O que é mito e o que é verdade – um guia CNN Portugal
1. É perigoso tomar banho no mar ou na piscina depois de comer?
“Depois de comer iniciamos a digestão. Esse processo requer muita energia, muito fluxo sanguíneo no aparelho digestivo”, começa por explicar à CNN Portugal a médica Ana Isabel Pedroso, especialista em medicina interna. “Quando entramos na água vamos arrefecer e também praticar exercício, direcionando o fluxo sanguíneo para os músculos. Pode ocorrer nesta altura a chamada ‘paragem digestiva’, caracterizada por mal-estar e vómitos. O que é aqui importante? O tipo de comida. É que digerir uma salada ou uma feijoada é totalmente diferente. Portanto, perante refeições leves não há problema.”
2. Não se deve beber água depois de comer melão ou melancia?
“É mito”, responde Ana Isabel Pedroso. “Não existe prova nenhuma da interferência da água com tais alimentos. São alimentos muito ricos em água – se bebermos grandes quantidades de líquidos após a sua ingestão podemos sentir uma sensação de enfartamento mas deve avaliar-se caso a caso, não é generalizável.” Ou seja, no limite pode sentir-se um enfartamento pelo motivo explicado mas é só isso mesmo, não faz mal beber água depois de comer estes frutos.
3. Comer bolas de Berlim com creme na praia, sobretudo nos dias de muito calor, pode fazer mal?
“Como em todos os alimentos, nada é mais importante do que a sua conservação”, começa por explicar a médica. “Por isso, com creme ou sem creme, o mais importante é ter a certeza de que são frescas e que, quando passeiam nas arcas da praia, estas tenham a capacidade de manter a temperatura adequada para a sua conservação.”
4. No verão temos menos fome?
“Verdade.” Como explica a médica Ana Isabel Pedroso, “no verão não sentimos necessidade de comer tanto e apetece-nos comida mais leve e fresca”. Por isso, “acabamos por ingerir menos calorias e sentimo-nos bem”.
“Outra questão muito importante é que consumimos mais líquidos e assim sentimos maior saciedade. Não vamos ter tanta sensação de fome se bebermos dois litros de água por dia”, sublinha a especialista.
5. Se se tem a pele morena não é preciso ter tanto cuidado com o sol?
Segundo o dermatologista Luís Uva, “todas as peles necessitam de cuidados”. “Por muito que sejam morenas ou mais escuras, todas eles têm risco de desenvolver cancros ao nível da pele. É certo que a pele escura pode ser mais resistente devido às maiores quantidades de melanina, mas isso não significa que esteja livre dos perigos do sol.”
Por isso, “é um mito acreditar que as peles mais morenas não necessitam de proteção ou cuidados”. “Além disso, as peles mais morenas têm tendência a terem lesões menos visíveis, o que pode fazer com que só sejam descobertos problemas já em estados avançados.”
Altos níveis de melanina contêm vantagens, mas os dermatologistas acreditam que qualquer tipo de pele deve utilizar protetores com um FPS de 30.
6. Comer cenoura ajuda a ficar com a pele mais bronzeada?
“A cenoura é rica em betacaroteno, uma provitamina que se transforma em vitamina A. Por consequência, a vitamina A no organismo estimula a produção de melanina, isto é, o pigmento que dá tonalidade à nossa pele”, explica à CNN Portugal o dermatologista Luís Uva. E explica: “Os alimentos com betacaroteno ajudam no bronzeado, mas não basta ingerir uma vez. Este alimento deve ser inserido na alimentação um tempo antes de se apanhar sol para que o organismo comece a ter reação e produza realmente efeitos”.
No entanto, o médico deixa um aviso importante: “Nunca deve ser em exagero, porque o betacaroteno em demasiada pode transformar a cor dourada e bonita da pele em pele amarelada, frequente nas palmas das mãos, na sola dos pés e por vezes na cara”.
Segundo este especialista, a cenoura deve ser consumida tanto crua como cozida. “Mas não basta comer cenoura, é necessário ter outros cuidados – como é o caso da proteção solar.”
7. A urina ajuda a curar as picadas de alforreca?
“O ditado popular de se deitar urina sobre a picada não é de todo aconselhado porque, apesar de antigamente se dizer que tinha efeito calmante, a verdade é que pode aumentar a reação à picada”, explica Luís Uva.
“A picada de alforreca provoca lesões cutâneas, por norma vermelhas, inchadas que geram dor e ardor”, diz o dermatologista. “Antes de tratar, é necessário tirar os tentáculos que ficaram presos à pele, contudo não se deve usar a toalha da praia.”
Para tratar deve:
▪ passar a zona infetada por água do mar;
▪ aplicar gelo
▪ passar uma pomada que tenha um efeito calmante e antiflamatório.
Fonte: cnnportugal.iol.pt