Infecções sexualmente transmissíveis podem ocorrer em qualquer fase da gestação e acarretar sérios problemas para a mãe e feto
O mês de dezembro marca não apenas as celebrações de fim de ano, mas também é cenário de uma importante campanha de conscientização: o Dezembro Vermelho. A iniciativa visa alertar a população sobre os riscos e a necessidade de prevenção contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). O médico ginecologista e obstetra Júlio Cesar de Souza Filho, que atua no Hospital e Maternidade Femina, em Cuiabá, destaca a importância da campanha, especialmente no contexto da gestação.
Segundo ele, as doenças são transmitidas por relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação. Diante disso, é fundamental o acesso da população à informação e à adoção de medidas preventivas, completa.
O uso do preservativo, externo ou interno em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais), é apontado como o método mais eficaz para evitar a transmissão dessas infecções.
“No caso do HIV, Sífilis e Hepatites virais B e C, há o risco de transmissão da mãe para o bebê durante o período gestacional. Por isso, a importância de realizar o pré-natal adequado, onde é feito o diagnóstico, ofertado tratamento e o acolhimento dessa gestante. É preciso realizar a busca ativa dos casos e fazer o rastreamento. Assim, vamos quebrando a cadeia de transmissão”, explica o ginecologista. Ainda conforme o médico, as infecções sexualmente transmissíveis causadas por vírus, bactérias ou outros microorganismos podem ocorrer em qualquer fase da gestação e acarretar sérias consequências tanto para a mãe quanto para o feto.
“Entre as mais conhecidas estão o Herpes Genital, HPV, Gonorreia, Clamídia, Sífilis, HTLV, Tricomoníase e Hepatites Virais B e C. Atualmente, observa-se um aumento exponencial de
casos de Sífilis no país”, aponta.
Pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS) também alerta que as ISTs são responsáveis por 25% dos casos de infertilidade registrados no mundo, seja pela incapacidade de engravidar ou até mesmo por inviabilizar a gestação.
Os sintomas das ISTs incluem feridas, corrimentos, verrugas anogenitais, dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e aumento de ínguas. A observação do corpo durante a higiene pessoal é fundamental para identificar possíveis ISTs em estágios iniciais. “É importante procurar o serviço de saúde para realizar a avaliação e exames complementares adequados para o diagnóstico e início do tratamento”, enfatizou Julio Cesar.
Complicações
Durante a gestação, as ISTs representam um alto risco de complicações tanto para a mãe quanto para o feto. A transmissão vertical dessas infecções pode comprometer o binômio mãe-feto de diversas formas. Por exemplo, a Sífilis em mulheres grávidas pode resultar em infecção congênita grave, levando a morte fetal ou neonatal (50%), prematuridade (25%) e sequelas de longo prazo em crianças sobreviventes (20%).
A transmissão vertical das ISTs pode resultar em aborto espontâneo, baixo peso ao nascer, cegueira, problema neurológico e de desenvolvimento, prematuridade, natimorto e óbitos, reitera o especialista, destacando que o tratamento é fundamental para prevenir tais complicações.
Dezembro Vermelho
O Dezembro Vermelho é uma campanha de conscientização que visa chamar a atenção não apenas para a prevenção e combate ao HIV, mas também para a prevenção e tratamento das infecções sexualmente transmissíveis, abordando suas implicações na saúde, fertilidade e estilo de vida.
Durante este mês, são realizadas diversas atividades em todo o mundo para destacar a importância da informação, do diagnóstico precoce, do tratamento adequado e da promoção de uma cultura de respeito e solidariedade em relação às pessoas que vivem com o vírus. A cor vermelha simboliza a solidariedade e o compromisso global na luta contra o HIV.
Fonte: copopular.com.br