Área alagável é usada coletivamente por pequenos produtores; cerca ameaça subsistência
A Delegacia Especializada do Meio Ambiente de Mato Grosso (Dema) abriu um inquérito para investigar a retirada de madeira em uma área de preservação permanente em um dos pontos turísticos mais sensíveis de Mato Grosso. O material seria usado para a construção de uma cerca na Baía de Chacororé, no Pantanal de Barão de Melgaço (a 125 quilômetros de Cuiabá).
Dois homens foram detidos em flagrante derrubando as árvores nativas. Eles alegaram ter sido contratados pelo produtor rural Antenor Figueiredo para fazer a extração.
Antenor, segundo a investigação, teria pago R$ 120 para cada 12 mourões (troncos de madeira) extraídos na serra aos arredores da Baía. A retirada ocorreu entre os meses de maio e agosto deste ano.
A área da qual foi feita a retirada ilegal de madeira está sob a posse do produtor Antônio Soares. Ele possui terras tanto em Santo Antônio do Leverger quanto em Barão de Melgaço.
Em seu depoimento, Soares afirmou ser “comum a retirada de madeiras no local”, mas não detalhou sua relação com Antenor, a quem disse conhecer “apenas de vista”. O produtor também negou ter conhecimento sobre o uso de motosserras para extração de madeira em sua propriedade.
A área em que a cerca começou a ser erguida é de uso coletivo de pequenos criadores de gado da região e de cidades vizinhas.
A denúncia foi realizada no dia 30 de maio de 2023, pela Cooperativa dos Criadores de Gado Pantaneiro do Médio Pantanal, quando membros da associação teriam visto “árvores cortadas transformadas em mourões”.
A partir da investigação, Antenor Figueiredo foi autuado por prática de crimes ambientais, e será intimado para prestar esclarecimentos.
Não é a primeira
Essa não é a primeira tentativa de erguer uma cerca na Baía de Chacororé. No ano de 2021 a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), a Dema e a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) constataram uma tentativa de se erguer uma cerca elétrica na região.
A cerca tinha aproximadamente 3 quilômetros de extensão e representava um risco por ter sido construída em uma planície alagável. Dentre os riscos estavam a morte por descargas elétricas e acidentes do gênero, além do deslocamento natural da fauna silvestre da região.
Nos arredores Baía há uma tradição de criação de bovinos de pelo menos 150 anos. No local o gado pode se hidratar e alimentar da vegetação natural que cresce no leito seco da baía, sem nenhum tipo de prejuízo ao ecossistema do Pantanal.
Fonte: www.midianews.com.br