OPERAÇÃO HERMES: ‘A vida do traficante não é fácil’, diz investigado pela PF por contrabando de mercúrio

OPERAÇÃO HERMES: ‘A vida do traficante não é fácil’, diz investigado pela PF por contrabando de mercúrio
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Trechos do inquérito policial que embasou a decisão judicial que autorizou a 2ª fase da Operação Hermes da Polícia Federal, sobre contrabando de mercúrio, apontaram a dificuldade que os investigados tinham em trazer mercúrio ilegalmente para o Brasil. Em uma das conversas entre Arnoldo Veggi e Willian Leite Rondon, que a PF teve acesso, um deles diz que “a vida do traficante não é fácil”.

Foi apurado pela polícia que Willian seria um dos vendedores e financiadores do comércio ilegal de mercúrio praticado pela organização criminosa. Já Arnoldo Veggi é apontado como a peça principal nos crimes.

De acordo com o inquérito, Arnoldo e Willian eram muito próximos e tratavam frequentemente de assuntos pessoais e profissionais. A PF analisou que a participação de Willian no crime foi aumentando com o passar do tempo até que passou a ser um “verdadeiro sócio”. Em uma das conversas, Arnoldo apresentou vários detalhes de seu sistema de vendas de mercúrio.

“Arnoldo apresentou informações importantes acerca de seus principais compradores e de seus fornecedores. Inclusive, na mesma conversa, ele revela e informa, para Willian, as mais diversas formas de trazer para o território nacional o mercúrio ilegal que ele importava de forma clandestina de outros países”, diz trecho do inquérito.

Em um dos vídeos que Arnoldo enviou para Willian é mostrado o transporte clandestino de mercúrio. A PF verificou que tudo é feito “de forma rudimentar, sem nenhum tipo de cuidado, expondo a risco todos ao redor”. Arnoldo chega a afirmar que o mercúrio é transportado no “bolso” e no “saco”. Em algumas situações o produto teria vazado.

“Um trecho muito importante do dia 20 de outubro de 2022 foi quando Arnoldo afirmou que não tinha licença de importação de mercúrio para Willian e que, portanto, todo o mercúrio importado por Arnoldo era ilegal. Em seguida, Willian diz que entendeu e que a legalização seria ‘lindo’, ou seja, ele tinha completa ciência das práticas ilícitas de Arnoldo”, diz trecho da investigação.

Em outra conversa, Arnoldo diz que fez uma tentativa de envio ilegal de mercúrio para o Brasil, mas que não deu certo porque o produto vazou e a agência de envio desconfiou do conteúdo.

“No dia 24 de outubro de 2022, Arnoldo envia mensagens para Willian informando que tentaria inserir mercúrio dentro de martelos ocos para enviar ao Brasil. Em seguida, Willian responde dizendo que ‘A vida do traficante não é fácil’”.

Com base nestas conversas e outros indícios, a PF concluiu que Willian era um financiador ativo do Grupo Veggi, que tinha total ciência acerca das atividades ilícitas de Arnoldo e seus comparsas a introdução e comercialização do mercúrio ilegal.

Operação Hermes

A Polícia Federal deflagrou a Operação Hermes II na última quarta-feira (8) atingindo a suposta organização criminosa que contrabandeava mercúrio para abastecer os garimpos em Mato Grosso e Pará.

Nesta fase, a PF atuou na identificação dos principais responsáveis pelo comércio ilegal de mercúrio e os respectivos compradores finais. Ou seja, os reais destinatários do mercúrio contrabandeado. E que na imensa maioria das vezes são garimpeiros com autorizações de lavra.

O grupo era dividido entre fornecedores, sócios, financiadores, compradores e operacionais. Durante a apreensão, 709 litros de mercúrio foram apreendidos com quadrilha. A PF aponta um prejuízo ao erário federal de mais de R$ 5 bilhões.

Fonte: gazetadigital


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