O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) apurará possíveis desvios éticos de 11 médicos e empresários do ramo, que são investigados pela Operação Espelho, que trata da formação de esquema milionário de desvio de verbas por meio de contratos superfaturados e com direcionamento em licitações que vigorou na pandemia da covid-19. O conselho informou à Gazeta que já solicitou acesso total aos autos e que irá avaliar as condutas de todos os envolvidos.
O caso ganhou repercussão após a divulgação da edição de segunda-feira (29), no jornal A Gazeta na qual foi revelado trechos de conversas travadas entre os profissionais da medicina em grupo no WhatsApp. Nos diálogos, os envolvidos falavam sobre o assunto com desdém e completo desrespeito.
Primeira vez que ocupou 10 leitos na UTI. Peguei paciente na rua andando, disse o Renes Leão Silva médico denunciado na investigação. Em resposta, Bruno Castro de Melo que é sócio da empresa LB Serviços Médicos LTDA ao lado de Luiz Gustavo Iglovo (apontado como um dos líderes do esquema) ambos riram da situação.
De acordo com a nota da assessoria de imprensa do CRM-MT e diante da gravidade das recentes notícias veiculadas, o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) solicitou ao Ministério Público Estadual o encaminhamento de cópia dos autos do processo em questão. Com estes documentos, o Conselho irá analisar eventuais infrações éticas que possam ter sido cometidas pelos referidos profissionais e tomar as providências cabíveis, informou.
Além dos três médicos mencionados nas conversas, que constam no aditamento da denúncia do MP-MT, há ainda outros oito profissionais que estão sendo investigados por suposta formação de quadrilha: Osmar Gabriel Chemim; Alberto Pires de Almeida; Márcio Matsushita; Sérgio Dezanetti; Luciano Florisbelo; Samir Yoshio Matsumotto Bissi; Euller Gustavo Pompeu de Barros Gonçalves.
As conversas reveladas pela reportagem ocorreram no ápice da crise pandêmica, em 2021. Em abril daquele ano, Mato Grosso alcançava o maior número de mortes decorrentes da covid-19, com 128 óbitos. Enquanto isso, os membros do cartel que são alvos da Operação Espelho reclamavam do lockdown (fechamento dos comércios e isolamento pessoal) e comemoravam a lotação dos leitos destinados a Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs).
Com risadas, brincadeiras e ironia os envolvidos comentavam no aplicativo de troca de mensagens que estavam pegando paciente sem muito prognóstico para manter os contratos com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT). Está dando um trabalho do cão para deixar esses leitos ocupados. Precisa ver o rolo que eu faço todo dia aqui, mas tá rolando com 100% de ocupação, disse Renes Filho em um dos trechos.
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Fonte: gazetadigital.com.br