Ex-ministro da Fazenda reforça que abertura para mercado exterior impulsiona crescimento e que Brasil tem potencial na economia verde
Um crescimento anual de 2,5% seria suficiente para sustentar o novo arcabouço fiscal sem gerar pressões inflacionárias, na opinião do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy.
“Se a gente conseguir criar uma confiança e continuar acertando as coisas como estamos acertando, a gente pode muito bem ter um PIB potencial de 2,5%. E mais: com um crescimento de 2,5 conseguimos fazer o famoso arcabouço fiscal rodar direitinho”, disse em entrevista à CNN.
A expectativa do mercado é que a economia cresça 1,6% neste ano, conforme o Boletim Focus desta semana.
Levy reforça a importância de o governo não gerar mais despesas nesse processo. “(Com o novo arcabouço) você consegue ter receitas que vão abrindo aquela margem, só não pode inventar novas despesas, mas se manter a disciplina conseguimos crescer”, disse.
O ex-ministro ressalta que o Brasil tem conseguido controlar a inflação, melhorar o nível educacional da população, além de ter um mercado externo forte, o que pode ajudar no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
“Isso vai criar uma certa demanda por investimento do próprio setor privado. O próprio empresário vê que é uma oportunidade, [por exemplo], tem gente mais preparada, [então] posso mudar minha tecnologia para algo um pouquinho melhor”, avalia o ex-ministro.
Aprovado pelo Congresso em agosto de 2023, o novo marco fiscal substitui o teto de gastos e limita o crescimento da despesa a 70% da variação da receita dos 12 meses anteriores.
A regra combina um limite de despesa mais flexível que o teto com uma meta de resultado primário (resultado das contas públicas sem os juros da dívida pública).
Agenda verde
Levy ainda destaca que o país tem que adotar uma postura de criar novos mercados. E um potencial que o Brasil pode explorar é o da economia verde.
“O Brasil tem vantagens competitivas em inúmeros desses setores. A gente consegue trazer soluções para o resto do mundo que se a gente souber aproveitar bem e criar oportunidades. Oportunidades de a gente continuar exportando”, pontua.
Em novembro, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o potencial de produção do país vai tornar o Brasil numa “Arábia Saudita da energia verde”.
Levy conclui que “se a gente for por essa onda e com as vantagens que a gente tem, eu acho que dá para sustentar um crescimento muito bacana.”
Levy foi ministro da Fazenda de Dilma Rousseff e tentou implantar um ajuste fiscal das contas públicas num momento em que o país passava por uma das piores recessões de sua história. Deixou a liderança da pasta com menos de um ano no cargo, após enfrentar resistência do governo à política de cortes.
Fonte: cnnbrasil.com.br