A escalada das hostilidades entre a Rússia e a Ucrânia, além das declarações mais bélicas de Vladimir Putin, parece ter antecipado a decisão de remover os bancos russos do sistema Swift, que processa as operações financeiras de 11 mil bancos em todo o mundo, além de outras sanções ao seu sistema financeiro. Esta opção era comparada similar à um tempo de “ataque nuclear” financeiro.
O Banco Central da Rússia também foi impedido de empregar suas reservas internacionais para minar o impacto das sanções.
Uma reação prática já pode ser observada no mercado de câmbio nesta segunda-feira (28). O Rublo (USDRUB) está perdendo seu valor em relação ao dólar e cai aproximadamente 20%, a 105 para um dólar. Isto após já ter apresentado uma forte queda similar na última sexta-feira (25).
Como tentativa de estabilizar o rublo, o BC da Rússia elevou as taxas de juros do país de 9,5% para 20% como medida de emergência após duras sanções impostas pelos países ocidentais.
Mas o quanto isto, de fato, irá afetar a economia russa?
Segundo cálculos da consultoria Capital Economics, as sanções anunciadas ao banco central da Rússia, juntamente com a decisão de excluir vários bancos russos da Swift, terão graves consequências para seus exportadores e setor bancário.
“Isso poderia causar uma queda no PIB russo talvez da ordem de 5% este ano, o que, isoladamente, reduziria 0,2 ponto percentual do crescimento do PIB mundial em comparação com nossas previsões pré-conflito”, analisa Jennifer McKeown, chefe global de economia da Capital Economics.
Segundo ela, isso também traria “respingos” para as economias ocidentais.
“Algumas instituições expostas (principalmente bancos) podem falir ou exigir suporte significativo. Mas os efeitos macro devem ser pequenos. A Rússia responde por apenas 2% das exportações até mesmo das principais economias mais expostas da Europa Ocidental”, explica.
Isso acontece porque os vínculos financeiros caíram acentuadamente desde a crise da Crimeia em 2014. Os preços mais altos da energia pesarão no crescimento de importadores de energia como a zona do euro, mas em nível global isso seria parcialmente compensado por ganhos para os produtores de commodities.
O economista global do UBS, Paul Donovan, lembra que a exclusão da Rússia do sistema Swift não interrompe as transações internacionais, mas as torna mais burocráticas e caras. Isso atinge as empresas internacionais que negociam com a Rússia. Ele pontua que a exclusão do Irã do Swift custou cerca de 30% de seu comércio internacional.
Sobre as imposições ao Banco Central da Rússia, o economista indica que isso limita a defesa do rublo pela autoridade monetária, embora as reservas de ouro possam ser vendidas.
“Um rublo mais fraco e uma inflação doméstica mais alta reduzem a capacidade da Rússia de comprar importações. Sancionar o banco central da Rússia não afeta o status de reserva do dólar americano – não há alternativa”, pondera.
Fonte: moneytimes.com