O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) ressaltou a ganância e desprezo pela vida de pacientes em denúncia contra 22 servidores e médicos envolvidos em desvio milionário durante a pandemia de covid-19. Detalhes sobre a transação criminosa feita enquanto o estado de calamidade estava decretado são citados na denúncia encaminhada à Justiça no dia 7 de dezembro. Os acusados de participação na quadrilha são investigados na Operação Espelho, que desarticulou um cartel que fraudava licitações no âmbito da Saúde do Estado e recebia por serviços não prestados.
Conforme o documento, devido à necessidade de contratar serviços médicos para os hospitais do estado de forma emergencial, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e as prefeituras não promoveram os regulares processos licitatórios, realizando a contratação direta com o envio de 3 propostas, sendo escolhida a de menor valor.
Conforme consta na denúncia, o grupo criminoso orquestrou um milionário esquema de manipulação das contratações junto aos Hospitais Municipais e Regionais de Mato Grosso, entre os anos de 2020 e 2021.
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“Diante do cenário de extrema angústia e sofrimento vivido pela população, chega a causar indignação a ganância dos denunciados ao se aproveitarem da situação gerada pela covid-19 para receber lucros ilícitos às custas das verbas públicas, sem se preocupar com as vidas de inúmeros mato-grossenses que morreram por falta de atendimento médico e recursos hospitalares”, consta no documento.
Referente ao contrato da empresa LB Serviços Médicos LTDA com o Hospital Metropolitano de Várzea Grande, o documento afirma que os médicos, Luiz Gustavo Castilho Ivoglo e Osmar Gabriel Chemin, desviaram dinheiro público, com o superfaturamento por falta de execução, pagamentos de plantões médicos de infectologistas e cirurgiões gerais não comprovados, dentre outras irregularidades.
Em diligências aos hospitais onde o grupo atuava, foram encontrados nos livros de ponto observações como do dia 19 de julho de 2020 com as seguintes informações: “manhã ninguém”, “tarde ninguém”. No dia 02 agosto de 2020: “pela manhã ninguém”, quando pela escala de plantão deveria estar presente o médico “Willian”. Apesar de constar a falta, todos os plantões foram pagos pelo Estado.
Ao todo, o MP aponta que houve o pagamento de mais de R$ 90 milhões sem qualquer tipo de contrato ou licitação entre de janeiro de 2020 a março de 2023 pela SES.
Grupo criminoso manteve contrato com o Hospital Metropolitano de Várzea Grande, também atuou para prestação de serviços médicos, gestão de UTI normal, UTI covid, clínica médica e outros setores nos hospitais de Alta Floresta, Colíder, Sinop e Sorriso
O Hospital Metropolitano de Várzea Grande foi inaugurado em maio de 2020, como uma unidade referência para o atendimento e tratamento de casos graves da covid-19, nele foram investidos R$ 16.500.000,00. Pacientes graves do estado todo eram encaminhados à unidade.
Operação Espelho
Realizada pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) revelou esquema de fraudes em hospitais de Mato Grosso. Operação foi realizada em duas fases que mirava um suposto cartel formado por empresas com o intuito de fraudar contratos com a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e com ajuda de agentes públicos.
Na ação, foi denunciada a “mulher da SES” que teria peça fundamental no esquema, pois passaria orientações aos empresários para que vencessem as licitações.
Ao todo, 22 médicos foram denunciados, sendo eles, Alberto Pires de Almeida, Alexsandra Meire Perez, Bruno Castro de Melo, Catherine Roberta Castro da Silva Batista Morante, Carine Quedi Lehnen Ivoglo, Caroline Campos Dobes Conturbia Neves, Elisandro de Souza Nascimento, Euller Gustavo Pompeu de Barros Gonçalves, Gabriel Naves Torres Borges, José Vitor Benevides Ferreira, Luiz Gustavo Castilho Ivoglo, Luciano Florisbelo, Marcelo de Alécio Costa, Maria Eduarda Mattei Cardoso, Marcio Matsushita, Miguel Moraes Da Cruz Suezawa, Nabih Fares, Pamela Lustosa Rei, Renes Leão Silva, Sergio Dezanetti, Samir Yoshio Matsumoto Bissi e Osmar Gabriel Chemin.
L.B. Serviços Médicos, atualmente denominada por LGI Médicos LTDA, Bone Medicina Especializada, Organização Goiana de Terapia Intensiva Ltda, Intensive Care Serviços Médicos LTDA são empresas investigadas na operação, que tiveram contratos milionários com o Estado, aceitos.
Fonte: gazetadigital.com.br