MT: PROPINA EM MT: Delator diz que esquema migrou para Cuiabá e expõe ex-Saúde

MT:  PROPINA EM MT:  Delator diz que esquema migrou para Cuiabá e expõe ex-Saúde
Compartilhar

Informação consta na colaboração premiada firmada pelo empresário Luiz Vagner Silveira Golembiouski

O ex-secretário Célio Rodrigues da Silva, que foi preso na Operação Cartão-Postal

O empresário e delator Luiz Vagner Silveira Golembiouski revelou à Polícia Civil e ao Ministério Público do Estado (MPE) que o esquema de desvio de recursos da Saúde em Sinop migrou para Cuiabá.

Quem ficou responsável por viabilizar o credenciamento em Cuiabá-MT foi Mhayanne Escobar Bueno Beltrão Cabral

A delação foi firmada no segundo semestre deste ano e culminou na deflagração da Operação Cartão-Postal, na quinta-feira (19). A ação desarticulou um grupo instalado, desde junho de 2022, na gestão da Saúde de Sinop. Os contratos investigados somam R$ 87 milhões.

A decisão que autorizou a operação, obtida pelo MidiaNews, traz trechos da delação de Luiz Vagner.

Dono da MedClin Serviços Médicos Ltda, ele revelou que, em janeiro deste ano, definiu junto com advogado Hugo Castilho, que chegou a ser preso na operação, que o grupo expandiria a atuação.

Castilho é um dos sócios do Instituto de Gestão de Políticas Públicas (IGPP), que gerenciava a saúde em Sinop e contratou a MedClin para o fornecimento de médicos plantonistas.

“Quem ficou responsável por viabilizar o credenciamento em Cuiabá-MT foi Mhayanne Escobar Bueno Beltrão Cabral, pessoa que Luiz Vagner inicialmente não conhecida, mas foi indicada e apresentada por Hugo”, disse.

Conforme suas declarações, a MedClin oferecia os mesmos serviços médicos à Saúde de Cuiabá e Hugo intermediaria o contrato, calculando “um retorno de 10%”. Em meados daquele mês, o contrato foi firmado.

“Os pagamentos referentes à prestação desses serviços deveriam render um retorno de 10% (dez por cento), caso Hugo atuasse nos mesmos “moldes” do núcleo de atuação de Sinop/MT”, afirmou o colaborador.

Após o contrato fechado, no entanto, Luiz Vagner teria encontrado dificuldades em receber pelos serviços prestados. Uma reunião então foi feita, em fevereiro, entre Luiz Vagner e Hugo no escritório do advogado, no Bairro Popular, em Cuiabá, para “fazerem o fechamento do valor a ser recebido pela MedClin, a pretexto de adimplir os seus serviços prestados em Cuiabá no mês de janeiro”.

Conhecendo Célio Rodrigues e sua influência

No encontro, Luiz Vagner diz que foi apresentado a Célio Rodrigues da Silva, que, conforme narra a decisão judicial, “ostentou grande proximidade com Hugo”.

Célio é ex-secretário de Saúde de Cuiabá, cargo do qual foi exonerado em julho de 2021, após ser alvo da Polícia Federal. Em outubro daquele ano, ele foi preso na segunda fase da Operação Curare.

“Naquele instante, a suspeita que o colaborador possuía foi concretizada: Hugo e Jefferson [Geraldo Teixeira, sócio do advogado] atuavam em conjunto com Célio Rodrigues”, diz trecho da decisão.

“O Célio e o Hugo é (sic) uma pessoa só. As empresas são todas deles. As empresas que estão pegando dinheiro em Sinop. Essas empresas que estão pegando dinheiro em Sinop são do Célio”, disse Luiz Vagner na colaboração.

O empresário contou que expôs a Célio que estava tendo dificuldade para receber “o valor cheio” do contrato com a Secretária Municipal de Saúde de Cuiabá, porque a empresa que fazia a contabilidade do número de atendimentos nos plantões médicos interrompeu o fornecimento do serviço por falta de pagamento.

Célio, então, ligou para o próprio secretário de Saúde de Cuiabá à época, Guilherme Salomão, e teria dado um ultimato.

“Falou em tom de ‘ordem’ que o ‘contrato está errado, não é assim que ele tem que ser feito. O procurador já não te mandou a carta falando que é pra pagar integral os plantões?’”, disse Luiz Vagner na delação, repetindo palavras que teriam sido ditas por Célio.

O empresário disse que, após a interferência de Célio no caso, “não houve mais exigência de contabilidade do número de atendimentos para o ‘pagamento cheio’, e houve retificação no valor da Nota Fiscal da MedClin e a Prefeitura de Cuiabá/MT efetuou o pagamento”.

Para a Polícia Civil, o encontro narrado por Luiz “demonstra um certo poder de comando de Célio Rodrigues da Silva em face do então Secretário de Saúde de Cuiabá/MT, Guilherme Salomão”.

“Isto porque, mesmo sem ocupar um cargo na administração pública do Município, Célio possuía interferência direta no cargo máximo da pasta da Saúde Pública, mesma área de atuação pela qual já foi investigado por diversas vezes, tanto pela Polícia Civil quanto pela Polícia Federal”.

Operação Cartão-Postal

A Operação Cartão-Postal cumpriu mandado de prisão contra o advogado Hugo Castilho, Jefferson Geraldo Texeira e Célio Rodrigues, todos apontados como líderes da suposta organização criminosa.

Outras três pessoas tiveram as prisões decretadas. São elas:  Roberta Arend Rodrigues Lopes, Elizangela Bruna da Silva e João Bosco da Silva.

Houve ainda a determinação para o afastamento do procurador do Município Ivan Shneider, da secretária de Saúde Daniela Galhardo e da servidora Elisangela Bruna da Silva.

A ação apura uma suposta organização criminosa instalada, desde junho de 2022, na gestão da Saúde de Sinop (499 km ao norte de Cuiabá). Os contratos investigados somam mais de R$ 87 milhões.

Mais de 30 ordens de busca e apreensão foram decretadas. Entre os endereços alvos da operação, estão a casa de Hugo, que fica no Condomínio Alphaville II, em Cuiabá, e a Cervejaria Cuyabana, que é de Célio Rodrigues.

Leia mais sobre o assunto:

Desembargador solta advogado, mas impõe R$ 800 mil de fiança

“Organograma” da Polícia detalha como agiam investigados; veja

Veja os alvos da operação que investiga esquema em Sinop

“Não sou corrupto; boto minha mão no fogo pelos secretários”

Delator diz que pagou R$ 800 mil em “retornos” para advogado

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).

Fonte:    midianews.com.br


Compartilhar
0 0
Happy
Happy
0 %
Sad
Sad
0 %
Excited
Excited
0 %
Sleepy
Sleepy
0 %
Angry
Angry
0 %
Surprise
Surprise
0 %