Em Cuiabá, dos mil imóveis na área de tombamento e entorno, 300 estão sem uso ou subutilizados e 50 estão sob risco de colapso
Componentes do acervo arquitetônico do período colonial, vários casarões localizados no Centro Histórico de Cuiabá resistem ao abandono.
Porém, podem desmoronar total ou parcialmente com a chegada das chuvas, devido à falta de conservação e às condições precárias em suas estruturas. ]Na Capital, 300 imóveis estão sem uso ou subutilizados e 50 estão sob risco de colapso.
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Esse cenário de degradação é antigo e resultado da falta de implementação de políticas para preservação dos bens públicos e de cuidado por parte dos proprietários de imóveis particulares.
Abandono que leva a ruína casas como a que pertenceu ao fazendeiro Manoel Pereira Cuiabano e que foi lar de Jejé de Oyá.
Tradicional imóvel localizado atrás Paróquia Nossa Senhora da Boa Morte, a casa de Jejé desmoronou em março de 2022.
Mas, outras construções históricas só aguardam a força do tempo.
Exemplo disso são dois casarões que ficam nas ruas Campo Grande e 7 de Setembro e que, há cerca de quatro anos, estão com as fachadas escoradas por madeiras, que foram colocadas após o desabamento dos telhados.
“Triste ver que casas que pertenceram às famílias tradicionais, onde já foram realizados até desfiles de moda com roupas que traziam do Rio Janeiro, estarem vazias e sem cuidado. Hoje, uma dessas casas vem sendo utilizada como prostíbulo”, lamenta Solange Arruda, proprietária de um comércio próximo ao Beco do Candeeiro.
Somente na Rua 7 de Setembro, há cinco casas fechadas, com parte do teto tomado pelo mato.
Uma delas, atrás do Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (Misc), abrigava a Gráfica do Pêpe, muito tradicional entre a cuiabania.
Em 2019, parte da estrutura da construção centenária desabou e até hoje a fachada é escorada por madeiras.
O mesmo ocorre com outro prédio histórico, localizado na Rua Campo Grande, próximo ao cruzamento com a Rua Pedro Celestino.
Devido à instabilidade estrutural da construção, parte da via está interditada desde 2021, quando foi realizado o escoramento do sobrado para garantir a segurança de quem precisa passar pela via e próximo ao local.
De propriedade privada, o imóvel é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em janeiro de 2020, os proprietários protocolaram pedido de doação do casarão para a Prefeitura e o processo está em tramitação.
Na Capital, um levantamento feito pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) apontou que dos cerca de mil imóveis existentes na área de tombamento e entorno do Centro Histórico, 300 estão sem uso ou subutilizados e 50 estão sob risco de colapso.
O estudo foi apresentado em setembro deste ano durante audiência pública na Câmara de Vereadores com o objetivo de discutir a inclusão das diretrizes apontadas pelo estudo no Plano Diretor do Município.
Fonte: diariodecuiaba.com.br