Assim como ocorreu em 2020, incêndio no Pantanal deixa um rasto extenso de morte de animais, além da destruição da flora local
Desde outubro passado, o Pantanal vem sendo consumido por incêndios florestais, em Mato Grosso.
O fogo já provocou a morte de um número imensurável de animais, como cobras, sapos e pequenos roedores, além da destruição da flora local.
Agora, o Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) abriu inquérito civil para investigar os fatores ou motivos que levaram ao cenário atual, semelhante ao que ocorreu em 2020.
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O desastre ambiental foi discutido em audiência pública realizada pelo MP-MT.
Entre as falhas apontadas durante o encontro, conforme a promotora Ana Luiza Peterlini, estão a falta de um plano de manejo para o Parque Estadual Encontro das Águas, unidade de conservação onde encontra-se o maior santuário das onças-pintadas do mundo, a inexistência de um plano de prevenção e de combate aos incêndios, além da falta de manejo integrado do fogo.
“Esses são instrumentos que permitem prevenir incêndios florestais. Então, isso vamos buscar agora junto ao Estado”, informou. De responsabilidade do Governo do Estado, o Parque Encontro das Águas carece de investimento e sequer foi implementada. “Ainda é passível de regularização fundiária, de demarcação e de plano de manejo”, disse.
A partir da audiência, a intenção é instituir políticas públicas e/ou plano de prevenção e combate aos incêndios em unidades de conservação do Estado.
Até o momento, o fogo consumiu mais de um milhão de hectares da biodiversidade, entre Mato Grosso e o vizinho Mato Grosso do Sul, desde o início do ano.
Praticamente metade no território mato-grossense.
Além do Parque Estadual, até sexta-feira (17), eram pelo menos outras sete frentes de combate aos incêndios na região, sendo elas, a bacia hidrográfica do Rio Sararé, região de Mimoso, comunidade São Pedro de Joselândia, Fazenda Alvorada do Pantanal, fronteira com a Bolívia/San Matías, e nas áreas federais Parque Nacional do Pantanal/Reserva do Dorochê e Terra Indígena Portal do Encantado.
No geral, o Estado registra 19.571 focos de calor, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Só no Pantanal, são 5.031 pontos de queimadas, o que corresponde a um aumento de 5.031 em relação a 2022.
Dos mais de 5 mil focos, 3.098 foram detectados somente neste mês de novembro.
A expectativa é por uma boa chuva na região controle das chamas.
“O Pantanal era um bioma com muito animal e hoje a gente chega nesses pontos e está até difícil de encontrar animais vivos. Infelizmente, o que a gente está vivenciando aqui é um cemitério a céu aberto. A fauna e a flora vêm pagando com a vida esse preço dessa imprudência de nós seres humanos”, lamentou o médico veterinário Anderson Fernandes Barreto.
AÇÕES – No início desta semana, o Governo de Mato Grosso decretou situação de emergência por conta do desastre ambiental.
Também anunciou no plano de trabalho integrado com o governo federal, que, além de ampliar o efetivo na região, com mais brigadistas, aeronaves e embarcações nas ações em campo para a preservação da fauna e flora do bioma.
Informou ainda que entrará em operação o Posto de Atendimento a Animais Silvestres (PAEAS) Pantanal.
Na região, aproximadamente 200 servidores estaduais e federais atuam no combate ao fogo.
Para orientar as equipes em campo, tanto o incêndio no Parque Nacional do Pantanal quanto no Parque Estadual Encontro das Águas é monitorado, por meio de satélites de alta tecnologia, 24 horas por dia.
Estado diz ainda que, desde 2019, já investiu mais de R$ 240 milhões em ações de prevenção e combate aos incêndios florestais e desmatamento ilegal. Somente em 2023, foram destinados R$ 77,4 milhões para conservação do meio ambiente e aquisição de novas tecnologias, veículos, insumos e equipamentos de fiscalização.