Sinônimo de seleção brasileira, Zagallo se despede como único tetracampeão em Copas do Mundo

Sinônimo de seleção brasileira, Zagallo se despede como único tetracampeão em Copas do Mundo
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Morte do ex-jogador e ex-técnico da Seleção Brasileira foi informada neste sábado (6)

A história e o folclore do futebol passam pela trajetória de Mario Jorge Lobo Zagallo, único indivíduo quatro vezes campeão da Copa do Mundo — duas como jogador (1958 e 1962), uma como técnico (1970) e outra como coordenador técnico.

Como atleta, o ícone esportivo nascido em Atalaia, no estado do Alagoas, em 9 de agosto de 1931, levantou cinco vezes o título carioca e duas vezes o Rio-São Paulo, em trajetória que começou influenciada pelo pai, Haroldo, jogador de futebol e ídolo do CRB.

Na carreira de técnico, Zagallo levou o Botafogo ao título brasileiro de 1968 e a dois campeonatos cariocas. O Velho Lobo também venceu um estadual com o Fluminense e dois com o Flamengo

Ainda pela seleção brasileira, comandou a Seleção do título da Copa América de 1997, quando fez um de seus maiores desabafos, com uma frase que entrou para a história.

Às vésperas do torneio, o Brasil vinha sendo criticado por suas falhas defensivas, principalmente após perder um amistoso, por 4 a 2, diante da Noruega. Dois jornalistas, em especial, tiravam Zagallo do sério: Juca Kfouri e Juarez Suarez

O então técnico da seleção brasileira sofreu calado, mas pôde, finalmente, soltar a voz ao final da partida na qual o Brasil venceu a Bolívia por 3 a 1, ficando com o título da Copa América.

Ainda enquanto comemorava, Zagallo foi cercado por repórteres. Diante da imprensa, exaltou o espírito da equipe, olhou fixamente pela câmera e disse: “É para você, não preciso dizer mais nada. Vocês vão ter que me engolir!”.

A frase logo se tornou icônica e grande parte do púbico associou a indireta aos jornalistas críticos ao estilo do Velho Lobo.

Incansável formiguinha

Ninguém se torna técnico da noite para o dia, e Zagallo passou a comandar times, depois de uma carreira vitoriosa atuando como um ponta direito moderno, que subvertia conceitos do futebol, na época, voltando para marcar e refazer a linha de defesa.

Como jogador, teve passagens por América – RJ, clube do coração, Flamengo – onde foi tricampeão carioca – e Botafogo

Seu desempenho incansável durante os 90 minutos de jogo lhe rendeu o apelido de formiguinha, e foi desta forma que ele conseguiu vaga como titular da seleção de 1958, desbancando o até então intocável Pepe.

A verdade é que Zagallo se encontrava longe de estar garantido para a Copa da Suécia, uma vez que a disputa por vaga na posição em que jogava, era forte, com Pepe e Canhoteiro como os favoritos do técnico Vicente Feola.

Mas uma lesão, nos meses anteriores ao torneio, tirou Pepe e abriu espaço para Zagallo, que aproveitou as oportunidades e impressionou Feola e garantiu a titularidade na seleção. Segundo o próprio jogador, sua grande diferença dos demais era que enquanto seus semelhantes corriam 50 metros, ele corria os 100 metros do campo.

Na Copa do Mundo, formou a linha de ataque que se provaria letal nos campos da Suécia: Pelé, Garrincha, Vavá e Zagallo. No jogo decisivo da Copa, o Velho Lobo marcou gol na partida que deu ao Brasil o primeiro título mundial de sua história.

No Mundial seguinte, o Velho Lobo repetiu a dose, ao ser titular em todas as partidas do torneio, que teve o mesmo final: título para o Brasil. Nos campos chilenos, ele superou seu desempenho na Suécia e foi eleito para a seleção do torneio.

Como jogador, se aposentou no Botafogo em 1965, clube onde também iniciou a carreira de técnico, nas categorias de base. Em 1967, se tornou técnico principal do time pelo qual conquistou o campeonato brasileiro um ano depois.

Se, como jogador, Zagallo nunca atuou para clubes de fora do país, como técnico, viajou o mundo, desbravando fronteiras do esporte e abrindo portas para outros treinadores brasileiros.

O técnico de 70

Inicialmente, não era Zagallo quem deveria dirigir o Brasil em 1970, mas sim João Saldanha, que comandou a seleção durante todos os jogos das eliminatórias. Porém, o “João Sem Medo” entrou em rota de colisão com o governo brasileiro da época, que tinha influência sobre a seleção, a utilizando-a como peça de propaganda e “sugerindo” a escalação de alguns jogadores.

Após atritos públicos, a Confederação Brasileira de desportes (CBD, antiga CBF) decidiu demitir Saldanha, que sempre se mostrou opositor ao regime e não aceitou as ingerências da instituição. Zagallo então, foi chamado ao resgate.

O time já tinha base montada, mas foi Lobo que transformou a equipe em uma máquina, ao apostar em Tostão e dar a Pelé a tranquilidade para que ele fizesse a Copa da sua vida.

Nos gramados do México, o time encantou o planeta, vencendo cada adversário que cruzasse seu caminho. Com Pelé dono do time, Jairzinho anotando gols em todas as partidas da Copa e outros três “camisas 10” em campo – Rivellino, Tostão e Gérson – o Brasil levou o tri e a Jules Rimet para casa.

Foi o primeiro título de Zagallo como técnico da seleção. Como jogador, estava em campo nas outras duas conquistas anteriores da amarelinha.

Fonte:  cnnbrasil.com.br


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