O governo da Rússia rejeitou nesta sexta-feira (25/08) insinuações do Ocidente de que o Kremlin teria dado uma ordem para matar o chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.
O porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov, diz que há “muita especulação” sobre a “morte trágica” das pessoas no jato particular que caiu perto de Moscou, na última quarta-feira.
Segundo ele, dizer que a Rússia está por trás da queda do avião é uma “mentira completa”.
“Não temos muitos fatos (sobre a queda do avião) neste momento, os fatos precisam de ser esclarecidos durante a investigação oficial que está sendo realizada neste momento”, afirmou Peskov durante uma coletiva de imprensa nesta sexta.
Na quinta, Putin expressou suas condolências às famílias das pessoas mortas no incidente e prestou homenagem a Prigozhin
O líder russo não confirmou, no entanto, que o chefe do grupo mercenário tenha sido oficialmente identificado como um dos mortos.
As reações do governo russo ocorrem após líderes ocidentais sugerirem que o governo russo pudesse estar por trás da queda do avião.
O presidente dos EUA, Joe Biden, por exemplo, disse que “não ficou surpreso” com a morte de Prigozhin, e que “não há muita coisa que ocorra na Rússia em que Putin não esteja envolvido”
As falas dele foram publicadas pela agência de notícias estatal Belta.
Lukashenko ajudou a mediar o acordo que pôs fim ao breve motim do grupo Wagner em junho.
Um funcionário do governo dos EUA disse anonimamente à CBS, emissora parceira da BBC nos EUA, que uma explosão foi a causa provável da queda da aeronave.
Prigozhin e o grupo Wagner
Yevgeny Prigozhin passou a última década construindo um grupo paramilitar que não só protagonizou alguns dos combates mais sangrentos da guerra da Ucrânia, como se envolveu em conflitos e operações comerciais pelo mundo, em regiões onde o governo russo tem interesses políticos e estratégicos.
Relatos da atuação do grupo ganharam destaque quando os russos invadiram o leste da Ucrânia em 2014 e anexaram a Crimeia, um área-chave que dá aos russos acesso ao Mar Negro. E a atuação dos mercenários, nunca confirmada pelo governo até recentemente, se espalhou pelo mundo.
Na Síria, por exemplo, o Wagner lutou na guerra civil ao lado do Exército de Bashar al-Assad, um aliado de Moscou. Também protegeu campos de petróleo em troca de parte do dinheiro da exploração.
Esse mesmo modo de atuação avançou para países da África como Mali, Líbia, Sudão e República Centro-Africana.
O Wagner não só oferece homens para combate como faz treinamento de tropas, serviços de segurança privada e participa em lucrativas operações em minas de ouro e diamantes, poços de petróleo e extração de madeira, por exemplo.
Ao mesmo tempo, o grupo é acusado de agir criminalmente, com execuções sumárias, sequestros e tortura. Tudo sem envolver diretamente as autoridades russas.
Observadores entendiam isso como uma tática – que pode ser traduzida como negativa plausível – que permitia à Rússia oficialmente negar participação em conflitos muitas vezes controversos.
A guerra na Ucrânia deu um protagonismo enorme para o Wagner e para Prigozhin.
A Rússia esperava uma vitória fácil e precisou de todo o apoio para continuar com o que o país chama de “operação militar especial”.
Fonte: bbc.com