MT: REFÚGIO DE ONÇAS-PINTADAS: Fogo destrói 15 mil hectares dentro e fora de parque no Pantanal

MT:  REFÚGIO DE ONÇAS-PINTADAS:   Fogo destrói 15 mil hectares dentro e fora de parque no Pantanal
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O Parque Encontro das Águas tem área de 108 mil hectares de proteção integral, sob gestão do Estado

O incêndio começou em uma fazenda particular próxima ao parque no dia 1º e foi se espalhando até atingir o parque, no dia 7

O incêndio que atinge o Parque Estadual Encontro das Águas já consumiu cerca de 15 mil hectares dentro e fora dos limites da Unidade de Conservação (UC), que fica entre os municípios pantaneiros de Barão de Melgaço e Poconé (123 e 110 km respectivamente, ao Sul de Cuiabá).

O parque conta com uma área de 108 mil hectares de proteção integral, sob gestão estadual, e é conhecido por ser o melhor lugar do mundo para avistar onças-pintadas de perto.

Em 2020, o lugar teve 80% de sua área queimadas.

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De acordo com o comandante do Batalhão de Emergências Ambientais, tenente-coronel Marco Aires, desde a detecção do fogo, no início do mês, equipes foram enviadas ao local, considerado de difícil acesso.

Atualmente, ao menos 30 militares atuam no combate às chamas, que teriam começado em uma fazenda vizinha ao parque.

O combate é feito por terra, água e uso de aeronaves, além do monitoramento por satélites.

Ainda na sexta-feira (20), segundo o BEA, quatro equipes de fiscalização contra o uso irregular do fogo foram enviadas à região.

A ação foi definida na tarde da última quinta-feira durante reunião da Sala de Situação Central.

“Ainda estamos em período proibitivo do uso regular do fogo, por isso, vamos enviar estas quatro equipes para verificar se há criminosos na região. Iremos multar os responsáveis porque a tolerância para crimes ambientais no Governo de Mato Grosso é zero”, afirmou Aires.

Em entrevista à imprensa, o comandante-geral dos Bombeiros, coronel Alessandro Borges, afirmou que o incêndio está confinado em uma área alagada.

Ele sobrevoou a região para avaliar o impacto dos incêndios e estudar o emprego de mais efetivo.

A avaliação é de que as estratégias utilizadas até o momento foram corretas e, por isso, as equipes conseguiram conter o fogo em uma área específica do parque.

“Nossas ações de combate são respaldadas por um trabalho técnico-científico. São militares altamente capacitados e, em conjunto com a Sala de Situação Central, em Cuiabá, traçam as estratégias de combate. Esse alinhamento é feito diariamente para garantir que todas as ações na região sejam eficientes”, afirmou.

REFÚGIO – Conhecido por ser um dos principais refúgios de onças-pintadas do mundo, o Parque Estadual Encontro das Águas, na região do Pantanal mato-grossense, registra incêndios desde o início do mês.

O incêndio começou em uma fazenda particular próxima ao parque no dia 1º e foi se espalhando até atingir o parque, no dia 7.

De acordo com uma análise preliminar da organização ICV (Instituto Centro de Vida), o fogo já atingiu, até sexta, uma área de 15 mil hectares.

Morador de Poconé, o guia de turismo e fotógrafo da vida selvagem Erisvaldo Almeida divulgou um vídeo em suas redes sociais em que é possível ver parte do incêndio na vegetação do parque e também uma onça-pintada ofegante, abrigada embaixo de uma árvore.

Em outro vídeo feito pelo morador, há um jacaré morto, com marcas de queimadura. Ele disse à Folha que as duas cenas foram gravadas na última quarta-feira (18).

Coordenador de projetos da ONG Panthera Brasil, Fernando Tortato afirma que o impacto agora está “mais localizado”.

“Nada comparado a 2020, que foi uma dimensão muito maior. Agora é um impacto principalmente para pequenos vertebrados e invertebrados. Já as onças têm esta mobilidade, esta possibilidade de deslocamento muito maior. Então elas conseguem escapar do fogo”, explica ele.

Hoje, há de 80 a 100 onças-pintadas vivendo na região do parque, segundo a ONG.

O tempo é outro fator que colabora para amenizar a situação, segundo Tortato. “A gente já teve algumas chuvas, a vegetação já está mais verde. O fogo não está propagando tão forte como seria no pico da seca, em agosto ou setembro”, avalia.

“E a gente tem esperança que venham mais chuvas nos próximos dias para controlar esse fogo. Porque a região é de difícil acesso e o combate é muito complexo.”

Tortato acrescenta que, apesar de o fogo estar mais concentrado em uma área desta vez, as frequências dos incêndios chamam a atenção e preocupam a longo prazo.

O comandante do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA), tenente-coronel Marco Aires, afirma que quatro equipes de fiscalização do uso do fogo se deslocaram nesta sexta para a região.

“Ainda estamos em Período Proibitivo do Uso Regular do Fogo [que começou em 1º de julho e se estende até o final deste mês], por isso vamos enviar estas quatro equipes para verificar se há criminosos na região. Iremos multar os responsáveis”, diz Aires.

O engenheiro florestal Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, diz que medidas de combate aos incêndios precisam ser implementadas “com toda força e urgência por parte do estado, mas também são necessários esforços de fiscalização e responsabilização pelos causadores” do fogo.

“Os efeitos que estamos vivenciando do El Niño, com altas temperaturas e possibilidades de chuvas escassas ainda neste mês, aumentam o risco”, destaca.

Fonte:  diariodecuiaba.com.br


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