Nova desembargadora empossada nesta sexta-feira (27), Graciema Ribeiro de Caravellas disse que não tem ressentimentos por causa de sua aposentadoria compulsória, referente ao escândalo da Maçonaria, pois no fim das contas a “justa justiça foi feita”. Ela ainda afirmou que sua relação com o desembargador Orlando Perri, que conduziu as investigações do caso, é a “melhor possível”.
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Graciema foi uma das magistradas reintegradas ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), após terem as aposentadorias compulsórias revertidas em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro de 2022. Ela foi aposentada em 2010 e poderia ter assumido o cargo de desembargadora desde 2011, caso estivesse exercendo a profissão.
“Eu não tenho ressentimentos, em dizer que fui injustiçada, eu não tenho esse sentimento de magoa e de rancor dentro do meu espírito porque eu acho q isso só faz mal, só é prejudicial, você tem sempre que ver o lado bom das coisas”, disse a desembargadora em entrevista nesta sexta-feira (27). Agora ela será colega do desembargador Orlando Perri, que à época era corregedor do TJ. Graciema afirmou que não tem qualquer sentimento ruim com relação ao magistrado e entende que ele apenas fazia seu trabalho.
“A minha relação com o desembargador Orlando Perri é excelente […] ele deu início a um processo que qualquer outro faria. Na época penso que ele era corregedor, então nesta condição ele exerceu aquilo que entendia ser o… mas nosso relacionamento é o melhor possível, eu admiro muito o dinamismo, a competência, a capacidade profissional do desembargador Orlando Perri, não tenho nada contra”.
Em seu discurso de posse ela citou o escândalo, pontuando que seu nome nunca havia sido manchado e “foi repentinamente jogado ao vento”, resultando em uma “decisão administrativa injusta, destruindo, demolindo toda uma vida de luta e de digna e honrada dedicação pelo nobre exercício da magistratura”.
Também disse que aproveitou estes mais de 10 anos ao lado da família, algo que não conseguia fazer durante seu trabalho, e se sente feliz por “ver resgatar a minha dignidade e reconhecida a minha inocência, para que minha descendência não se visse marcada por uma conduta ofensiva à ética funcional”.
“O escândalo depende do ponto de vista, como ele foi visto e como ele foi divulgado, porque na verdade, a realidade dos fatos foi diferente do que na época foi publicado […] desde 2009 nós, as juízas, já tínhamos sido inocentadas antes dos demais envolvidos […] Graças a Deus foi feita a justa justiça, embora um pouco demorada, mas ela chegou para alguns de nós em tempo hábil de retornarmos à nossa atividade”.
Entenda o caso
Os juízes foram punidos com aposentadoria compulsória pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2012, junto com mais 13 magistrados.
Na denúncia, o Ministério Público relatou que os crimes ocorreram em 2004, época em que o desembargador José Ferreira Leite presidia o Tribunal de Justiça e, ao mesmo tempo, era grão-mestre (chefe) da loja maçônica Grande Oriente de Mato Grosso (GOE-MT).
Os juízes auxiliares de Leite no tribunal (Marco Aurélios e Antônio Horácio) eram igualmente dirigentes da loja maçônica que decidiu criar uma cooperativa de crédito Sicoob. Todavia, a cooperativa faliu e deixou um desfalque de aproximadamente R$ 1 milhão. Em razão do prejuízo, segundo o MPF, José Ferreira Leite liderou um grupo para socorrer os prejuízos.
De acordo com a denúncia, o 1º passo do esquema foi o empréstimo firmado pelos quatro magistrados junto a cooperativa de crédito do Poder Judiciário, em um total de R$ 310 mil. O grupo teria decidido ainda liberar supostas verbas devidas pelo Tribunal de Justiça, cujos valores foram posteriormente transferidos para a Maçonaria.
Fonte: gazetadigital.com.br