Os militares ucranianos reivindicaram nesta terça-feira (05/03) a responsabilidade pela destruição de um navio de guerra russo perto da península anexada da Crimeia, em novo revés para Moscou nessa área estratégica do Mar Negro.
Um dos últimos sucessos militares ucranianos na região foi o afundamento do navio de desembarque russo Caesar Kunikov, de mais de 112 metros de comprimento.
A Marinha ucraniana disse que uma “unidade especial” havia “destruído o mais moderno barco de patrulha russo, o Sergei Kotov”, atingido “por drones marítimos Magura V5”. O ataque ocorreu “em águas territoriais ucranianas perto do Estreito de Kerch”, acrescentou a força naval. De acordo com a fonte, o barco de patrulha russo já havia sido “severamente danificado” em setembro, em outro ataque ucraniano.
Andriy Yusov, porta-voz do serviço de inteligência militar ucraniano GUR, explicou que a situação da tripulação do navio ainda está “sendo elucidada”. “Há mortos e feridos. No entanto, é provável que alguns dos tripulantes possam ter sido evacuados.”
Seu serviço de inteligência divulgou nesta terça-feira um vídeo em preto e branco que supostamente mostra o momento do ataque noturno. Vê-se um drone naval se aproximando do Sergei Kotov, de 94 metros, seguido por uma explosão que causa um grande clarão e faz destroços voarem pelo ar.
Moscou mantém silêncio
O Ministério da Defesa da Rússia não fez nenhum comentário oficial, mas blogueiros militares do país, próximos às Forças Armadas, confirmaram o ataque.
A pressão ucraniana sobre as embarcações militares russas permitiu a reabertura de alguns dos portos ucranianos do Mar Negro ao tráfego comercial no final de 2023.
Em dois anos de guerra, as forças de Kiev conseguiram afastar a poderosa frota russa do Mar Negro com mísseis e drones navais e reabrir um corredor marítimo para exportar suas vastas reservas de grãos. De acordo com os militares ucranianos, cerca de um terço das embarcações militares russas na área foram “inutilizadas”.
“A frota russa do Mar Negro é um símbolo de ocupação. Ela não pode estar na Crimeia ucraniana”, disse nesta terça-feira o chefe de gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak.
A península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, é regularmente alvo de Kiev devido à sua importância logística para as operações russas.
Ataques de drones em solo russo
A inteligência militar também executou um ataque de drone na terça-feira contra um depósito de petróleo no distrito de Gubkin, na região fronteiriça russa de Belgorod, disse fonte militar ucraniana. Nas últimas semanas, houve vários ataques desse tipo contra a infraestrutura de petróleo em território russo.
Em Kursk, uma região vizinha a Belgorod e também na fronteira com a Ucrânia, o governador local, Roman Starovoit, informou que um ataque ucraniano havia atingido a estação ferroviária de Glushkovo. Este “não causou feridos”, mas provocou um incêndio e danificou as linhas de energia que derrubaram a eletricidade da própria estação e do vilarejo vizinho de Kulbaki.
Enquanto isso, a Força Aérea ucraniana também informou nesta terça-feira que interceptara 18 dos 22 drones lançados pela Rússia contra a região sul de Odessa, onde um ataque semelhante matou 12 pessoas no sábado.
Falta de munição continua na linha de frente
Na linha de frente, as tropas ucranianas continuam sofrendo com a falta de armas e munição para repelir a ofensiva russa, especialmente a oeste da cidade oriental de Avdiivka, tomada por Moscou em fevereiro, após quatro meses de violentas batalhas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, foi a Praga para apoiar uma iniciativa tcheca de comprar munição não europeia para Kiev. Ele pediu que os aliados da Ucrânia “não sejam covardes” diante de uma Rússia que “se tornou irrefreável”. Macron reconheceu ter realizado uma “sacudida estratégica” ao levantar a possibilidade de enviar tropas ocidentais para a Ucrânia. No entanto, assegurou que não quer uma “escalada” com a Rússia.
A Comissão Europeia propôs financiar parte das compras de armas decididas em conjunto pelos 27 países do bloco, a fim de reforçar as capacidades de defesa do continente diante da ameaça russa e reduzir a dependência em relação aos Estados Unidos.
Fonte: dw.com