Com o objetivo de alertar sobre a importância do cuidado com a saúde mental, neste mês é realizada a campanha Janeiro Branco. Nunca foi tão importante esse debate como nos últimos anos, isso principalmente nas empresas.
O mundo tem passado por uma verdadeira revolução, impulsionada pela crescente digitalização e avanço tecnológico. A pandemia amplificou essas mudanças, e também trouxe consigo impactos negativos, como o aumento da pressão nas empresas e a busca por metas cada vez mais desafiadoras. Essas pressões se intensificam, em especial, durante o período de fim de ano, quando muitas pessoas experimentam frustrações.
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“Muitas pessoas se planejaram e estabeleceram metas, mas essas nem sempre são realizadas. Além disso, vivemos momentos em que as pessoas estão em constante comparação e questionamento. Isso, somado aos desafios que vivemos recentemente, pode servir como gatilho para problemas de ordem psiquiátrica”, explica o Dr. Vicente Beraldi Freitas, médico, consultor e gestor em saúde da Moema Assessoria em Medicina e Segurança do Trabalho.
Portanto, em relação à saúde dos trabalhadores, uma grande parcela dos problemas passou a ser de ordem psicológica. “Há duas décadas, o maior motivo de afastamento no trabalho eram acidentes, lesões ortopédicas e problemas relacionados a deslocamentos. Hoje, a situação vem se alterando. Uma análise rápida vendo que boa parte dos problemas agora são dos pacientes que sofrem de problemas psiquiátricos “, observa Tatiana Gonçalves, sócia da Moema Medicina do Trabalho.
Ela acrescenta que, entre as doenças que acometem essas pessoas, transtorno de ansiedade, depressão e a Síndrome de Burnout se destacam. Essas doenças e os transtornos relacionados são caracterizados pela preocupação excessiva ou constante com a expectativa de eventos negativos.
Quais são as principais causas?
Esses problemas podem surgir devido a fatores como competição acirrada no ambiente de trabalho, pressão excessiva, atividades intensas e arriscadas. Algumas das principais causas incluem:
1. Estresse na atividade profissional envolvendo áreas de conflito, como competência, autonomia, relacionamento com clientes, realização pessoal e falta de apoio social dos colegas e superiores.
2. Fatores organizacionais, como carga de trabalho excessiva, desalinhamento entre os objetivos da empresa e os valores pessoais dos profissionais, e isolamento social no trabalho.
3. Fatores de ordem pessoal, como problemas nas relações familiares e de amizade.
Como enfrentar o problema?
Para combater esses problemas, as empresas podem adotar abordagens que se concentram no bem-estar dos colaboradores. Uma alternativa é criar grupos de apoio para promover o aprendizado sobre como lidar com situações e pessoas. Além disso, muitas empresas podem se beneficiar com um departamento que prepare e acompanhe as equipes, suprindo lacunas importantes na gestão de saúde mental.
Tatiana Gonçalves conta que o papel de quem cuida das pessoas é crucial. “A equipe de recursos humanos deve estar cada vez mais próxima dos colaboradores, acompanhando-os desde o momento da contratação. Caso identifiquemos algo que possa indicar uma condição de saúde mental, deve imediatamente iniciar um acompanhamento mais detalhado”, detalha.
Dado o aumento na frequência desses problemas, é fundamental repensar as situações que podem desencadeá-los. Isso envolve melhorar as condições de trabalho e as relações profissionais, reduzindo o isolamento.
Em casos mais graves, um afastamento temporário do trabalho, a reorganização das atividades, a exploração de interesses externos, como passar mais tempo com a família e amigos, praticar exercícios físicos e atividades relaxantes, podem ser necessários.
Em algumas situações, assistência médica, especialmente para condições como depressão, ataques de pânico, Burnout e ansiedade, é fundamental. A psicoterapia também pode ajudar a entender as razões por trás dessas condições e a evitar recorrências no futuro.
Assim, antes que essas condições afetem os colaboradores, as empresas desempenham um papel crucial na revisão das condições de trabalho e na promoção de qualidade de vida, evitando que isso tenha impacto direto nos resultados do negócio.
Fonte: copopular.com.br