Por unanimidade a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso determinou a soltura de Bruno Rossi Penazzo, 39, e Sérgio da Silva Cordeiro, 34, presos na Operação Piraim, que mirou um grupo que pratica extorsão mediante a restrição de liberdade. Foram impostas medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica.
No recurso de habeas corpus as defesas alegaram falta de fundamentação e inexistência de risco com a liberdade. Também destacou os bons predicados pessoais dos dois, que tem filhos menores. O parecer do Ministério Público foi pela rejeição do pedido de revogação das prisões.
O relator, desembargador José Zuquim Nogueira, em sessão nesta quarta-feira (25), citou que as prisões são referentes a um fato ocorrido em 4 de maio de 2023, de um pai que procurou a polícia para relatar que seu filho estava sofrendo extorsão no Posto Bom Clima. Os policiais foram ao local indicado e lá encontraram Sérgio, Bruno e outros suspeitos.
Bruno teria contratado um grupo de cobradores para conseguir receber uma dívida de R$ 90 mil. O relator entendeu que a liberdade de Bruno e Sérgio não traria perigo, pois não há indícios de que voltariam a cometer crimes.
“Não questiono aqui a gravidade dos fatos imputados a estes pacientes, pois segundo apurado eles, juntamente com outros, mediante violência e grave ameaça restringiram a liberdade da vítima e exigiam o pagamento dos seus créditos, entretanto, a despeito da gravidade da conduta imputada, após examinar o conjunto probatório […] não verifiquei a presença de base empírica satisfatória a comprovar a acentuada periculosidade ou indícios de que em liberdade voltarão a praticar outros delitos criminosos”.
Ele também considerou que Bruno é réu primário e Sérgio também tem bons antecedentes, além de que possuem trabalho lícito, residência fixa e são indispensáveis para cuidado dos familiares.
Os desembargadores Rui Ramos e Pedro Sakamoto seguiram o voto do relator. Foram impostas a Sérgio e Bruno algumas medidas cautelares como não se ausentar da comarca, não manter contato com as vítimas e envolvidos, não se envolver em outro fato criminoso e também fazer uso de tornozeleira eletrônica.
Retrocesso
Ao declarar seu voto o desembargador Rui Ramos ainda fez um desabafo sobre este caso de extorsão, que segundo ele estão sendo cada vez mais comuns.
“Faço uma consideração que, isso aqui, nós estamos nos encaminhando para a Roma Antiga, daqui a pouco nós vamos ter cobranças de dívida em praça pública, […] porque eu tenho acompanhado isso, não é só aqui no Estado de Mato Grosso, tenho acompanhado comportamentos deste porte, tudo a título de se cobrar determinada dívida, porque na verdade se acresce, passa-se para uma questão de extorsão e daqui a pouco Roma Antiga estará presente entre nós, logo logo, da forma como isso tudo caminha, um retrocesso absurdo”, disse.
Operação Piraim
Foram cumpridos 11 mandados, sendo 6 de prisão preventiva e 5 de busca e apreensão. Todos em Cuiabá.
Conversas via whatsapp entre o agiota Rafael Geon, 33, e Leandro Justino, que foi chicoteado por conta de dívida, mostram que os dois tinham “bom relacionamento”. Prints revelaram que Leandro tinha dívida sobre negociações de joias.
Pai de Leandro disse à polícia que o filho foi levado, no dia 4 de maio, pelo grupo criminoso, que exigia dinheiro em troca da liberdade. A equipe policial foi até o local e, com medo, a vítima declarou que ‘não foi açoitado’.
O homem estava com vários hematomas. Investigação apontou que o homem foi abordado em um posto de combustível, na avenida República do Líbano. A agressão sofrida foi gravada em um vídeo que viralizou nas redes sociais.
Fonte: gazetadigital