É realizado nesta segunda-feira (6) o julgamento, pelo Tribunal do Júri, do secretário de Ordem Pública de Cuiabá, coronel Leovaldo Emanoel Sales da Silva e outros suspeitos de envolvimento na execução de um fugitivo do presídio do Carumbé em 1996. A sessão ocorre na 11ª Vara Criminal Especializada de Justiça Militar.
Além de Sales, foram denunciados pelo homicídio de Cláudio Andradre Gonçalves os réus Jose Luiz Vallejo Torres, Douglas Moura Lopes, Angelo Cassiano de Camargo, Mariano Mattos do Nascimento e Antônio Bruno Ribeiro. A sessão de julgamento foi iniciada na manhã de hoje (6).
Um deles, Antônio Bruno Ribeiro foi julgado em agosto de 2019, pelo Tribunal do Júri, e absolvido. No início da sessão de hoje (6) as defesas do coronel Leovaldo Sales, de Mariano Mattos do Nascimento, Jose Luiz Vallejo Torres, Angelo Cassiano De Camargo e Douglas Moura Lopes pediram extensão desta absolvição a eles, argumentando que o contexto fático narrado na denuncia é exatamente o mesmo. O juiz Marcos Faleiros negou os pedidos.
Os advogados ainda pediram a extensão do tempo hábil para defesa, argumentando que foram constituídas há pouco tempo. No caso de Sales, o advogado foi constituído na quarta-feira (1). O magistrado, “por questão de ampla defesa e contraditório”, ampliou o tempo em 5 horas.
A denúncia
De acordo com os autos, no dia 10 de dezembro de 1996 ocorreu uma rebelião no presídio do Carumbé, em Cuiabá, que resultou na fuga de 50 detentos. Por causa disso, o 3º Batalhão da Polícia Militar, que era comandado pelo então tenente-coronel Leovaldo Sales.
Durante as buscas foram recapturados 15 detentos, entre eles a vítima Cláudio Andradre Gonçalves, porém, com o pretexto de que ele estava ferido, os policiais disseram que seria levado com outro fugitivo (não identificado) ao Pronto Socorro Municipal, para atendimento de emergência.
Foi apurado que uma equipe de policiais levou os fugitivos até a estrada que dá acesso à cidade de Barão de Melgaço, onde ambos foram executados sumariamente.
No entanto, filmagens de uma reportagem mostraram que Cláudio não estava ferido quando foi capturado, portanto, não havia motivo para que fosse levado ao hospital. Com isso começou a especulação sobre o desaparecimento dele do estabelecimento prisional. A família constatou a ausência dele do presídio.
Os corpos foram localizados no dia 6 de janeiro de 1997, com sinais de execução, sendo enterrados como indigentes no cemitério público municipal de Campo Santo, no Parque Cuiabá. Com a repercussão do sumiço do detento foi feito pedido de exumação dos corpos e, após perícia, foi comprovado que eram os restos mortais de Cláudio.
A denúncia Contra Jose Luiz Vallejo Torres, Douglas Moura Lopes, Angelo Cassiano de Camargo, Mariano Mattos do Nascimento, Antônio Bruno Ribeiro e também Contra Leovaldo Emanoel Sales da Silva foi recebida em 4 de março de 2004.
Fonte: gazetadigital.com.br