiro, Kelly vive um momento especial em sua vida. Ela divide a sua função debaixo das traves com os cuidados à pequena Aurora, sua filha recém-nascida e fruto do relacionamento com Sole Jaimes, que é ex-atacante do Peixe e atualmente defende o Flamengo.

A goleira resumiu como é conciliar a vida de jogadora de futebol e de mãe. Apesar de ser um desafio a mais, além dos que já fazem parte da vida de uma atleta, ela enxerga como uma motivação.

“Enquanto as competições não começam é tranquilo, mas é uma motivação a mais para mim agora. Vou aos treinos e dou meu máximo em tudo, pois tenho que dar o meu melhor para a Aurora agora. Sei que os esforços e a correria vão valer muito a pena futuramente. Tudo que vou fazer daqui para frente é por ela. Isso me deixa muito feliz, me dá um senso maior de responsabilidade”, contou.

Nascida no Canadá, Kelly vê seu relacionamento com Sole como uma oportunidade de lutar contra o preconceito que violenta inúmeras pessoas que se relacionam com outras do mesmo gênero. Além disso, o tamanho do Santos é outro fator que lhe permite ter esse papel de destaque, com enorme representatividade.

“Acho que o meu papel nesta luta contra o preconceito é a representatividade. Estou aqui no Santos, um dos gigantes brasileiros e tenho a responsabilidade de representar todas as pessoas que já sofreram algum tipo de preconceito por conta da sexualidade ou gênero, para que elas tenham uma imagem de que pode vencer isso de alguma forma. Então é importante que eu, que estou nessa posição de destaque, denuncie, fale sobre o assunto, como estou fazendo agora. Assim, repercutindo, e fazendo as pessoas que não estão inseridas nessa realidade possam refletir sobre esse assunto também. Nós, atletas, podemos furar essa bolha e fazer com que as lutas sociais sejam vistas, e as pessoas que sofrem esses preconceitos diariamente possam ter suas dores compreendidas também”, declarou.

Enquanto cuida da esposa, Sole Jaimes, Kelly está a todo vapor na pré-temporada da equipe feminina do Santos. Ela relata que recebeu todo o apoio do clube para desfrutar do nascimento de sua filha ao lado da amada. O Peixe buscou sua contratação já ciente do momento especial que a jogadora vivia.

“Me senti muito bem acolhida aqui por todos. Foram muito solícitos quando falei sobre a Aurora e me ajudam muito. Minha relação é ótima, e por isso, quero corresponder a confiança que depositaram em mim dentro de campo. Estou muito animada com a temporada que irá começar”, disse a goleira, que também projetou a temporada das Sereias da Vila sob a nova gestão de Marcelo Teixeira.

“Minha expectativa é muito boa. Estamos montando uma equipe forte e pretendemos lutar por títulos neste ano. Um dos motivos para eu vir para o Santos foi a história gigante do clube, tanto no feminino, quanto no masculino. Quero fazer parte da história desse clube, isso já é uma motivação por si só. Então, eu vou dar meu máximo para conquistar títulos”, completou.

Há três anos no Brasil, Kelly vestiu as cores do Flamengo e do Botafogo antes de fechar com o clube da Vila Belmiro. A goleira, que assinou contrato válido por duas temporadas com o Peixe, deixou um recado às meninas que sonham em jogar futebol.

“Não desistam. Vocês vão ouvir muita gente falando que ‘não é coisa de mulher’. Não se abalem por isso. O talento de vocês incomoda, e por isso devem persistir e sempre seguir em frente. Vocês são o futuro do nosso esporte”, concluiu Kelly.

Fonte: www.gazetaesportiva.com

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