Segundo especialista, retomada econômica e as estimativas de aumento do PIB positivas contribuíram ativamente para a queda do desemprego
A taxa de desemprego atingiu o seu menor nível desde o último trimestre de 2014, situando-se em 7,7% no terceiro trimestre. A população desempregada totalizou 8,3 milhões, uma queda de 3,8% em relação ao trimestre anterior e 12,1% menor do que o terceiro trimestre de 2022, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Tem sido implementadas uma série de políticas que aquecem a economia e o mercado de trabalho, o próprio Bolsa Família ampliado benefício multiplicou por três em relação a alguns anos, número de beneficiários aumentou 50%. Isso faz gerar dinheiro na mão dos pobres que fazem a roda da economia rodar mais. Mas isso não é necessariamente uma política sustentável no longo prazo, ela não pode ser repetida indefinidamente”, defende Marcelo Neri, economista e diretor do FGV Social na Fundação Getulio Vargas.
O rendimento médio real habitual do trabalhador, que foi de R$ 2.982, aumentou 1,7% em relação ao trimestre anterior e 4,2% em relação ao ano anterior. Esse aumento foi impulsionado principalmente pelos crescimentos dos salários na indústria, que tiveram um aumento de 5,3% no trimestre e 6,3% no ano. Além disso, a massa de rendimento real habitual atingiu um valor recorde de R$ 293 bilhões, registrando um aumento de 2,7% em relação ao segundo trimestre deste ano e de 5% na comparação com o terceiro trimestre de 2022.
“Acho que 2023 está surpreendendo mais por conta de políticas públicas adotadas. E também por um certo pessimismo inicial dos analistas. Sem dúvida, essas retomadas tendem a ser fortes e beneficiar mais a base da distribuição. Mas elas são apenas um processo limitado no tempo”, argumenta.
“Os dados do IBGE mostram uma transição demográfica acelerada que vai fazer com que falte mão de obra no futuro. A população idade ativa vai parar de crescer. Acho que o desemprego dos jovens, e o desemprego em geral tende a cair por conta desse fator estrutural”, pontua.
Sobre a queda da taxa desemprego, o pesquisador defendeu que a retomada econômica e as estimativas de aumento do PIB positivas contribuíram ativamente. “Estamos crescendo mais do que imaginávamos. Mas, por outro lado, isso não significa continuidade. A gente está em um momento de incerteza em função do conflito no Oriente Médio e da guerra da Ucrânia”, finaliza.
A população ocupada alcançou 99,8 milhões, representando um aumento de 0,9% em relação ao trimestre anterior e 0,6% em comparação com o terceiro trimestre do ano passado. Este número também marca o maior contingente de ocupados desde o início da série histórica em 2012. No mesmo período, o nível de ocupação atingiu 57,1%, registrando um aumento em relação ao trimestre anterior (56,6%) e permanecendo estável em comparação com o mesmo período de 2022.
Fonte: economia.ig.com.br