Um contrato firmado entre a prefeitura de Cuiabá, e empresa Bridge Comunicação e Informática Ltda no valor de aproximadamente R$ 4 milhões em 2020 será alvo de investigação pelas autoridades policiais por supostas irregularidades de direcionamento e superfaturamento.
A empresa com sede em Brasília, que tem como administrador João Cláudio Malta Buyers, seria, na verdade, do empresário Valdisnei Amorin, empresário investigado na Operação Ararath e que foi delatado pelo ex-governador Silval Barbosa. A reportagem do Centro Oeste Popular recebeu as denúncias de irregularidades de forma anônima, assim como o Ministério Público e a Polícia Civil de Mato Grosso.
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Ao entrar em contato com a empresa através de ligações, funcionários confirmaram à reportagem de que o proprietário da Bridge seria Waldisnei da Cunha Amorin. O contrato se iniciou após a secretaria municipal de Educação ter feito adesão a uma ata do Consórcio Público da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em setembro de 2020.
O então secretário da época, Alex Vieira Passos, chegou assinar com a empresa, que seria responsável para “licença de software e serviços de implantação da gestão digital da vida funcional dos servidores públicos ativos, inativos e pensionistas, gestão arquivista, acervo de documentos, integrações, implantações e desenvolvimento de sistemas com o fornecimento de produtos e serviços utilizando soluções integradas para a Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá/MT”, diz trecho do contrato que tivemos acesso. Contudo, 5 dias de depois do contrato, o secretário solicitou o cancelamento do contrato, por suspeitas de irregularidades. Na justificativa, se colocou o decreto municipal para contenção de gastos devido à pandemia da covid-19. A suspensão do contrato se tornou sem efeito e chegou a ser publicado no Diário Oficial do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Porém, o contrato voltou a ser celebrado após a saída de Alex Vieira da pasta, e sem o seu consentimento, sua assinatura permaneceu. Os pagamentos à empresa ocorreram rapidamente nos dias após a publicação do contrato, de maneiras suspeitas.
A reportagem do Centro Oeste Popular que recebeu a denúncia e trará mais informações que vem recebendo sobre o contrato e que se encontra em fase de apuração. As próximas reportagens servirão de auxílio para que o Ministério Público e a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (DECCOR) elucidem os fatos.
A Bridge Comunicação e Informática Ltda já apareceu em outros escândalos em Mato Grosso. Ela foi um dos alvos do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) na Operação Convescote de 2017, que apurou desvios de dinheiro público em convênios celebrados entre a Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (Faespe) e instituições públicas.
Na época, os investigadores apuravam um contrato de R$ 14,25 milhões entre a Faespe e a Bridge Comunicação e Informática. Na época, o empresário João Cláudio Malta Buyers, aparece em um depósito de R$ 141 mil feitos ao delator Hallan Gonçalves de Freitas, ex-funcionário da Faespe. Hallan teria simulado um contrato para justificar a referida transação bancário. A suspeita é de que o depósito feito para as contas de Hallan seja propina referente ao contrato de R$ 14 milhões anteriormente firmados.
Dono de empresa foi investigado na Ararath
O empresário Waldisnei da Cunha Amorim foi um dos investigados na Operação Ararath, que revelou um grande esquema de corrupção dentro da administração do Estado de Mato Grosso, para lavar dinheiro, enriquecimento ilícito e financiamento de campanhas eleitorais. Wladisnei foi alvo da Polícia Federal e da Polícia Civil em outras investigações derivadas da Ararath. Ele foi delatado pelo ex-governador Silval Barbosa em 2017, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre 2015 e 2017, a empresa recebeu R$ 11,3 milhões do Poder Público por contratos com a Secretaria de Estado de Segurança Pública, Fundo de Desenvolvimento do Sistema de Pessoal do Estado de Mato Grosso (Fundesp) e Mato Grosso Previdência (MT Prev). Em sua delação, Silval chegou a afirmar que Wladisnei “devolvia metade dos valores estabelecidos no contrato com o Governo do Estado, de R$ 10 milhões”.
Fonte: copopular.com.br